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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Adaptação Escolar: O que a Psicologia tem a dizer?

Texto Escrito pela Psicóloga Clínica e Escolar, 
Drª Isabel Ramos Anastácio /CRP 05/56686
Neste período em que antecede a volta às aulas, é comum o aparecimento da ansiedade tanto por parte dos pais, quanto das crianças. Importante mesmo é saber identificar se trata de uma ansiedade “boa”, no sentido de expectativa, animação ou uma ansiedade maléfica, que gera angústia, medo e insegurança. O equilíbrio emocional dos pais nesta época é superimportante para não transmitir aos filhos seus medos e suas inseguranças.

As dúvidas mais frequentes geradas por pais da Educação Infantil são: Será que devo ficar com meu filho na escola nos primeiros dias? Devo deixá-lo chorando algum dia? Quanto tempo leva o período de adaptação? Será que deixá-lo chorando, não irá traumatizá-lo?

É importante que pais e professores entendam que a criança que ingressa na escola pela primeira vez, está entrando em mundo totalmente novo e cheio novidades, que a instituição “Escola” é muito mais ampla e cheia de desafios que a “família”. Então é normal que desenvolva na criança uma série de emoções diferentes: medo, insegurança, mas ao mesmo tempo euforia, curiosidades. Daí a importância dessa criança ser motivada pelos pais e acolhida pelos professores, de maneira que se sintam amadas, protegidas. Suas pequenas dores precisam ser compreendidas e valorizadas.

O ideal é que os pais visitem o ambiente escolar junto com a criança antes do início das aulas. Apresentem o local, onde ficam as salas, o refeitório, o banheiro, o bebedouro e o parquinho. Mostrando à criança que aquele local é seguro e que ela será muito feliz lá, terá muitos amigos e outras diversidades novas e legais.

Quanto ao primeiro dia de aula, é comum que alguns chorem. Se for o caso, o pai ou mãe pode sim, ficar na escola nos primeiros dias, porém, sempre deixando que a criança interaja e seja conduzida pela professora da turma. Procurar ir se distanciando aos poucos, sentando mais longe, depois na sala de espera ou no hall da escola, para que a criança passe a sentir segurança nela mesma e na relação com professores e colegas. A presença dos pais por muito tempo na escola pode gerar na criança uma dependência afetiva, prejudicar sua adaptação, seu rendimento e até causar um atraso em seu processo de maturação.

Cada criança possui um tempo diferente para adaptação, pois ao chegar à escola, ela já carrega consigo uma história, um modo de vida recheado de experiências e vivências captadas do lar. Algumas crianças não irão chorar no primeiro dia de aula, outras irão chorar três dias, uma semana, depois deixarão a pessoa que a acompanha ir embora.  Já terão aquelas que em algum momento os pais precisarão deixá-las mesmo chorando, pois possa ser que tenham que passar meses na escola e ainda à criança continuará pedindo sua presença e sabemos que isso não é bom. A criança precisa desenvolver autoconfiança, perceber a graça de conviver com pessoas diferentes e entender que o mundo pode sim ser um lugar bom e seguro para se viver. Por isso é de suma importância que os pais tenham confiança na Instituição de Ensino que escolheu para o filho estudar.

Existem mecanismos que podem ajudar nesse período de adaptação como:
• Deixar a criança levar para à escola um brinquedo ela tenha apego. Este servirá como elo de ligação entre a escola e o lar e fará com que ela se sinta mais segura.
• Chegar minutos antes da hora da entrada para que a criança possa relaxar aproveitando os brinquedos e as brincadeiras no parque.
• Buscar mais cedo, para que a criança não fique tanto tempo longe da família neste início.
• Estabelecer uma boa comunicação e parceria com a professora, a fim de entender melhor cada comportamento da criança e saber ajudá-la.

Existem crianças que choram muito para ficar na escola e os pais temem que estas fiquem com trauma de estudar. Esta é uma situação que precisa ser analisada com bastante atenção. A primeira questão é entender o porquê daquele choro em excesso, pois a criança nem sempre sabe nomear o que está sentindo. Neste caso, é preciso observar e refletir. O fato da criança não aceitar ficar na escola pode estar querendo dizer muitas coisas, como por exemplo:
•Estar sentindo falta dos pais, por passarem pouco tempo com eles.
•Não estarem acostumadas a conviver ou interagir com outras pessoas além da família.
•Não estarem acostumadas com rotinas, nem a respeitar limites.
•Não possuírem habilidades sociais para brincar com outras crianças, pelo fato de ter convivido só com adultos até então.

Cada criança tem um jeito especial de ser e também caberá à professora se reinventar várias vezes para cativá-lo. Pois a criança precisa ver o professor com uma figura capaz de amá-la e protegê-la em qualquer situação. Esse vínculo entre professor e aluno também é essencial para uma boa adaptação.

Estar atentos às situações que podem atrapalhar tanto a adaptação escolar, quanto ao desenvolvimento cognitivo e emocional da criança pode facilitar o trabalho dos pais e professores:
•Levar uma criança de volta para casa só porque ela chorou ou fez pirraça, pode reforçar esse comportamento, levando-a à entender que toda vez que chorar sua vontade será atendida, ou que realmente ela tem razão: a escola não é um lugar seguro para ficar, por isso seus pais a levaram de volta para casa. Isso pode sim fazer com que criança realmente não queira mais ficar na escola. Claro é importante observar se o choro dessa criança não está ocorrendo devido a alguma condição de saúde, se não está febril ou outros.
•Esquecer a criança na escola pode sim, gerar um trauma e essa não querer mais voltar ao local que foi “esquecida”, gerando assim uma crença de desamor e desvalor. Fazendo com que a esta se sinta desamparada, abandonada, insegura e sem importância. É muito importante que os pais tenham o horário da busca dos filhos reservado só para este fim ou que então tenha uma boa comunicação com a pessoa responsável pela busca.
• Não ser atendido pelo professor em situações que impliquem em suas necessidades básicas como, sede, fome e sono ou não ser acolhido e motivado quando se sentir impotente diante alguma atividade. Cabe ao professor estabelecer uma boa conversa com o aluno e dá-lo sempre oportunidades de expressar o está sentido, para que isso não reprima seus sentimentos.

Enfim, a ida para à escola desde a Educação Infantil nos dias de hoje é imprescindível e um desafio que com certeza vale a pena viver, pois trata-se de um leque imenso e colorido que se abre, trazendo um mundo novo recheado de novas experiências e vivências lindas que mudará para sempre a vida da criança. Afinal de contas, a infância é apenas um ensaio preparatório para a vida adulta. Uma criança feliz é projeto de um adulto feliz.




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