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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O Museu e a Cultura pegaram fogo


Texto: Ronald Thompson

O incêndio no Museu Nacional repercutiu na imprensa dos países mais importantes do Mundo. O tom é que foi uma perda para humanidade. A notícia publicada em jornais como o The New York Times, o Francês Le Monde, e que está nas redes de TV Americana, CBS, CNN, e outros meios de comunicação de diversos países, fala que enquanto o país gastava bilhões de dólares, com a Copa do Mundo e com as Olimpíadas, o Museu Nacional definhava por falta de investimentos.

É uma pena. Porém, verdade seja dita, em plena campanha eleitoral, alguém já viu algum candidato a Presidente ou Governador, falar sobre Cultura? Ou mesmo sobre Ciências? Eu não vi. Esse tema não dá votos. Nem entra no radar de milhões de eleitores. Por isso, essa gente brega que pleiteia o poder, prefere discutir descriminalizar o uso de armas de fogo. Para eles, cada um com seu revólver, e se alguém lhe aporrinhar, é só apertar o gatinho e pronto: está resolvido o problema da violência.

Eu não me importo em ser simpático ou antipático. Nem que desfaçam amizade, no Facebook ou na vida real. Mas não consigo ficar quieto, sem dizer que nem tudo o que acontece no Brasil é responsabilidade da classe política. É nossa. Me incluo também. Primeiro por preferirmos destilar veneno, comemorando a desgraça dos nossos adversários, do que melhorarmos como seres humanos. Nossa ruindade chega ao ponto de acharmos que a solução para a violência são mais mortes. E quando escrevemos em defesa dos Direitos Humanos, algum imbecil posta pra levarmos um bandido pra dentro da nossa casa (que estupidez).

Pior do que o Museu queimar. Pior do que 20 milhões de itens estarem perdidos para sempre. Pior do que algumas das minhas mais maravilhosas lembranças da infância e início da adolescência terem pegado fogo, é não conseguir mais acreditar que o Brasil se torne uma nação civilizada, enquanto eu for vivo.

Como escreveu Roberto Campos: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor”. Nunca vi plantar abacate e colher abacaxi, nem vice-versa. No caminhar que vamos, estamos longe de chegar ao fundo do poço. O incêndio do Museu é um ótimo símbolo da ignomínia que tomou conta dos brasileiros.

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