Breves palavras:
São tantas as preocupações ocupando os nossos
dias. Histórias tristes de despedidas passaram a fazer parte da nossa rotina.
Estamos todos cansados, alguns mais deprimidos, nesses tempos de solidão
forçada.
Eu sei que a vida virou de ponta à cabeça, por
isso mesmo, hoje eu escolhi compartilhar com vocês uma história de amor. De um
amor de raça. Para aliviar um pouco os nossos corações e trazer alguma leveza
para a alma.
Texto da escritora Valéria Leão, para tornar melhor nosso domingo |
Espero que apreciem. Sintam-se abraçados.
GAÚCHO E ROSA - UMA HISTÓRIA DE AMOR
Na década de
setenta, em uma fazenda de um estado do nordeste do país, filho de pai gaúcho
dos pampas e mãe nordestina, crescia um menino que adorava dançar.
Nas festas da escola e nas quermesses
da paróquia, ele era sempre presença aguardada. À medida que crescia, de
apresentação em apresentação, sua fama foi crescendo com ele e se espalhando
por toda a região.
Acompanhando o Homem Aranha |
Fama essa que acabou chegando aos
ouvidos dos produtores de uma banda que seria lançada em breve no mercado
fonográfico.
Certos de que valeria a pena conhecer
esse menino e, quem sabe, convidá-lo a fazer parte do grupo de dançarinos, que
se apresentaria nos shows, os produtores daquela nova banda foram até a fazenda
onde o talentoso adolescente residia com sua família.
Encantados com a dança e o carisma do
jovem adolescente, pediram consentimento aos seus pais para que ele fizesse
parte da trupe. Todos teriam à ganhar com essa contratação.
O pai, gaúcho dos pampas, não teve
dúvidas: "filho meu é macho, não vai ficar rebolando em cima de um
palco". E, assim, terminava o sonho de um menino.
O jovem rapaz, filho obediente,
aceitou a decisão de seu pai e, sem mágoas, seguiu com aquela vida de peão, nas
terras da fazenda.
A obra Compartilhando Sentimentos Para Não Sufocar as Palavras |
Naquela realidade rural, entre a lida
diária e as festas escolares e paroquiais, a vida foi tomando seu rumo.
Nesse ir e vir constante de sonhos,
emoções e desejos que entrelaçam vidas e destinos, o jovem peão e a filha do
fazendeiro se conheceram em uma festa da escola.
Paixão à primeira vista e um mundo de desigualdade
social a superar. Que futuro ele poderia oferecer àquela bela moça que fez
ferver os seus sentimentos? Ela o aceitaria?
Como já era crescido o bastante para
tomar suas próprias decisões, deixando de lado qualquer receio de ser
rejeitado, o filho do peão declarou o seu amor para a filha do patrão.
Se a carreira no meio artístico tinha
morrido no nascedouro, aquele amor viria para preencher a vida daquele bom
menino de alegria e, vencendo as diferenças, o jovem casal trocou as alianças
algum tempo após o primeiro encontro.
Da longínqua década de setenta aos
nossos dias, quantas histórias de amor e superação...
A família cresceu e mudou-se para a
capital de um estado do Sudeste e, é nessa nova cidade que, o agora jovem
senhor, nas noites de sexta-feira, por alegria e diversão, acompanhado por sua
amada, preenche o salão de uma churrascaria com sua dança e o seu sorriso
largo, encantando a todos com seu jeito carismático de ser.
Os Piratas Luiz e Valéria Leão |
A prova cabal que aquele menino não
guarda nenhuma mágoa em relação à decisão de seu pai, está no fato dele se
apresentar, orgulhosamente, com a sua indumentária de gaúcho e contar essa
história sempre com um sorriso nos lábios e muita emoção.
E a Banda? Aquela?
Fez muito sucesso nas regiões Norte e
Nordeste. Ficou conhecida em todo o país e em terras de além mar.
Até que uma, suposta, traição amorosa
e o divórcio ruidoso dos músicos colocou um ponto final nas apresentações.
Mas, isso já é uma outra história.
NOTA DA AUTORA: Esse texto foi escrito
no período anterior à pandemia. Essa, e outras histórias deliciosas, farão
parte do novo livro que será lançado em breve.
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