Como
as relações econômicas criadas pelos seres humanos são as que definem a
maneira como as pessoas se relacionam no mundo (isso não sou eu quem fala é
pensamento de Karl Marx), ao longo do tempo mulheres foram forçadas a
construírem relações por sobrevivência e não por opção, seja pela questão
econômica, familiar ou religiosa... É um fato que a liberdade e a felicidade
das mulheres custaram e ainda custam muito caro para a gente. Além disso, o
“padrão mulher de sucesso” fabricado pelo mercado adoecem muitas de nós.
Ao centro, Alexsandra, com a irmã Jhulian e a mãe Lucíola
Não sou estudiosa sobre este assunto, mas é evidente que o direito de estudar e de se qualificar para a disputa ao mercado de trabalho (porque, infelizmente, é uma disputa) foram negados à maioria das mulheres ao longo da história, principalmente às mulheres negras, deficientes, trans e da classe trabalhadora. Isso trouxe para nossa sociedade inúmeros prejuízos. Um desses é o fato de muitas meninas, por exemplo, buscarem no casamento um mínimo de dignidade financeira. E desta forma, contribuírem, mesmo que de forma não intencional, com o poder de fala e decisão dos homens sobre as mesmas.
Paralelo a dor das mulheres, financeiramente, dependentes está a dor das mulheres independentes. A mulher independente sabe o preço a pagar pela independência financeira, seja por ter que deixar os filhos em segundo plano ou por “decidir” não ter filhos para focar na carreira profissional, por exemplo. O sofrimento é legítimo nas diferentes formas e o preço para a liberdade é caro em ambas as situações.
Alexsandra com o marido, o Vereador Jaderson Aleixo
Ser mulher em uma sociedade capitalista, entre outras coisas, é algo exaustivo para não dizer pior! É colocado para a gente o fato de ter que dar conta dos filhos, da família, da beleza, do trabalho, do estudo e às vezes da saúde e da vida espiritual, sempre! Sempre!
É tanta a cobrança que não basta sermos boas por essência, a gente tem que parecer boa a todo o momento. As “mulheres lindas do instagram” são uma síntese do que eu estou tentando colocar aqui. Os corpos na vida real são distintos: gordos, magros, de diferentes tamanhos e cores... Mas o belo é colocado, principalmente, como o corpo sarado e sem imperfeições. Não é mesmo?!
Além disso, a sociedade capitalista fabrica a mentalidade de que a mulher tem o dever de amar e cuidar de toda a família antes dela mesma, e que o cuidado com o corpo e com a beleza é essencial. Porém, a vida ditada pelo mercado é quase impossível de ser construída pelas mulheres que não nasceram na situação de privilégio econômico.
Então o fracasso é o rótulo para as mulheres que não atingem essas expectativas. Daí a gente percebe grandes quantitativos de mulheres sobrecarregadas, exaustas e infelizes em sua trajetória de vida (Peço às psicólogas leitoras, com gentileza, que me corrijam se eu estiver equivocada). Os desencadeamentos dos surtos, depressões, ansiedades e outros problemas são cada vez mais evidentes, principalmente, na vida das mulheres pertencentes às minorias já citadas. O padrão “mulher de sucesso” vivida por uma parcela seleta de mulheres destrói todos os dias a grande maioria de nós.
A Professora Alexsandra com os pais e a irmã
Essas questões políticas precisam ser discutidas neste mês onde se comemora o dia da mulher, assim como em todos os outros meses do ano. É importante que conversemos sobre isso!
Termino, desejando a todas as mulheres o amor próprio e sem culpa, a possibilidade de investirem em si mesmas e crescerem como pessoa, como profissional e como mulheres livres. Desejo a todas as mulheres o direito de amar seu companheiro ou sua companheira de modo pleno. Desejo um amar de modo que seja e faça a outra pessoa feliz, independentemente das questões econômicas e sociais. Desejo às mulheres condições que às possibilitem construírem relações por opção e não por necessidade. Desejo liberdade sempre, sempre... Feliz dia das mulheres!
Abraços fraternos, Alexsandra Arruda.
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