Apesar do tempo vivido, ainda tenho
dificuldade pra entender muitas coisas. Faz parte da minha natureza, buscar o
melhor nos seres humanos. Nem sempre é fácil. Vivemos uma época cheia de
agendas ocultas. Objetivos escondidos, por trás de palavras e expressões que
enganam os incautos e de bom coração. Noto que há quem reclame, mas na verdade
não quer que nada mude. Pelo contrário, lutam pra dar tudo errado, pois se
melhorar a mascara cai, e o verdadeiro aspecto de seu caráter é revelado.
Por
que levantar de manhã cheio de azedume, passar o dia buscando alguma coisa
negativa, e ter quase um orgasmo quando acha? Pessoas que escolhem um lado,
como se houvesse apenas o certo e o errado. Não há. No Século III D.C., viveu
um religioso chamado Maniqueu. Na sua concepção filosófica, o mundo estava
dividido entre o bem (Deus) e o mal (O Diabo). Essa doutrina é conhecida como
Maniqueísmo, e séculos depois, continua viva entre nós. Por esse pensamento,
quem concorda comigo é do ‘bem’, e quem discorda é do ‘mal’.
Se
tal filosofia fosse válida, a compreensão da alma humana seria duma
simplicidade fantástica. Tudo preto e branco. Porém, o bem e o mal, na grande
maioria das vezes, se encontram misturados. Precisamos ter inteligência e
sensibilidade a cada instante, para escolhermos o melhor caminho.
Mesmo
pessoas de bom coração, cometem maus atos. Da mesma forma, pessoas ruins, como
bandidos, assassinos e ditadores, são capazes de revelar uma personalidade
bondosa. O exemplo que me vêm à mente é o do Ditador Fascista, Benito Mussolini.
Não há dúvidas sobre o mal que fez ao povo italiano, durante a Segunda Guerra
Mundial. Trata-se de um dos grandes canalhas da história. Porém, li relatos de
seus filhos, que o descrevem como pai carinhoso, preocupado e amigo. Isso me
surpreendeu.
Por
outro lado, um dos heróis da mesma época, Winston Churchill, o Primeiro
Ministro Inglês, cuja determinação ferrenha em não se render a Hitler, fez a
poderosa Alemanha conhecer suas primeiras e surpreendentes derrotas, era
intratável no convivo particular. As diversas biografias que li sobre ele, o
retratam como mal humorado, grosseiro, beberrão, sem nenhum respeito com os
amigos e a própria família.
Canalhas na vida particular, se tornam heróis na vida pública; e heróis na vida pública, são canalhas na vida particular. Como é possível? Caros leitores, os humanos são assim. Poucos lembram que somos
animais, intitulados racionais. Porém, essencialmente animais, classificados
pela ciência no reino dos primatas. O que faz diferença, é a busca pela
civilização. Neste caso, dois filósofos famosos, dividem as correntes de
pensamento.
O
primeiro é Nietzsche, que não crê que evoluímos nos dez mil anos de história.
Para ele, quanto mais abraçarmos a maldade que nos habita, mais felizes e
vitoriosos vamos ser. É a ideia de que os fins justificam os meios. Quem busca
fazer intrigas, espalhar fofocas e espera o momento de derrubar seus
adversários, pelo prazer de sair sorrindo pelas ruas, dizendo: “há há, eu
estava certo e você errado”, vive o ideal de Nietzsche.
O
segundo pensador é Imannuel Kant. Este acredita que cabe aos seres humanos
buscar evoluir, saindo da menoridade intelectual. Dessa forma, podemos nos
transformar, deixando os instintos básicos, a ignorância e a comodidade de
lado. Exige um esforço bem maior, porque temos que lutar para achar a verdadeira
bondade. Não confundir com a simples candura. A bondade de Kant está ligada ao
princípio da não violência, adotado por Gandhi e Luther King. É agir de modo
determinado contra a injustiça, mas não usando o mesmo método daqueles que nos
atacam e perseguem.
Atacar
o ódio, com mais ódio, não faz sentido. A cada ofensa, a melhor resposta é o
elogio. Por mais difícil que seja aceitar ou praticar esse modo de vida, só
vamos transformar o mundo, tornado-o pacífico e civilizado, dessa forma. O
inimigo principal não é quem nos agride e vilipendia. É bem mais poderoso: ‘nós
mesmos’. Quando vencemos a ignomínia, não permitindo que ofensas nos inflamem,
conquistamos um passo na melhoria de toda humanidade.
O
tempo de vida que temos no mundo é muito curto, para buscarmos ter razão em
coisas por vezes medíocres. Por isso seja grandioso. Perca a discussão, quando
o outro precisar mais vencer do que você. Com o tempo, ele / ela, talvez
entenda quão importante é deixar a infância de lado e buscar o amadurecimento.
Lembre-se
do pensamento de Gandhi: “um covarde é incapaz de demonstrar amor. Isso é um
privilégio dos corajosos”.
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