Acabo de ler um
relato comovente sobre a infância de uma pessoa que tem o meu respeito: militar
da reserva, escritor, filho de pai militante político. Uma história de vida que
renderia um bom livro. Perguntado sobre essa possibilidade, ele afirma já ter começado
a escrever por inúmeras vezes, mas sempre é vencido pela forte emoção.
A escritora Valéria Leão em noite de autógrafos |
Acredito que a sabedoria segue seu
destino pelo caminho do meio. Radicalismos, em regra, nos conduzem a erros e
injustiças. Inegavelmente, todos nós carregamos conosco um pouco da história
dos nossos pais, não há como fugir dessa realidade. Afinal, foi com eles que
vivemos os primeiros anos da nossa existência.
Assim como o amigo escritor, nasci em
terras fluminenses. No interior estão fixadas as minhas raízes e mesmo que os
galhos da minha árvore tenham me conduzido à capital, é de lá, da minha Aldeia,
que trago a minha essência.
Trago comigo as alegrias e
desventuras, os erros e os acertos de meus antepassados. Com eles aprendo a
fazer minhas próprias escolhas. Ora pelo exemplo, ora evitando cometer falhas
já conhecidas. Não posso dizer que tenho lembranças dos anos de chumbo, naquele
tempo eu me ocupava apenas em ser criança. Felizmente, acredito que nenhum dos
“lados” bateu em nossa porta.
A leitura dos textos dessa obra literária fazem bem a alma |
Especialmente em anos de eleições
temos que conversar muito sobre as consequências dos regimes radicais. Relembrando
as experiências ruins do passado e analisando criteriosamente seus efeitos,
podemos nos poupar; evitando praticar novos erros no presente, que poderiam
refletir no nosso futuro.
Na impossibilidade real e concreta de
escolhermos nesse momento o caminho do meio, conhecedores que somos da
realidade em que o país se encontra, cabe a nós decidir qual será a melhor
opção dentre as que se apresentam.
Os mais avançados nos anos conhecem os
dois lados dessa história. Os mais jovens devem refletir, pesquisar e analisar
sem emoção (na medida do possível) sobre os riscos futuros de suas escolhas.
Não se trata de direita ou esquerda, os noticiários estão impregnados de
denúncias envolvendo todos os poderes constituídos. Essa é a nossa triste
realidade atual.
“Que Brasil você quer para o futuro?”
Pergunta a emissora de TV insistentemente em seus noticiários diários. O BRASIL
que eu quero para o futuro é um país com educação para as nossas crianças, do
Ensino Fundamental à Universidade, em ambientes seguros e professores recebendo
salários condizentes com sua nobre profissão e sendo respeitados dentro e fora
das salas de aula por alunos e seus pais.
A Itaocarense Valéria Leão |
Minha esperança é que sempre que
estivermos diante de uma cabine de votação exercendo nosso direito/dever de
cidadãos, que tenhamos sabedoria e inteligência emocional de sobra para
decidirmos o que é melhor para todos, porque a depender do resultado das urnas,
em alguns casos, poderemos descobrir que no “fundo do poço” tinha um alçapão.
Nota da autora: esse texto foi
escrito no ano de 2018, no período anterior às últimas eleições presidenciais.
Está publicado, na íntegra, no livro ‘Compartilhando
Sentimentos Para Não Sufocar nas Palavras’ – Editora Autografia, 2019 –
p.79.
0 comentários:
Postar um comentário