Texto: Hélio Sales – Presidente da CDL Itaocara,
Aperibé e Cambuci
Tem um conto que a maioria de nós conhece
cujo nome é O Flautista de Hamelin. Narra à história de uma peste de ratos que
invadiu a localidade alemã de Hamelin. Desesperados, os moradores ofereceram
alta recompensa, a quem conseguisse livrar a cidade daquele problema. Um
flautista mágico aparece e com o doce som da sua flauta, leva os bichos para o
campo. Os ratos o seguem hipnotizado. Terminam dentro de um lago, aonde vão
alegres e felizes, morrer afogados.
Apesar de não me manifestar pelas redes
sociais, leio bastante às postagens. Noto o tom apaixonado do debate político.
Chegando muitas vezes a fazer pessoas que se conhecem, trocar ofensas,
desfazendo amizades. Existe o lado positivo. Estamos participando mais das
eleições. Antes as brigas eram por inúteis partidas de futebol. Agora, pelo
menos, é sobre o futuro do Brasil.
Contudo, precisamos refletir sobre
alguns aspectos. Será que alguém que não conhecemos pessoalmente, que não
conhecemos a família e os amigos, que nunca olhou nos nossos olhos, merece
defesa tão apaixonada? Será que seu candidato é mesmo uma pessoa tão
maravilhosa, que vale a pena brigar com amigos e familiares, defendendo a
bandeira que ele diz levantar? Já pensou que pode estar investindo muito das
suas crenças, sem nenhuma razão concreta, usando o tipo de fé que só devemos
ter em Deus? Que tal pelo menos pensar sobre isso?
Mesmo com os amigos mais próximos, me
relaciono convicto de que a minha frente está uma pessoa, que tem a capacidade
de me decepcionar. Afinal de contas, somos humanos. A grande maioria das vezes,
os desapontamentos acontecem, por criarmos expectativas maiores do que devemos.
Quando se trata da classe política, que disputa o poder de instituições do
Estado, tão distantes de nós, acho que devemos usar outros critérios, para
escolher. Quando ficamos apaixonados, agindo como fanáticos, nos tornamos iguais
os ratinhos da história do Flautista de Hamelin. E os ratinhos morreram
afogados. Espero que o mesmo destino não esteja a nós reservado.
Amigos e amigas, eleição é coisa muito
séria. Achar, por exemplo, que existe um complô contra os candidatos que apoio,
envolvendo os Estados Unidos, a mídia, a elite branca, e todos aqueles que já
conhecemos, é pura fantasia. Essas crenças são usadas para nos manipular, assim
como o doce som tocado pelo flautista. Ficamos hipnotizados, começamos a
brigar, parando de pensar. E sem pensar. Sem pensamento crítico, somos levados
às urnas, elegendo os governantes. Algo de bom surge quando nos comportamos
assim? NÃO! Pelo menos eu não acredito. Afinal de contas, por mais bonita que
seja a história do Papai Noel, sou um homem adulto. Sei que não passa de
fantasia.
É tempo de refletir. Mesmo quem já
escolheu seus candidatos, pense novamente. Não precisa dizer a ninguém. Mas
releia as propostas, veja vídeos. Assista inclusive outros candidatos, com o
coração aberto a mudar de opinião. Não tenha convicções das quais não admite
mudar. Quase sempre a teimosia leva ao sofrimento e o Brasil está sofrendo há
muitos anos. Essa é a hora de mudar de verdade, ao invés de mudar só o CPF e o
RG de quem nos governa. Chega de ilusões!
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