Abaixo um bate papo com o Advogado, Dr. Vinícius
Cordeiro, que é o Presidente do AVANTE / RJ, falando sobre o gravíssimo
problema do abastecimento de água no Rio e no Grande Rio, que pode ser uma estratégia,
para privatização da CEDAE.
Dr. Vinícius Cordeiro destaca a importância da mobilização no enfrentamento de toda questão envolvendo a qualidade da água no Rio e Grande Rio e a possível privatização da CEDAE |
Nova
Voz ONLINE
– Como está vendo toda essa questão, envolvendo a qualidade da água consumida
na cidade do Rio e no Grande Rio?
Dr.
Vinícius Cordeiro
– Inicialmente acho lamentável. É inacreditável que uma população composta por
milhões de seres humanos, seja colocada para viver o que estamos vivendo. Chega
a ser SURREAL. Á água é muito mais importante do que o Petróleo. É o
principal ativo do século XXI. Os combustíveis fósseis, claramente, vão perder relevância,
com o passar dos anos, neste e no próximo século. Mas a água não. É possível
substituir as fontes poluentes de energia, por renováveis. É o que vemos no
mundo, com a energia fotovoltaica (solar) e energia eólica (ventos). Mas o que
substitui a água? NADA!
Nova
Voz ONLINE
- Acha que pode ser um estratagema, para privatizar a empresa?
Dr.
Vinícius Cordeiro
– Muito tem se falado sobre isto. Eu resisto a crer que o Governo do Estado
seja tão irresponsável. Lógico que não descarto. E os fatos são os fatos. MAS
como homem público, como alguém que acredita na decência básica dos seres
humanos, é difícil imaginar que um governo, propositalmente, esteja levando
milhões de pessoas a passar por uma gravíssima situação, com intuito, de
privatizar a empresa. Eu prefiro perguntar aos leitores: vocês acham
que é possível que, propositalmente, o Governo do Estado esteja forçando a
situação para privatizar a CEDAE? Pense.
Nova
Voz ONLINE
– Que coisa!
Dr.
Vinícius Cordeiro
– Infelizmente, nós já vimos este filme antes. A estratégia de desconstruir uma
empresa, uma atividade pública, para justificar sua privatização. É um grande
desrespeito com toda população. É criminoso. Diminui o valor da empresa. É FUNDAMENTAL,
que a ALERJ e o Ministério Público estejam ativos, defendendo o Direito da Sociedade,
que está sob o risco de ser vítima de um estelionato, de uma fraude, com
propósito de entregar uma importante empresa pública, nas mãos de um grupo
privado.
Nova
Voz ONLINE
– A água é um recurso fundamental, não é mesmo?
Dr.
Vinícius Cordeiro
– A melhor definição está na expressão RECURSO ESTRATÉGICO. Guerras não mais
serão travadas por petróleo. Serão travadas por água doce. Como é possível,
isto não ser claro e límpido, para quem tem a responsabilidade de governar?
Nova
Voz ONLINE
– Como chegamos a isto?
Dr.
Vinícius Cordeiro
– A verdade é que essa história vem de longe. Começa pela entrega da CEDAE nas
mãos do ex-deputado Eduardo Cunha, que no momento encontra-se preso, condenado
por diversos crimes contra o Estado do Rio de Janeiro. E agora tem o grupo do
Pastor Everaldo, que comanda a CEDAE. Pessoas sem a qualificação devida. Alias,
um dos sobrenomes do Presidente da CEDAE atual, apesar de não ter parentesco,
numa destas pitorescas coincidências é CABRAL (nota do editor: Hélio CABRAL
Moreira). Este senhor é oriundo justamente da SAMARCO, aquela empresa “famosa” pela
tragédia de Brumadinho.
Nova
Voz ONLINE
– O que o povo do Rio de Janeiro pode e deve fazer?
Dr.
Vinícius Cordeiro
– Ficar atento. Ficar ligado no noticiário. E isto está acontecendo. A
Arquidiocese do Rio fez uma nota de muita importância, de muita substância,
sobre o assunto. Há pessoas de bem, se manifestando. A OAB precisa ter
novamente protagonismo, defendendo a sociedade carioca e fluminense. O MP
cumprindo o papel constitucional que lhe é reservado. Da minha parte, como
advogado, como Presidente do Avante, como cidadão, vou estar atento. Se essa
orquestração que se desenha, espera passividade das pessoas verdadeiramente
interessadas no bem estar do Estado do RJ, estão muito enganadas. Preparem-se
para a guerra. Não vão nos enganar.
Importantes colocações do advogado Vinicius Cordeiro. Precisamos ficar alertas. Em contribuição, citaria também a grande precariedade no que se refere ao esgotamento sanitário no entorno da ETA- Guandu (incluindo as comunidades vizinhas aos afluentes do rio Guandu), as inúmeras construções irregulares às margens dos rios (em desacordo com a legislação vigente), a falta de educação da população (que lança lixo aos montes nas coleções d'água), etc. Em pouco tempo não haverá processos físicos ou químicos capazes de manter nossa água em níveis sequer razoáveis de potabilidade.
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