Split é a maior
cidade croata na costa do mar Adriático, e a segunda maior do país, depois da
capital Zagreb. Há muitos e muitos anos, ali existia um pequeno povoado sem
grande importância até a chegada do imperador romano Diocleciano. Então, ele
resolveu construir seu palácio à beira mar e ali se aposentar entre os anos 293
e 305 d.C., exatamente onde ainda hoje vive um centro antigo animado, muito bem
preservado e cheio de charme.
Gustavo Pinheiro fala da história de Split, cidade croata |
Ao longo de sua história, Split foi
governada por Roma, pelo Império Bizantino e, intermitentemente, pela nobreza
croata e húngara. Em 1420, assumiu o controle a República de Veneza, que a
perdeu em 1797 para a Áustria-Hungria. No período de 1806 a 1813, a cidade
esteve sob controle napoleônico.
Seus tesouros se mantém incrivelmente
bem preservados até hoje. Em 614, o palácio de Dioclesiano abrigou refugiados
de Salona, uma cidade que ficava a 5 quilômetros de Split e foi devastada pelos
bárbaros, sobrando apenas as ruínas que ainda podem ser visitadas. Entre esses
refugiados várias figuras religiosas de peso na época se fixaram na cidade de
Diocleciano e tiveram forte influência no seu desenvolvimento que atingiu o
auge na Idade Média quando novos muros e um forte trouxeram proteção extra e
vida longa.
Vista panorâmica da cidade |
A Croácia nos moldes que a vemos
atualmente é um dos países mais jovens do mundo. Conseguiu sua independência da
antiga Iugoslávia apenas em 1991, depois de passar por guerras sangrentas que
afastaram o turismo da região por muito tempo. Felizmente, o final dessa
história foi de paz e a Croácia passou a brilhar como um dos cenários europeus
mais procurados durante o verão. Nos anos de 2018 e 2019, suas praias ficaram
no topo entre as mais procuradas da Europa. De Split, cidade ensolarada à
margem do Mediterrâneo, partem barcos para algumas das ilhas mais espetaculares
do Adriático como Hvar, Solta, Brac, Vis e Korcula.
Vista do Porto de Split |
Mas o ponto alto da cidade é o centro
antigo que fica exatamente em frente ao porto e dentro dos muros do Palácio de
Diocleciano. O palácio é um dos maiores e mais bem preservados do mundo romano.
A maioria das construções são da Idade Média e do Renascimento, mas todas
convivem harmoniosamente com os elementos originais do palácio como as colunatas
e passagens subterrâneas. A catedral foi construída sobre o mausoléu de
Diocleciano. Merecidamente, Split foi declarada pela Unesco como Patrimônio
Histórico da Humanidade.
Pátio do Peristilo |
O complexo do Palácio de Diocleciano é
todo murado e tem a forma de um retângulo. Dizem que foi concebido conforme a
vontade do imperador. Era muito luxuoso para a época. Uma rua central divide o
complexo em duas partes: a ala sul onde ficava o imperador e a ala norte composta
por dois blocos residenciais, um para os trabalhadores e outro para os
guerreiros. Essa rua vai do Portão de Ferro ao Portão de Prata. Além desses
portões há outros dois: o Portão de Latão e o Portão de Ouro.
O Portão de Prata se abre para um
mercado que vende alimentos e é uma entrada muito usada atualmente. Bem em
frente ao portão está o Oratório de Santa Catarina construído na Idade Média. O
Portão de Ouro era a principal entrada do palácio. No século XI, ele foi
fechado e transformado na Igreja de São Martinho. O Portão de Ferro ainda está
bem preservado e fica junto da Torre do Relógio, construída no século XII. A
Igreja Nossa Senhora da Atalaia fica ao lado. O Portão do Latão é voltado para
o mar. Ele conduz à ala mais importante do palácio.
Interior da Catedral de São Donio |
A arte inferior é cheia de lojas. E há
vários moradores ali que herdaram suas seculares residências de seus
ancestrais, porém, não podem reformá-las sem autorização municipal e sem
dinheiro. A Prefeitura tenta comprar os imóveis para reformá-los e fazer do
Palácio um total e completo polo turístico, porém, a maioria de seus donos,
pessoas simples e muito pobres, se recusam. Então, não se assuste se encontrar
roupas esticadas em varal e casas com rachaduras e buracos.
Vindo do porto e atravessando o Portão
de Latão, uma passagem subterrânea pelos porões conduz ao Peristilo, um pátio
interno impressionante que dava acesso à área sagrada. De um lado havia os
templos de Vênus e Cibele e mais adiante o de Júpiter, atualmente Batistério de
São João. Do outro lado fica a catedral.
Orla de Split |
Para mim foi a parte mais interessante
de todo o complexo. No verão, o Peristilo é cheio de vida. As escadarias ficam
repletas de gente ao cair do dia. Pequenos shows de música tradicional da
Dalmácia e encenações costumam acontecer diariamente. Um quarteto de cantores,
geralmente se apresenta numa das alas por causa da acústica que é muito boa.
Interessante observar que a Catedral
de São Dônio foi construída sobre o mausoléu de Diocleciano e se tornou uma
igreja católica no século VII quando o sarcófago com o corpo do imperador foi
removido do local. O campanário foi acrescido mais tarde, ao redor do século
XII. A igreja é linda. Tem um desenho octogonal e colunatas coríntias. Na base
do campanário há uma grande esfinge egípcia em granito preto que se destaca no
meio do branco.
Ósculo de uma das alas onde os artistas se apresentam cantando |
Além disso, a cidade borbulha em sua
avenida beira-mar cheia de palmeiras típicas da região, inúmeros barcos
atracados, cruzeiros, bares e restaurantes, além dos desfiles sem fim de
pessoas de todo o mundo em sua orla.
Perto dali fica a Itália, e por isso,
resolvemos ficar um dia e uma noite em Split e esticar o passeio até Veneza.
Mas isso já é assunto para outra oportunidade.
Boa viagem!
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