Liberdade de
expressão é um direito constitucional. Opinião, cada um de nós tem a sua. Mas,
convenhamos que tem muita gente pensando de menos, falando demais e, com isso,
magoando e afastando pessoas do seu convívio.
Valéria Leão, ao lado do Marido Luiz Carlos Leão, no ano passado, em Campos dos Jordão, quando nem se poderia imaginar o atual momento que vivemos, com a pandemia mundial do coronavírus |
Essa reflexão não é mais uma sobre política
partidária, os Poderes da República ou sobre a nossa perplexidade diante de
certas decisões do Poder Judiciário. Mais que uma reflexão, talvez esse texto
seja um desabafo. Ok, também me sinto incomodada com os palpiteiros de plantão.
Quem disse que todos nós precisamos
ter uma opinião formada sobre tudo? Socorro Raul! Onde está escrito que podemos
e devemos sair por aí nos manifestando sobre temas que não são da nossa conta?
Das questões mais relevantes às mais banais, não precisamos palpitar sobre tudo,
o tempo todo.
Se não gosto do novo corte de cabelo
da minha amiga, do novo namorado dela, das escolhas que ela faz para si, o que
eu tenho com isso? Qual é a parte que me cabe no sagrado território das
escolhas alheias? As escolhas pessoais são exatamente isso: pessoais e de foro
íntimo.
Como advogada tenho predileção por
certos ramos do Direito; como escritora, prefiro compartilhar sentimentos
através da minha escrita. Na minha vida privada prefiro me manifestar somente
quando puder ser para enaltecer, elogiar, colaborar de alguma forma positiva
com o crescimento de alguém. Essas são as minhas escolhas, portanto, de caráter
personalíssimo. De críticos, o mundo já está cheio.
Procuro me afastar do dedo em riste e
das palavras indelicadas. Se prestarmos mais atenção no que saí da nossa boca,
com certeza, nossas relações interpessoais ficarão mais leves e agradáveis.
Quem não guarda para si uma certa
mágoa, por algumas coisas desnecessárias que foram ditas ou escritas por alguém
em relação à sua pessoa? E, por mais que se tenha a consciência de que guardar
esse sentimento não faz bem a ninguém, certas palavras ficaram e ficarão para
sempre gravadas na memória.
Quem as proferiu e por que o fez?
Alguém insuspeito, em um momento infeliz? Jamais saberemos o real motivo.
Porém, fica uma certa desconfiança de que ciúmes, inveja, insegurança e alguns
outros sentimentos menos nobres faziam parte do pacote.
Essa breve narrativa é somente para
exemplificar o quanto uma relação de afeto pode ser abalada por palavras
inoportunas, ditas na hora errada.
Jesus Cristo, que só pregou a paz e a
fraternidade, foi julgado e condenado. Imaginem se nós, simples mortais, cheios
de fraquezas e incertezas, teremos algum chance de agradar a todos, o tempo
todo.
Diante da impossibilidade de
preenchermos as expectativas de terceiros em relação às nossas decisões e
posicionamento, vamos seguindo em frente. Colhendo o bônus e administrando o
ônus das nossas escolhas; preferencialmente, sem ferir sentimentos com
comentários grosseiros e levianos sobre as escolhas alheias.
Nesses tempos difíceis, onde uma
pandemia veio nos mostrar a vulnerabilidade da nossa natureza humana; em que o
país está dividido e os nervos exaltados; em um momento em que tudo passou a
ser tão relativo, frágil e fugaz, será mesmo que está valendo a pena tanta
desunião?
Essa é a reflexão que tem me
acompanhado nesses dias sombrios.
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