Nós, professores de Matemática,
costumamos justificar a presença de nossa disciplina no currículo, dizendo que
a “Matemática desenvolve o raciocínio” ou “ ensina a pensar”. Mas será que o
ensino tradicional de Matemática, que atinge a esmagadora maioria dos alunos
brasileiros, realmente promove o raciocínio e o pensar?
Mestre em Matemática, pela PUC-SP, Augusto César Aguiar Pimentel, Professor do Colégio SEI Itaocara; Centro Educacional São José, em Miracema e da UFF/CEDERJ |
Para
a grande parte dos adultos, o que sobrou de longos anos de aprendizagem da
Matemática foi um pequeno punhado de técnicas às quais, vez ou outra, eles
recorrem, de modo desconfiado e inseguro. Nesse acervo guardado a duras custas
de uma disciplina que consideravam chata e agora consideram misteriosa, difícil
e importante, podemos encontrar, variando de pessoa para pessoa, coisas como:
as quatro operações com números naturais, com frações e decimais, certa idéia
de porcentagem (oriunda mais das experiências vividas do que dos bancos
escolares), a resolução de uma equação simples, algumas figuras e formas
geométricas, o teorema de Pitágoras ... e muito pouco além disso. Convenhamos:
para tão grande dor e trauma foi muito pequena a colheita!
Acadêmicos atentos ouvindo a palestra do Professor Pimenta |
Segundo
a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), para resolver essa situação é
fundamental que o ensino da Matemática seja democratizado e contextualizado. A
Matemática pode dar sua contribuição à formação do cidadão, se no processo de
ensino-aprendizagem for enfatizada a resolução de problemas, a comprovação de
resultados, a justificativa, a argumentação, a criatividade, a iniciativa
pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria
capacidade para enfrentar desafios. Além disso, conceitos e procedimentos
matemáticos são necessários para o cidadão resolver muitas situações da vida
cotidiana.
É
preciso, então, deixar de considerar que o ensino da Matemática deve levar o
aluno a escrever e memorizar fórmulas, fazendo cálculos que não têm para ele
qualquer significado. O fundamental é capacitá-lo a tomar decisões
conscientemente, sabendo argumentar, expressando com lógica o seu pensamento,
buscando soluções para questões cotidianas, a fim de torná-lo um cidadão
crítico, criativo e autônomo. Para isto, analisar dados estatísticos e, com
base nessa análise, chegar à conclusão do que “pode ser” e qual a sua chance de
acontecer, é uma das maiores contribuições da EDUCAÇÃO MATEMÁTICA para a educação plena de um cidadão.
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