Há muitos anos
assisti a um filme espetacular, chamado Amadeus, sobre a vida do maior músico
erudito de todos os tempos, Wolfgang Amadeus
MOZART. Logo na primeira cena, o até então compositor mais prestigiado da
Áustria, cujo nome era Antônio Salieri, passeia nos salões do Palácio de
Schonbrunn, olhando o rosto de cada convidado.
O Genial David Bowie |
Na verdade procurava alguém. Salieri
era muito religioso. Ele queria conhecer Mozart, a quem considerava como um
novo enviado de Deus para a humanidade.
Ao caminhar, pensava:
- Senhor, me revela a face deste
prodígio. Este ser que tem a capacidade impar de compor músicas tão belas, que
só poderiam ter sido feitas no céu.
Procurava entre os salões, quando
abriu determinada porta, e viu uma mesa repleta de doces. Fã de guloseimas, não
resistiu. Entrou e começou a se fartar.
De repente, um barulho. Ele se
esconde. Quietinho, começa a ouvir o casal que entrara. O rapaz diz.
- Meu bem, você tem o peitinho mais
gostoso de toda a Áustria. Dá-me sua mãozinha, pra sentir como me deixa feliz.
O Filme Amadeus |
Ela ri. Resiste. Mas ele não para. Só
fala obscenidades. Diz que quer lhe agarrar a bundinha macia. Salieri está a ponto
de se revelar e expulsar este jovem libertino da festa. Eis que começa a tocar
a “Pequena Sonata Noturna”, composta por Mozart.
E o garoto desbocado e libidinoso,
grita bem alto.
- É A MINHA MÚSICA!
Saí correndo, pra frente da orquestra
e começa a reger.
Salieri não acredita. Briga com Deus.
Diz que perdeu a fé. Brada numa mistura de xingamento e oração:
- Senhor, eu sempre respeitei os
mandamentos. Sempre fui um bom cristão, e não tenho se quer um pingo do talento
deste moleque depravado. Por quê? Por quê?
Estava assistindo a reportagem do
Jornal Nacional, sobre a morte do David Bowie, quando me lembrei deste
magnífico filme. Pensei também sobre outros grandes gênios, como John Lennon,
Charles Chaplin, Leonardo Da Vinci, Galileu, Shakespeare. Nenhum deles foi o
que poderíamos chamar de “normal”.
O erro de Salieri era crer que se há
uma força universal superior, na hora de criar alguém genial, essa pessoa seria
justamente “normal”.
Há um famoso diálogo no livro O Rei e
Eu, entre a Priscila e Elvis Presley. Ela diz:
- Eu só queria um casamento normal.
E ele responde:
- Você casou comigo, para ter um
casamento normal?
Não dá né?
É claro que é necessário seguir a lei.
Ter educação. Conviver com os outros, com máximo respeito. Mas é preciso ter
inteligência, para ir além. Fazer diferente. Algo que deixe a alma do homem
mais livre e capaz de evoluir, do que era ao iniciarmos a aventura da vida.
Neste sentido, David Bowie fez
exatamente isto. Tinha mil expressões artísticas. Mil maneiras de ser anjo e
demônio, ao mesmo tempo. Masculino e feminino. Ria e Chorava. Tudo num só
corpo. Na verdade, ele e suas transformações, nos mostram como todos os humanos
são, quando não vestem máscaras. Eternamente contraditórios. Imperfeitos.
Cheios de dúvidas e de arrogância.
A perda de alguém tão talentoso como
David Bowie é triste. Contudo, enquanto houver pessoas, vão sempre existir
grandes personagens. Protagonistas das transformações. E a platéia que assiste
e comenta. Por sorte, às vezes essa platéia aprende, e com amor derrota os
próprios preconceitos. Assim a humanidade se eleva, quando Deixamos a máscara
de lado e aprendemos a ser felizes.
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