Em Itaocara,
duas mulheres vêm se destacando, pelo excelente trabalho que desenvolvem no
comércio em nossa cidade. As irmãs Lane e Geisa Dias, da Loja Pechincha
Presentes, falam nesta edição da luta que travam como mulheres empreendedoras.
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Nova
Voz On Line
– Além de irmãs, vocês sempre foram amigas e unidas? Como é serem sócias e
dividirem tantos afazeres?
Lane - Nem sempre.
Na adolescência nós brigávamos, discutíamos, como a maioria dos irmãos nesta
época da vida. Com o tempo nos descobrimos melhores amigas. Quase nunca nos
desentendemos. A convivência diária no trabalho nos fortalece como irmãs e
amigas.
Geisa - O segredo da
boa convivência é o respeito que temos uma pela outra. Saber que somos
diferentes. Que por mais que nos gostemos, vai haver assuntos que teremos
opiniões diferentes, o que deve servir para nos aperfeiçoar, e não desunir.
Nova
Voz On Line
– Lembrando quando começaram e hoje, diriam que tiveram que superar algum tipo
de preconceito, do tipo: “elas são tão jovens e mulheres”. Vencer as
desconfianças fez parte da luta de vocês?
Lane – Tivemos que
driblar a desconfiança de alguns. O projeto da Loja, por exemplo, foi
necessário o tempo passar, para demonstrarmos que podíamos realizar. Meu esposo
ficou preocupado comigo. Eu entendo. Nós sempre queremos o melhor para aqueles
que amamos.
Geisa - Acredito que
o fato de sermos mulheres, vistas com sexo frágil, contribuiu para que algumas
pessoas ficassem receosas em relação ao sucesso do nosso empreendimento. Fomos
superando. Matando um Leão por dia, como todo comerciante precisa fazer.
Felizmente, agora, sinto que somos muito respeitadas. Provamos o valor que
temos e que podemos contribuir com Itaocara.
Nova
Voz On Line
– A família sempre apoiou?
Geisa – Como a Lane
disse, nossos pais receberam com maior alegria, mas os maridos ficaram
preocupados conosco, por isso demoraram um pouco mais. Com o tempo conseguimos
provar nossa competência. Hoje eles admiram a persistência e o comprometimento
com o trabalho.
Lane – É o que disse
antes, penso que é normal, quem gosta da gente, se preocupar. Não tem problema
algum. Importante é o apoio que recebemos e o respeito que conquistamos fazendo
dar certo.
Nova
Voz On Line
– Para mulher que trabalha o que mais faz falta, em relação a políticas
públicas, em Itaocara?
Geisa – Como cidadã,
tenho notado o significativo o aumento da violência na região. Sinceramente,
penso que o Poder Público se mantem inerte diante da situação. Nós terminamos
atingidas. Por exemplo: passamos a fechar nosso estabelecimento comercial mais
cedo. O motivo é o medo dos constantes assaltos ocorridos em Itaocara e região.
Lane - Não nos
sentimos seguras para mantermos a loja aberta após as 18 horas. Infelizmente,
nós, mulheres, somos vistas como frágeis e indefesas, nos tornando alvos
preferidos dos marginais. Falta investimento em segurança pública por parte dos
governantes, para garantir tranquilidade, não só para as mulheres, mas a
população em geral.
Nova
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- Muita gente reclama da falta de creches, pois as que existem, não dão conta
de atender toda demanda. Está seria uma grande necessidade?
Lane - O número de
vagas nas creches públicas não supre a demanda. É um problema em nível nacional,
que nos atinge também aqui, em Itaocara. A creche é de extrema importância,
principalmente para nós mulheres, que queremos nos manter no mercado de
trabalho.
Geisa - Queremos ter
filhos, mas também queremos o direito de ter uma carreira, autonomia financeira
e dignidade. Para isso precisamos ter um lugar seguro para deixarmos nossos
filhos. Outra vez ficamos nas mãos do Poder Público, que não investe o
suficiente para garantir esse serviço a todos.
Nova
Voz On Line
– Em relação à saúde da mulher, é preciso criar um atendimento diferenciado,
visto que as mulheres têm algumas necessidades próprias do sexo feminino?
Lane - A saúde da
mulher merece uma atenção maior. A espera por atendimento médico às vezes é tão
grande, que muitas desistem. Bom lembrar que há doenças cujo índice de cura é
bem maior, quando se tem o diagnóstico no estágio inicial. Muitas de nós, por
conta de burocracias e falta de vagas, só somos diagnosticadas com algum tipo
de enfermidade tardiamente.
Geisa - Seria
maravilhoso ter um programa de saúde preventivo e eficiente, que conseguisse
atender a demanda do público feminino. Importante lembrar que cada vez mais
ocupamos espaço no mercado de trabalho. Então, quando uma mulher é
desassistida, por negligência dos poderes constituídos, em nível Municipal,
Estadual e Federal, o Brasil para e perde produtividade.
Nova
Voz On Line
– Outra coisa que entristece, é a violência contra as mulheres. A mulher
precisa escolher melhor seus companheiros, não caindo na cilada do
relacionamento com homens violentos?
Geisa - A violência
contra mulheres é originada de uma cultura machista, que muitas das vezes é
ignorada pela sociedade. Um investimento em educação, combinado com leis mais
severas, poderia diminuir ou até extinguir, essa prática tão comum na nossa
sociedade.
Lane – Corta o
coração, quando vejo notícia, que uma família foi dilacerada, pela ignorância
que ainda considera a mulher como propriedade. Penso que é bom prestar atenção.
Não escolher companheiros violentos. Porém, fundamental ação educativa,
especialmente com crianças e jovens. E políticas públicas rigorosas, que puna a
violência contra a mulher.
Nova
Voz On Line
– O que diriam as mulheres?
Lane - Mulheres
exijam respeito, façam valer seus direitos e sejam felizes. Não é fácil. Trata-se
de esforço diário. Mas o respeito que conquistamos, vale todo sacrifício.
Geisa – Que não
percamos a docilidade que nos faz feminina. Mas que sejamos corajosas para
conquistar os sonhos mais importantes. Deus nos abençoe a todas.
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