A Presidente do Conselho Tutelar de
Itaocara, Elizangela Pereira Ramos, que é Conselheira desde 2012, bateu um papo
conosco, falando dos desafios do trabalho com Crianças e Adolescentes. Ressalta
que é importante, não só os poderes constituídos, mas que à sociedade como um
todo, fazer mais pelas crianças e adolescentes, ofertando desde possibilidade
de lazer sadio a empregos, na hora que a Legislação Permitir.
Elizangela Pereira Ramos - Presidente do Conselho Tutelar |
Nova
Voz On Line
– Qual são as funções que o Conselheiro Tutelar exerce?
Elizangela
Pereira Ramos
- Atendemos crianças e adolescentes ameaçados, ou que tiveram seus direitos
violados, aplicando medidas de proteção. Atendemos e aconselhamos pais ou
responsáveis, quando é o caso. Levamos ao conhecimento do Ministério Público
fatos enquadrados no Estatuto da Criança e Adolescentes como infração
administrativa ou penal; encaminhamos a Justiça os casos que a ela são
pertinentes. Além disto, requisitamos certidões de nascimento e óbito, de
crianças e adolescentes, quando necessário, levamos ao Ministério Público casos
que demandem Ações Judiciais que envolvam a perda ou suspensão do Poder de
Família.
Nova
Voz On Line
– São muitas atribuições.
Elizangela
Pereira Ramos
– Ainda, em conjunto com o Juiz e o Promotor, o Conselho Tutelar pode, nos
casos a que atende, fiscalizar as entidades governamentais e não-governamentais,
que executam programas de proteção e socioeducativos. Este poder de fiscalizar,
entretanto, não transforma o Conselho Tutelar, o Promotor e o Juiz em fiscais
administrativos das entidades e dos programas. Administrativamente, quem
fiscaliza são os Agentes da Prefeitura, sendo estes comandados pelo o
município.
Nova
Voz On Line
– Pessoalmente, quão difícil e desgastante é enfrentar situações extremas, que
envolvem famílias, onde muitas vezes o amor e o ódio, andam lado a lado?
Elizangela
Pereira Ramos
– É complicado mesmo! Temos que ser imparciais e olhar somente o lado da
criança/ adolescente. Muitas vezes, em casos realmente extremos, chegamos à
nossa própria exaustão com preocupações e noites sem dormir. Confesso que alguns
casos doem na nossa alma.
Nova
Voz On Line
– Por falar em família, na sua experiência profissional, o que poderia ser
feito, para evitar brigas, discussões, especialmente que marcam a vida de
crianças e adolescentes?
Elizangela
Pereira Ramos
– Penso que pais e mães, devem poupar ao máximo os filhos das brigas e
escândalos internos da família. Discussões são naturais, podem acontecer por
inúmeros desentendimentos. No entanto, deve-se sempre observar para que os
filhos não presenciem, porque isso tira a autoridade dos responsáveis e em muitos
casos, os filhos cientes dessa "fragilidade", acabam 'jogando' com
eles. O que é muito triste.
Nova
Voz On Line
– O Conselheiro Tutelar precisa ter sensibilidade, em certas situações, para
compreender o que é um abuso e o que é um corretivo, voltado a educar crianças
e adolescentes?
Elizangela
Pereira Ramos
– Muitas vezes precisamos ponderar o que é uma correção num ato de educar e um
abuso. Lembrando que os excessos nunca são perdoados mesmo porque não se faz
necessário agredir fica ou mentalmente. Na era digital é só castigar tirando
celular, tablet, enfim o acesso à internet. Dar uns livros para leitura e
participar dessa leitura também ajuda muito. nos casos em que há excesso, é
necessário que o menor seja encaminhado para uma triagem medica e até mesmo à
Delegacia de Polícia pois não podemos agir sozinhos em caso extremo de abuso.
Nova
Voz On Line
- Tirar uma criança do lar, da família, deve ser uma situação das mais difíceis
de viver. Nestes casos, o MP, a Justiça e mesmo Assistência Social e os
Psicólogos tem que papel a desempenhar, para que a decisão seja a mais correta
possível?
Elizangela
Pereira Ramos
– É necessária a análise do caso a caso, da configuração familiar e buscar uma
construção consciente, justa e afetiva do caso. Importante lembrar sempre que,
para a criança, a perda da família abusadora, pode gerar o sentimento de abuso
também. O que impõe muito cuidado, pois são vidas em construção.
Nova
Voz On Line
- A pobreza, a baixa escolaridade e outros fatores cujo componente é social,
tem que grau de importância, nas famílias que vivem problemas envolvendo
crianças e adolescentes?
Elizangela
Pereira Ramos
– A situação financeira não destitui a criança do lar e temos que muitas vezes
levar em conta que a situação financeira interfere no rendimento escolar. Mas
temos que ponderar se a criança tem baixo rendimento por conta da situação
financeira (alimentação, vestes, condução, falta de quem ensine em casa por
conta da baixa escolaridade do responsável e etc). Se há falta de interesse do
responsável em levar a criança e incentivar os estudos. Nos casos em que
identificamos falta de recurso financeiro, entramos em contato com a Secretaria
de Assistência Social, que sempre nos atende e às famílias. O Secretario da
Assistência Social, Eduardo Antunes, não mede esforços para nos auxiliar quando
necessário.
Nova
Voz On Line
– O que a sociedade, como todo, inclusive os Poderes Constituídos, podem e
devem fazer para melhorar a situação das crianças e dos adolescentes?
Elizangela
Pereira Ramos
- Sabendo que é dever de todos zelar pelo bem-estar dos nossos jovens. A
sociedade deve ser mais participativa, não só em denúncias. Deve-se também
haver oferta de mais entretenimentos e diversões, para que os nossos jovens
venham a se interessar. Mais incentivos nas escolas, para que não fiquem tão
entediados. E fiquem mecânicos em ir para a escola (sem interesse). Mais
abertura de empregos para nossos jovens no município, em programas como o Jovem
Aprendiz, ou mesmo comércios, indústrias e serviços, que possam ofertar
empregos aos adolescentes com idades permitidas para o trabalho. Incentivo é
tudo e é disso que nossos jovens necessitam. Se todos trabalharmos juntos,
estaremos fazendo grande diferença na vida de uma infinita quantidade de
pessoas.
Palavras bonitas da Sr Elizangela!
ResponderExcluirTriste senhora é uma mulher com uma filha de 8 anos e que descobre que seu pai sai ou saia com uma tal mulher que "defende os menores de idades" e ainda curtia todas as fotos da criança. Triste não é?Senhora presidente!
Ass:Marília Duarte de Pádua