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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Laise conta sobre a perda de seu Pai, José Antônio Morteira Pereira, um dos grandes nomes de Itaocara e região

Perdi meu pai no último dia 2, e desde então vivo um turbilhão de sentimentos que não cabem em palavras. José Antônio Morteira Pereira, meu pai, um homem de personalidade forte e de um coração capaz de amar intensamente, partiu deixando um legado de amor, histórias e saudades.

Médico veterinário apaixonado por sua profissão, ele não apenas cuidava de animais, mas também nos ensinava, com seu exemplo, a respeitar e valorizar a vida em todas as suas formas.

Meu pai nasceu filho único, algo que moldou sua personalidade desde cedo. Perdeu a mãe ainda jovem, aos 16 anos, o que deve ter sido uma dor imensa e uma lição precoce sobre resiliência. Talvez por isso ele tenha sido um homem de presença forte e marcante, que sempre fez questão de proteger e cuidar dos que estavam ao seu redor.

Graduado pela Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF) em dezembro de 1976, construiu uma carreira admirável. Dedicou décadas como servidor da Defesa Sanitária Estadual em Itaocara/RJ, contribuindo de forma essencial para a saúde animal e pública da região.

Residia em Santo Antônio de Pádua, onde conquistou o respeito e a admiração de todos por sua ética, dedicação e compromisso com a Medicina Veterinária.

Quando eu era criança, éramos parceiros inseparáveis. Foi ele que me ensinou a andar de bicicleta, a dirigir (com algumas aventuras que colocaram a gente em apuros), a montar a cavalo e a vacinar gado.

Cada momento com ele era uma lição sobre coragem, curiosidade e amor pela vida. Tinha uma personalidade difícil, é verdade. Muitas vezes divergimos, brigamos, mas o amor entre nós sempre foi maior. Ele me chamava de “branca”, e era assim que ele demonstrava que, por mais diferentes que fôssemos, nosso vínculo era único e inquebrável.

Uma paixão que ele me passou e que carregarei para sempre foi o amor pelo Flamengo. Desde pequena, era ele quem me fazia vestir o manto rubro-negro com orgulho. Todo jogo era um momento nosso, mesmo quando distantes. Sempre mandava uma mensagem ou ligava pra ele para comentar as partidas. Quando ia ao Maracanã, mandava fotos do estádio, e sabia que ele estava lá, do outro lado, vibrando comigo. O Flamengo era mais do que futebol para nós; era uma forma de estarmos conectados, mesmo nos dias em que a rotina nos afastava.

Depois da separação dos meus pais, meu pai foi morar na chácara da nossa família, em Baltazar. Aquela casa se tornou um ponto de encontro para nós, cheia de momentos felizes. Foi lá que meu irmão mais novo, José Antônio Filho, nasceu e onde vivemos tantas memórias que hoje aquecem meu coração: os churrascos, as brincadeiras, as frutas colhidas no pé. Cada canto daquele lugar conta uma história que reflete a essência do meu pai — simples, generosa e cheia de vida.

Meu pai também dedicou muitos anos à Maçonaria, algo que ele desempenhou com imenso orgulho. Chegou a ser Venerável Mestre na loja de Santo Antônio de Pádua, um título que carregava com responsabilidade e compromisso. 

Assim era ele: entregava-se por inteiro às causas que abraçava, sempre com princípios e ética que nunca abandonou. Mas, acima de tudo, meu pai foi um homem que viveu para a família. Ele amava profundamente a mim, aos meus irmãos Lenise e José Antônio Filho, e aos seus cinco netos: Brenner, Maria Luiza, Carolina, Bento e Benício. Cada um deles ocupava um lugar especial no coração dele, e ele sempre demonstrava isso com orgulho e carinho.

Minha irmã Lenise, como fisioterapeuta, foi essencial nos últimos meses de vida dele. Ela cuidou dele não só como filha, mas como uma profissional dedicada, estando ao lado dele em cada etapa. Já meu marido, Augusto, era como um filho para ele. Meu pai tinha uma relação de grande afeto e respeito com ele, que se estendia a Joseph, marido da minha irmã. Os dois sempre foram tratados por ele como parte da família, com o mesmo amor e cuidado que dedicava a nós.

E a Cris, sua esposa nos últimos 20 anos, foi sua companheira incansável. Eles viveram uma relação de respeito, cumplicidade e amor que foi um exemplo para todos nós. Durante os dias difíceis da doença, Cris esteve ao lado dele em cada momento, enfrentando o sofrimento com uma força e um carinho que eu nunca vou esquecer.

Meu pai partiu aos 72 anos, após lutar contra o câncer com a coragem que sempre teve. Sua ausência dói como nunca imaginei, mas ele nos deixou um amor que continua iluminando nossas vidas. Ele foi um homem que marcou cada lugar por onde passou, e as memórias dele permanecerão vivas em mim, nos meus irmãos, nos netos e em todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Pai, obrigada por tudo. Por ser meu professor, meu parceiro de aventuras, meu companheiro rubro-negro e o exemplo de força e amor que me guia até hoje. Eu nunca vou parar de sentir sua falta, mas prometo carregar você comigo em cada passo, em cada gesto, em cada decisão. Você foi e sempre será o meu maior orgulho e a minha saudade mais bonita.


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