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terça-feira, 13 de novembro de 2018

LEIA NOVAMENTE: Professora Claudete Pontes, Fundadora do Colégio SEI e ex-aluna do Colégio Itaocara

A Professora Claudete Pontes, ex-aluna do famoso Colégio Itaocara e fundadora do Colégio SEI, fala o que une esses dois importantes educandários, separados pelo tempo, mas unidos pela excelência do ensino e a formação de grandes cidadãos.

Professora Claudete com suas amigas e sócias no Colégio SEI, Professora Sonia Santos e Professora Valéria Tardivo

Nova Voz ONLINE – Quando começou a estudar no Colégio Itaocara?

Professora Claudete - Comecei no primeiro ano ginasial em 1957. Morava em Aperibé e vinha todos os dias, assim como outros meninos e meninas, em uma camionete adaptada, com bancos na traseira, para transportar os alunos. Enfrentamos poeira, chuva, vento e muita trepidação, pois a estrada entre Aperibé e Itaocara não era asfaltada.

Nova Voz ONLINE – Que lembranças têm da sua turma? Quais colegas marcaram seu tempo no Colégio Itaocara?

Professora Claudete - Até o quarto ano ginasial, que equivale hoje ao nono ano do Ensino Fundamental, a turma era parcialmente dividida entre meninos e meninas. Os alunos que desejassem cursar o Normal tinham que se submeter a uma prova de capacitação e, se aprovados, cursariam o Normal. Caso contrário, teriam que esperar o próximo ano, ou fazer o curso de Contabilidade no Colégio Itaocara, ou ainda o Científico, em Pádua ou Nova Friburgo.

Nova Voz ONLINE – Bem diferente de hoje em dia.

Professora Claudete – Muito. Nesta primeira etapa, destaco amizades como: Antônio José Cardoso, Tânia Waghabi, Hélio Rui Lopes e Delcio Sarruf, entre outros. Na segunda etapa, no Curso Normal, éramos 24 moças e 03 rapazes. Os amigos mais próximos eram: Sílvia Rodrigues, Nédir Antônio, Maria Luci, Aliete, Lígia Dias, Maria José Nacif, Luiza Helena Braz e os rapazes, Jelbes Malafaia, Moisés Porfírio e Walter Curty. Nas duas etapas, as turmas eram muito boas, excelentes amigos e alunos estudiosos, que hoje se destacam no cenário cultural do Brasil.

Nova Voz ONLINE – Todos sabem que existia muita disciplina no Colégio Itaocara. Pode falar de algumas das principais normas, que os alunos conviviam no dia a dia?

Professora Claudete - O Diretor do Colégio, professor Nildo Nara (apesar de advogado, creio que o título de professor era mais gratificante para ele) era muito exigente quanto à disciplina no Colégio e no comportamento na sociedade. O uniforme era impecável. As pregas das saias das meninas deveriam ter as mesmas medidas. A divisa que indicava a série, também. O sapato tanque, muito pesado, fazia parte do uniforme.


A professora Claudete Pontes fala um pouco sobre o Professor Nildo Nara, que dirigiu o histórico Colégio Itaocara, responsável pela formação de gerações de grandes brasileiros
Nova Voz ONLINE – O mesmo no curso Normal?

Professora Claudete – Já no curso normal, havia estrelinha para indicar a série, boina e um sapato mais leve. Maquiagem e penteados considerados extravagantes, nem pensar. Tinha o uniforme de verão e de inverno: casaco azul marinho para as moças e bege para os rapazes. Só podíamos começar a usar os casacos quando seu Nildo desse permissão. E quando terminava o inverno, só podíamos dispensar os casacos quando fosse permitido.

Nova Voz ONLINE – Esse rigor era bem vindo?

Professora Claudete – Estava de acordo com os costumes da época. Esse rigor contribuiu para formar cidadãos responsáveis e conscientes de seus deveres. Os alunos acatavam sem discutir, embora contrariados, pois os pais apoiavam os métodos educacionais usados por seu Nildo. Quem aliviava muitas decisões do Diretor, era sua saudosa companheira, Dona Sydalva, muito amiga de todos nós.

Nova Voz ONLINE – Em relação aos professores, quais ficaram eternizados nos corações dos alunos?

Professora Claudete - Em toda turma, sempre existe um professor que se eterniza. No meu caso, além do professor Nildo Nara, que ministrava Português e Matemática, lembro-me com saudades das aulas de História e Geografia, do professor Gamaliel Pinheiro, das professoras Marlene Falante, Marli Rocha, Neiva Ferraz e Dilma Rocha. Mas quem despertou em mim o desejo de ser professora e ser igual a ela, foi a professora de Didática, Maria Inês Maiato. Sua postura, competência e facilidade em transmitir seus conhecimentos, se tornaram o meu modelo.

Nova Voz ONLINE – O Colégio Itaocara promovia eventos sociais durante o ano? Pode nos falar deles?

Professora Claudete - Além dos eventos comuns aos calendários escolares, como Páscoa, comemoração do dia das Mães, festa Junina, rainha da Primavera, o Colégio Itaocara realizava Exposição de Artes, com apresentação dos trabalhos manuais confeccionados pelos alunos durante o ano, competições esportivas, com delegações de alunos oriundos de outros municípios, eventos organizados pelo Grêmio Lítero Teatral do Ginásio Itaocara e finalizava com a glamorosa Festa de Formatura, com missa, culto, colação de grau e o baile em noite de gala no clube União.

Nova Voz ONLINE – A participação nos desfiles cívicos e escolares era um ponto marcante para toda cidade. Conte-nos um pouco.

Professora Claudete - Os desfiles escolares se dividiam entre cívicos e alegóricos. No dia 7 de setembro, era o desfile cívico. Todos os alunos com uniformes brancos, tênis e meias brancas, perfilados, obedecendo à voz de comando: “direita, esquerda, descansar”. Ninguém podia conversar ou olhar para os lados. A bateria, comandada pelo saudoso Odeci França, marcava o compasso a que todos seguíamos. Depois de desfilar em Itaocara, desfilávamos também no Engenho Central. Participávamos da Festa Local, não me lembro à data. Seguíamos em caminhões equipados com bancos na carroceria e novamente com o uniforme branco encantava os presentes através do garbo e seriedade demonstrados durante as apresentações. No dia 28 de outubro, dia do Município, era o momento do desfile alegórico. Dona Sydalva, como sempre, ajudava a definir, organizar e apresentar o tema proposto. Era tudo muito lindo.

Nova Voz ONLINE – E o professor Nildo Nara? Quais características mais marcaram, na visão da senhora, uma geração de itaocarenses?

Professora Claudete – O professor Nildo Nara foi um grande homem. Detentor de invejável inteligência, muita intuição e grande capacidade em tudo que fazia. Foi meu mestre, meu amigo, que marcou uma geração de itaocarenses por sua conduta impecável, seu exemplo de vida, seriedade e competência ao dirigir um Colégio que foi modelo na região. Ao lado de sua esposa, recebeu alunos de vários municípios vizinhos, sob os regimes externo e interno, oferecendo hospedagem e alimentação. Itaocara deve muito a este cidadão que contribuiu para seu progresso e desenvolvimento.

O Colégio SEI

Nova Voz ONLINE – Anos depois, a senhora e um grupo de professores, fundam o Colégio SEI. Há alguma coisa da alma do Colégio Itaocara no SEI?

Professora Claudete – Com certeza, existe muito do Colégio Itaocara no Colégio SEI. A disciplina que os alunos, às vezes consideram rígida, a abordagem de conteúdos que irão prepará-los para enfrentar vestibulares e concorrentes no mercado, o calendário escolar seguido na íntegra, a seleção de profissionais habilitados e competentes, enfim, muitos dos conhecimentos e exemplos adquiridos no Colégio Itaocara, fazem parte da conduta educacional do Colégio SEI.

Nova Voz ONLINE – O lema do SEI é “Educar para além das margens, além dos muros”. Está no ideal deste colégio, além de ensinar o conhecimento curricular, formar jovens que venham a ser bons cidadãos no futuro. Neste aspecto, podemos dizer que existe também um paralelo com o Colégio Itaocara?

Professora Claudete - Educar para além das margens, para além dos muros, significa educar para a liberdade, para a responsabilidade, agregando valores que não são adquiridos somente com tarefas e exercícios escritos, mas sim com vivências. A verdadeira educação é aquela que se faz com desenvolvimento intelectual e prepara para a cidadania. Essa era a meta do Colégio Itaocara e é a meta do Colégio SEI.

O Colégio SEI se destaca entre os colégios de toda a região
Nova Voz ONLINE – É claro que a educação mudou totalmente. Não é possível mais aplicar aquele tipo de disciplina, dos tempos do Colégio Itaocara. Então, como o SEI busca chamar a atenção dos alunos, para suas responsabilidades?

Professora Claudete - A disciplina aplicada no Colégio Itaocara era muito rígida, mas seu Nildo tinha o respaldo, a aprovação dos pais ou responsáveis. Hoje tudo mudou. Tanto a direção, quanto os professores na sala de aula, precisam ter cuidados ao tomarem decisões quanto às atitudes inadequadas de alguns alunos. Antes, o diretor ou professor agia e punia o aluno, para depois comunicar aos pais, que davam total apoio. Hoje, os responsáveis pela educação das crianças e jovens, primeiro comunicam aos pais, atitudes que não correspondam com os princípios do Colégio. Se houver reincidência, providências mais sérias serão tomadas. É assim que conseguimos conduzir nossos alunos para a responsabilidade. Nossas crianças e jovens são ótimos. E os pais parceiros, nesta época difícil de educar, na caminhada rumo ao futuro de seus filhos.

Nova Voz ONLINE – Os resultados de aprovação nos mais difíceis vestibulares do Brasil é um sinal que o SEI está no caminho correto?

Professora Claudete – O trabalho educacional do SEI é permanente. A preparação para vestibulares e concursos, não se faz nos últimos anos de escolaridade. Pelo contrário, é um trabalho de continuidade. Os resultados dos nossos alunos demonstram que estamos no caminho certo. Preparamos nossos alunos desde as séries iniciais da Educação Infantil e Fundamental. Assim, quando chegam às Universidades, os alunos do SEI se destacam. Usam toda motivação e conhecimentos recebidos no Colégio SEI para garantir o sucesso na profissão escolhida.

Nova Voz ONLINE – O aprendizado é para vida toda, não se encerra quando forma e vão para universidade, é o que a senhora está dizendo?

Professora Claudete – Até hoje, muito da minha vida, é fruto das lições que aprendi no Colégio Itaocara. Da mesma forma, quem estuda no SEI, leva para vida todos os princípios que ensinamos. Formar para além das margens, além dos muros, é não só dar base para o surgimento de profissionais com grau de excelência. É formar cidadãos. Ajudar que sejam felizes. O sucesso é a própria felicidade dos alunos, que nos deixam confiantes que cumprimos nosso dever de educar para além das margens, além dos muros.

Nova Voz ONLINE – Falando sobre educação, o que diria aos leitores, para concluir esse bate papo?

Professora Claudete – Apesar de ser uma pequena cidade do interior de Estado, Itaocara sempre se destacou no cenário cultural do nosso País, haja vista que grandes e renomados profissionais saíram desta Terra. Os desafios enfrentados pelo Colégio Itaocara continuam no Colégio SEI: qualificar a educação no Brasil. Para tanto, eu e minhas sócias, Diretoras Sônia Santos e Valéria Tardivo, junto a toda equipe pedagógica, procuramos estimular e melhorar a capacidade dos alunos de captarem o conhecimento necessário, para o desenvolvimento de grandes seres humanos, que se tornem grandes profissionais. Esperamos que os alunos sejam capazes de refletir sobre os problemas e as possibilidades que enfrentarão no futuro, observando, pensando, discutindo e agindo. Só assim se tornarão vencedores, quer na difícil competição do mercado de trabalho, quer como cidadãos participativos nas soluções dos grandes problemas da sociedade. Que Deus possa abençoar a todos.



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2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Lendo a matéria, relembrei da inauguração em 1995, onde também eram sócias Patrícia Cosendey e Vânia de Castro Sarruf. Excelentes professoras e que também doaram parte de seus saberes e vidas em prol deste conceituado educandário. Luíz Cláudio - Editor da Folha Aperibeense e Jornal da Região

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