A cidade era
pequena.
O sobrado, a casa da madrinha, os
amigos, a escola, a Igreja e o comércio, tudo estava ali, dentro daquelas
"quatro esquinas".
Grande, porém, era o desejo de
conhecer o mundo, além daquela ponte.
Valéria Leão tendo ao fundo o Copacabana Palace |
A segurança dos afetos garantidos, o
chão firme da terra natal, o céu mais bonito do Universo, o conforto de
saber-se amada; o que mais Ela poderia almejar nessa vida?
O futuro era mais ou menos previsível:
o curso de formação de professores, o emprego em algum colégio da cidade, o
casamento com um rapaz de uma boa família da região.
A infância transcorreu dentro das
expectativas. Em um piscar de olhos, a chegada do início da vida adulta foi
tratando de seguir o script previamente imaginado. Contudo, a vida sempre pode
ser surpreendente.
Mãe e irmãos, sempre no coração da nossa colunista |
Sem programação prévia e sem ter novos
projetos ou planos para o futuro, de repente, Ela vê-se obrigada a romper
alguns laços e, com a cara e com a coragem, recomeçar e seguir, vivendo a sua
história em uma outra cidade.
O recomeço na capital do estado, com
todos os seus desafios inimagináveis, não foi nada fácil. Com muita
determinação, Ela persistiu dia após dia. Foram muitas as noites de choro
abafado no travesseiro; muitas foram as situações em que os obstáculos pareciam
intransponíveis.
Sozinha e vivendo uma outra realidade,
com as preocupações e ocupações que acompanham todos os recomeços, Ela viveu um
dia de cada vez. Assim, passaram-se os meses e os anos. O medo, a solidão e as
incertezas do início foram sendo superados lentamente. Cada um a seu tempo.
Valéria Leão: muita resiliência para conquistar a felicidade sonhada |
Algumas dificuldades e decepções
tiveram um peso maior que outras. Contudo, superar essas experiências
desagradáveis, serviu para fortalecer o espírito e prepará-la para as muitas
batalhas que ainda estavam por vir.
Da vida pacata no interior à agitação
da cidade grande, um mundo de novidades e possibilidades se abriu para a eterna
menina que sonhava conhecer o mundo.
Quantas outras iguais a Ela não
viveram situações parecidas? Quantas "Elas", por alguma desventura
não desistiram no meio do caminho? Quantas persistiram e venceram?
Às vezes, em momentos em que a saudade
aperta, Ela se questiona se terá valido a pena ter atravessado a velha ponte e
encarrado uma mudança tão radical. Às vezes...
Toda escolha traz consigo uma
renúncia. Essa é uma verdade da qual não há como fugir.
OBSERVAÇÃO: TODAS AS FOTOS SÃO ANTERIORES A PANDEMIA.
OBSERVAÇÃO: TODAS AS FOTOS SÃO ANTERIORES A PANDEMIA.
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