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sexta-feira, 19 de novembro de 2021

A história da Itaocarense, Abolicionista e Republicana, Ana Catarina de Azevedo – Texto: Dr. Almir Pinto de Azevedo

Um dos grandes conhecedores da história de Itaocara, o escritor, poeta, trovador, professor e advogado, Dr. Almir Pinto de Azevedo presenteou nossos leitores com o elogio que proferiu no ano de 1992, durante sua posse na Cadeira nº 04 da Academia Itaocarense de Letras, cuja Patronímica é Ana Catarina de Azevedo.

O Dr. Almir Pinto de Azevedo é Imortal da Itaocarense de Letras, ocupando a cadeira número 04, cuja Patronímica é justamente a Abolicionista Ana Catarina de Azevedo

ORIGEM DO NOME AZEVEDO

O sobrenome de FAMÍLIA AZEVEDO é de origem portuguesa, derivado a partir do latim AZEVO. AZEVEDO, em Portugal, as primeiras pessoas a receber este nome seriam habitantes da famosa “QUINTA DE AZEVEDO”, devido à vegetação predominante no local de pequenas árvores.

Segundo registros históricos, no Brasil o primeiro a ter este sobrenome teria sido Inácio de Azevedo, um português que chegou ao País por volta do século XVI, repassando para os seus descendentes.

ELOGIO PROFERIDO:

Quem anda pela cidade de Itaocara se depara com o nome de ANA CATARINA DE AZEVEDO em uma placa. Mas quem foi esta mulher homenageada?

Rara imagem de Ana Catarina de Azevedo

Foi uma figura marcante na história de Itaocara que se destacou no movimento abolicionista da escravidão e emancipação do município, tornando-se um dos nomes heroicos, recebendo esta homenagem, que lembra seu nome como combativa na exploração do trabalho escravo, dominado pelo preconceito de cor e raça.

ANA CATARINA se notabilizou por suas virtudes no combate à escravidão da Aristocracia Rural dominante, trazendo para a luta vários itaocarenses em prol da liberdade de muitos escravos vendidos pelo Barão de Nova Friburgo, o maior traficante da nossa região.

Era filha de Joaquim da Silva Campos e sua mãe tinha o sobrenome XAVIER, por ser parente de José da Silva Xavier o “TIRADENDES”, de quem recebeu a influência pela luta em prol da liberdade e independência.

Casou-se com Alexandre Dumas de Azevedo Coutinho, sendo seus filhos: Alexandre, Benedito, Úrsula, Possidônia, Eliazar, Telecila e Elódia.

Segundo relatos do Dr. Gamaliel Borges Pinheiro e seu irmão Dirceu Borges Pinheiro eles pertenciam a família da homenageada.

Capa do BALI - Boletim da Academia de Letras de Itaocara, do ano de 1992, com Dr. Almir tomando posse na Academia, com Dr. Sebastião Kleber da Rocha Leite, discursando

Meu avô, José Pedro de Azevedo, descendente de Ana Catarina de Azevedo, contava que ela era uma mulher de grande coragem e de amor ao próximo, faleceu em Laranjais distrito de Itaocara, com 90 anos, viúva, proprietária, com uma boa condição financeira.

Mirtarístides de Toledo Piza, em seu livro “ITAOCARA ANTIGA ALDEIA DOS ÍNDIOS”, afirma: “Montada em seu cavalo, pelo interior ou na povoação, ANA CATARINA DE AZEVEDO, pregava a República e quando tombou a monarquia, foi ela quem empunhando a Bandeira do Brasil, veio para as ruas acompanhada do povo, ao som da Lira Congressista, festejar o grande acontecimento”.

Dizem que o cavalo era todo branco e tinha o nome de Clareão.

Altevo do Vale e Silva, primeiro itaocarense eleito Deputado Estadual, em discurso na Assembleia Legislativa, em 07 de setembro de 1949, falando sobre a história de Itaocara disse: “Ainda não tinha chegado o 13 de maio e a luta pela proclamação da República se fazia sentir em minha terra... Esse manifesto é uma página de glória para a gente de minha terra”. Citando vários itaocarenses e uma única mulher, representada por ANA CATARINA DE AZVEDO, as ideias que pregava de casa em casa, a liberdade, participando do movimento antes da Lei Áurea, libertando seus escravos, estando entre os primeiros do Brasil a tomar esta decisão.

Era admirada por todos, inclusive por seus escravos, pois um deles chamado Tomás continuou trabalhando para seus filhos, mesmo depois de seu falecimento.

Sabe-se que veio com essa ideia de Minas Gerais de seu conterrâneo TIRADENTES, na luta pela libertação dos escravos e pela República.

Liderou a campanha pela emancipação de Itaocara, pois todos a consideravam autêntica itaocarense, pelos seus ideais de liberdade e fraternidade.

O tempo inexorável, apagou a sua história e no município poucos sabem e poucas homenagens são prestadas a esta mulher, que tornou São José de Leonissa conhecida na sua época pelos seus ideais de amor a liberdade e a democracia.

Até seu nome foi escrito de forma errada, por erro de grafia no seu sobrenome, mas foi corrigido.

Tinha uma oratória vibrante e convincente para a melhoria da vida social, sendo uma das mais importantes celebridades na história política de Itaocara, que procurei nesta biografia de minha posse na Academia de Letras, resgatar e perpetuar a memória desta mulher ilustre que ajudou a fazer a história de Itaocara.

O Prefeito de Itaocara, Dr. Carlos Moacyr de Faria Souto, fundador da ACADEMIA DE LETRAS DE ITAOCARA, convidou-me para ocupar a Cadeira n. º 04, PATRONÍMICA ANA CATARINA DE AZEVEDO, por ser um dos seus descendentes, aceitei o convite. Esta descrição de sua biografia é uma parte do meu discurso de posse como membro titular desta Casa de Cultura.

Itaocara (RJ), 15 de novembro de 2021.

Almir Pinto de Azevedo –  (advogado, professor, escritor e poeta).







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