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terça-feira, 5 de outubro de 2021

A história de um Itaocarense conhecido por Alemão, que com honra e trabalho, transformou-se num Gigante

No transcurso da vida nós temos o privilégio de encontrar pessoas extraordinárias. Abaixo a história de alguém de origem humilde, criado num lar repleto de amor e valores como respeito ao próximo. Uma criança que virou um jovem, que se transformou num adulto, que se casou, teve filhos e hoje é UM GIGANTE ITAOCARENSE, conhecido por nós como ALEMÃO: O Suboficial da Polícia Militar, José Luiz Moraes.

O Suboficial da Polícia Militar, José Luiz Moraes

Nova Voz ONLINE - Quais lembranças têm da Itaocara de sua infância e adolescência?

José Luiz Moraes - As lembranças são muitas. Mas as que guardo com carinho na memória são a chegada de um Circo onde para poder assistir aos espetáculos, sem pagar, nós tínhamos que acompanhar o palhaço pelas ruas. No final alguém do circo marcava com uma caneta, um x no braço de cada criança e a noite bastava apresentar o braço marcado para entrar no Circo.

Nova Voz ONLINE – Que interessante. E o que mais?

José Luiz Moraes - O que também era muito disputado pelas crianças, era ser o escolhido para levar e buscar os cartazes dos filmes da semana, que ficavam expostos nas "quatro esquinas". Em troca você podia entrar no cinema e assistir os famosos filmes de Kung Fu e Faroeste. As memoráveis "peladas" jogadas todas as tardes na beira rio. Os banhos de rio escondido dos pais, os treinos no Campo de futebol, que eram dados pelo Sr. Ítalo, a quem aproveito a oportunidade para render as minhas homenagens, pelo grande trabalho social que realizou com várias gerações. Só para satisfazer a curiosidade de muitos, foi nas peladas que acabei ganhando o apelido de "Alemão", que ficou até os dias de hoje.

Alemão na primeira série primária, atual Ensino Fundamental

Nova Voz ONLINE - Como era a vida em família?

José Luiz Moraes - A vida em família era muito boa; nessa época morávamos, eu, minha irmã (Eliana) e meus pais, em uma casa de dois cômodos no bairro Caxias, e apesar da pobreza e das dificuldades, pois nós não tínhamos praticamente nada dentro de casa, éramos felizes.

Nova Voz ONLINE – O clima familiar era muito agradável então?

José Luiz Moraes - Minha mãe (Eldina), sempre envolvida nos trabalhos de casa, e meu padrasto (Zady Souza), que me adotou como filho, quando Eu tinha 4 anos de idade, e foi  para mim o melhor Pai do mundo. É a minha referência de Pai. Nessa época meu Pai já trabalhava na rodoviária, onde tinha uma cadeira de engraxar sapatos.

Ao lado do exemplo da vida, o pai Zady Souza

Nova Voz ONLINE – E quando entrou na adolescência?

José Luiz Moraes - Com 13 anos, além de estudar, trabalhava para ajudar nas despesas da casa, vendendo picolé e engraxando sapatos. Aos 15 anos fui trabalhar de servente de pedreiro. Depois passei pela Guarda Mirim, trabalhei em farmácia, trabalhei na Ita Distribuidora de Remédios, e aos 24 anos entrei para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

Nova Voz ONLINE - E da escola? Quais lembranças têm de seus tempos de escola?

José Luiz Moraes - Minha primeira escola foi no Colégio Estadual Jaime Queiroz de Souza, em Portela. Depois, aos 06 anos de idade, nos mudamos para Itaocara, onde fui estudar no Colégio Estadual Frei Tomás. E o fato curioso disso é que tanto em Portela como em Itaocara, Eu sempre fui levado para o colégio pelas vizinhas.

Nova Voz ONLINE – Qual o porquê dessa curiosidade?

José Luiz Moraes - A minha mãe até então morava na roça, mal sabia assinar o nome, e naquele tempo não tinha a menor ideia do quanto à escola era importante. E assim comecei a estudar, gostava daquele ambiente, da atenção e carinho dos professores.

Nova Voz ONLINE – Alguém que gostaria de citar?

A mãe Eldina, exemplo de amor e carinho

José Luiz Moraes - Eu guardo uma lembrança muito boa dos meus professores do tempo de criança. Lembro-me da dona Analice Monteiro, Sônia Martins, Oswaldina Curty, Noemia Teixeira e tantas outras que deixaram saudades. Não tenho como esquecer também do Sebastião Teixeira, com as temidas aulas de matemática e da dona Mariana Curty, que era a responsável por tomar conta das crianças no horário de recreio. Como demos trabalho a dona Mariana!

Nova Voz ONLINE - E no Ensino Médio?

José Luiz Moraes - Já na fase de adolescência para adulta, vim estudar a noite no Colégio Cenecista João Brazil, pra poder trabalhar o dia todo. Onde também tive contato com professores dos quais me tornei amigo e tenho um carinho e gratidão por todos.

Nova Voz ONLINE - Como surgiu a Polícia Militar em sua vida?

José Luiz Moraes - Eu sempre acreditei que a minha chance de conseguir alguma coisa na vida, era através dos estudos. E assim que terminei o antigo 2º Grau, comecei a estudar para fazer concurso público. Eu entrei para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, aos 24 anos, como soldado, para ser mais preciso, no dia 23 de maio de 1988. Em 1992 fui promovido a Sargento e finalmente em 2008 a Subtenente, graduação que permaneci na ativa até me reformar. Eu dou muito valor a Polícia. Foi através dela e com meu trabalho, que conseguir estruturar a minha vida, conseguir ajudar meus pais, comprei a minha casa, comprei um carro e fiz muitos amigos.

Nova Voz ONLINE - O que aprendeu na Polícia, que são ensinamentos que servem para todos nós?

José Luiz Moraes - Eu aprendi a trabalhar em equipe e a confiar no meu colega de trabalho. A hierarquia e a disciplina, base de toda Organização Militar, te condiciona a cumprir regras. A polícia me ensinou a agir mais pela razão. Ensinou-me a tomar iniciativa, a comandar equipes, a receber e cumprir ordens. O serviço de um Policial não permite erro. Eu tive um comandante que citava muito a poetisa Cora Coralina, “Tudo que merece ser feito merece ser bem feito”. Com a experiência de vida que Eu tenho hoje, posso te afirmar que um profissional que assimilar esses ensinamentos, se destacará em qualquer empresa que for trabalhar!

Curtindo um momento de lazer com a esposa Maria Ignez

Nova Voz ONLINE - Pode nos contar um pouco de sua história de amor, com sua esposa? Como foi a primeira vez que a viu?

José Luiz Moraes - Eu conheci a minha esposa Maria Ignez na escola, no antigo primário. Estudamos por alguns anos juntos e depois perdemos o contato. Cada um seguiu sua vida. Quis o destino que 20 anos depois, nos encontrássemos e em 10 de maio de 1998, começamos a namorar e nos casamos. Ela já tinha uma filha, a Luynez, que nessa época estava com 11 anos, e assim começamos a nossa família.  Em 10 de maio de 2001, nasceu a Isadora, que está fazendo faculdade, cursando o 6º período de Medicina. E hoje além dos filhos já temos os netos: Carollyne, Davi, Júllia e Sofia.

Nova Voz ONLINE - Como foi ser pai? Pode lembrar e nos contar, o que passou por sua cabeça e seu coração, na primeira vez, que colocou sua filha, no seu colo?

José Luiz Moraes - A paternidade é um momento único na vida. Eu sempre fui muito presente na gravidez da minha esposa, mas nada se compara a primeira vez que segurei a minha filha nos braços. Nesse momento você deixa de ser filho e esposo para assumir também o papel de pai. Além de sentimentos de alegria e emoção, vem à preocupação de cuidar, proteger e dar carinho. Vem à obrigação de adequar o seu estilo de vida às necessidades do filho. Essas preocupações com os filhos não acabam. Elas apenas mudam com o tempo. Ser pai também me fez entender e a dar mais valor aos meus pais.

Alemão com a filha Isadora no colo. Agora ela está cursando a faculdade de Medicina, para felicidade de toda família

Nova Voz ONLINE - E agora que Ela está cursando medicina. Quando pensa em sua infância, das dificuldades que passou e que breve sua filha vai se tornar médica, que sentimento surge no seu coração?

José Luiz Moraes - O primeiro sentimento é de gratidão a Deus por estar nos permitindo esse momento, além é claro de sentir muito orgulho da minha filha pelo esforço, responsabilidade e dedicação que está tendo nessa conquista. Eu sempre acreditei na educação, acho que a melhor herança que podemos deixar para um filho, é conhecimento. E assim com muita luta, administração, sacrifício e trabalho, consegui ao logo dos anos dar a Ela uma boa escola e a me preparar para a tão sonhada faculdade de medicina. Acredito que fiz a coisa certa e me sinto muito recompensado por tudo que passei. Quando alguém me pergunta como estou conseguindo esse feito, Eu digo que fiz igual a Noé, quando comecei a construir a minha Arca ainda não estava chovendo.

Nova Voz ONLINE - Você busca passar para ela, todas essas dificuldades que teve que superar, para conseguir conquistar suas vitórias?

José Luiz Moraes - Eu sempre contei para Ela a minha história de luta, trabalho e honestidade. Sei que não é a melhor e nem a mais triste, mas é uma bonita história de superação. Faço isso para que ela dê valor as coisas e para que não se esqueça de onde veio.

Com a filha Isadora e a cadeira de engraxate do pai

Nova Voz ONLINE – Pode citar um exemplo do que está dizendo?

José Luiz Moraes - Um fato que ilustra muito bem essa pergunta aconteceu no dia dos pais no ano passado. Nós saímos para tirar umas fotos e Eu a levei na rodoviária, onde está a cadeira de engraxate do meu pai; lá tiramos uma bela foto e pedi a Ela que guardasse com muito carinho, porque foi naquela cadeira que tudo começou. Além daqueles conselhos clássicos que todo pai passa para os filhos, tais como: seja uma pessoa honesta, não perca a humildade, trate as pessoas com respeito. Peço a Ela também para que quando estiver formada e trabalhando, nunca deixar ajudar e atender os mais carentes.

Com a família celebrando a vida. Pela ordem: Moraes, Ignez, Isadora, Luynez, Sofia, Carollyne, Davi e Júlia

Nova Voz ONLINE - Itaocara está fazendo 131 anos. Qual presente gostaria de dar para nossa aniversariante?

José Luiz Moraes - Eu sou nascido e criado em Itaocara, nunca consegui ficar longe daqui. Cada rua, cada bairro e praças lembram um pouco da minha história. Aqui tem uma parte de mim enterrada, aqui tenho família, criei a minha filha e tenho irmãos e amigos. Desejo de todo coração que o nosso Município seja administrado pelas autoridades constituídas com toda sabedoria, carinho e respeito. E que cada morador também se conscientize e comece a se perguntar o que pode fazer para o bem da nossa cidade. E parafraseando o poema "Por quem os sinos dobram?" de John Donne, hoje digo que nenhum itaocarense é uma ilha, isolado em si mesmo; nós fazemos parte de um todo. E hoje minha querida Itaocara se alguém me perguntar por quem os sinos dobram, eles dobram por ti! Feliz aniversário, meus parabéns!



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1 comentários:

  1. Parabéns para esse batalhador vitorioso! É de pessoas assim que Itaocara precisa!

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