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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Klebinho Cantor: Um Gênio da Música, que nasceu em Aperibé, mas é Patrimônio Cultural e Artístico de Itaocara

Kleber com seu amor e eterna namorada, a esposa Geane
Apesar de ter nascido em Aperibé, Kleber Batista – o nosso Klebinho – tornou-se patrimônio cultural e artístico do município de Itaocara. Um gênio da música, que alegrou e alegra muita gente com seu talento. Que presenteou o município com as músicas mais importantes, que falam sobre nossa Aldeia da Pedra. Canções como Princesinha do Paraíba, Moleque Amaro e agora Elefante de Pedra. Leia e guarde, pois o que levamos aos leitores abaixo é um pedaço importante da nossa história.

Nova Voz On Line – Quando despertou seu gosto para música?
Klebinho - Primeiramente é uma honra imensa poder compartilhar um pouco da minha história, principalmente através do bate papo com o meu amigo Thompson, excelente e competente jornalista. Minha admiração por você vai além do seu profissionalismo, porque somos amigos verdadeiros.

Nova Voz On Line – Obrigado pelas generosas palavras.
Klebinho - Voltando a sua pergunta; na família do meu pai, Luiz Batista, além dele, vários tios tocavam instrumentos musicais. Para mim, tudo começou quando meu irmão Carlinhos quebrou a perna e ganhou um violão, para passar o tempo. Ele não gostava que eu ficasse olhando, atrapalhando, então fechava a porta do quarto. Eu com apenas cinco anos, colocava um banquinho na porta e olhava pelo buraco da fechadura. Assistia tudo que ele aprendia.

Nova Voz On Line – Você aprendeu música pelo buraco da fechadura?
Klebinho – Pois é. E quando ele se recuperou e começou a sair de casa, eu pegava o seu violão e fazia sozinho os acordes, que o via fazer. Minha saudosa Mãe dizia: “ele vai chegar um dia e pegar você mexendo no violão dele”. E pegou! Deu-me uma bronca por mexer no violão. Minha mãe então disse: “esse menino tá fazendo tudo igualzinho a você. Tem ensinado a ele?” e vendo que eu levava jeito, meu irmão passou a me ensinar o que ele já sabia. Depois, com o tempo, se tornou meu maior admirador.

Nova Voz On Line – Que história emocionante meu amigo.
Klebinho – Quando eu estava fazendo shows, ele ficava encantado e orgulhoso. Para o meu irmão, eu era o melhor de todos. Coisa de sangue. Eu continuo dizendo que ele era mil vezes melhor do que eu. Meu irmão era fantástico no braço do violão. Só não cantava. Mas nem precisava. Ele fazia as cordas cantarem. Infelizmente, ele já faleceu. Para meu orgulho e felicidade, o violão dele está exposto na Casa da Cultura de Aperibé.

A Música como fator de EDUCAÇÃO
No Festival Itaocarense de Música, Com Lutero, Cliford Miranda e o Professor William Rimes, Patrono e grande nome do Festival
Nova Voz On Line – Acha que música deveria ser ensinada nas escolas?
Klebinho - Sem dúvida! Muitas escolas lecionam matérias com menor importância do que a música. Música é pura matemática. E é uma linguagem universal. O “Dó” aqui é o mesmo do que o “Dó” nos Estados Unidos, no Japão e etc. Música melhora a coordenação motora, amplia o raciocínio, acalma e relaxa. Música socializa, pois quem não gosta de alguém que puxa um violão e se apresenta? E quem não gosta de música? Não consigo compreender, o porquê das escolas não ensinarem música desde alfabetização.

Nova Voz On Line – Você canta e toca instrumentos. Muitos apenas tocam instrumentos, outros só cantam. Isso tem a ver com gosto (e talento)?
Klebinho - Esse é um fato curioso da música. Eu faço os dois, e sou multi-instrumentista. Não acredito que ninguém só cante ou toque, porque o mais importante é o ritmo. E isso tem nos dois casos. Conheço muitas pessoas que cantam bem e não tem ritmo. Mas nunca vi nenhum profissional tocar um instrumento fora do ritmo. E também desconheço ser possível ensinar alguém a cantar sem ser no ritmo certo. Por isto a melhor resposta é que tocar ou cantar, ou fazer os dois, é uma questão de escolha individual. Mas músico é músico. Sabe cantar e tocar instrumentos.

Patrimônio Cultural e Artístico de Itaocara
Klebinho participando do Bata Papo da Manhã, na 87 FM, com Henrique Resende, Adilson Nana, Dona Irenice Fernandes de Azevedo e Ronald Thompson
Nova Voz On Line – Você nasceu em Aperibé, mas hoje pertence à Itaocara. É nosso patrimônio cultural. Quando veio morar no município?
Klebinho - Meus pais vieram morar aqui em 1970. Com eles, na bagagem, vieram os cinco filhos. Sou o mais novo e tinha oito anos. Agradeço suas palavras, sobre ser patrimônio cultural. O que sei que sou é apaixonado por Itaocara, terra que me recebeu e me acolheu de braços abertos.

Nova Voz On Line – Pode nos contar um pouco da história de amor com sua esposa?
Klebinho - A Geane é uma pessoa sensacional. Nos conhecemos no Recanto da Saudade. Foi difícil. Ela não queria me namorar. Mas eu cantei, cantei, cantei, cantada mesmo e consegui (risos). Em um ano e meio nos casamos. Minha parceria da vida. Sempre ao meu lado pra qualquer coisa. Incentivadora incondicional na música. Ser humano diferenciado. Grande profissional, formada em Biologia. Acho que pelo conhecimento que ela adquiriu nessa área, deveria ser mais valorizada em nosso município. E uma Mãe formidável. Ou seja, Geane é o grande presente que papai do céu meu deu.

A Famosa Banda Transito Livre
A Histórica Banda Transito Livre
Nova Voz On Line – Você nos contou certa vez, que houve um período de sua carreira, que o número de shows era insano. Disse-nos que na época do Transito Livre, acordou determinado dia, sem lembrar em qual cidade estava, devido a terem percorrido vários municípios numa única noite. Apesar de a maioria achar que vida de artista é fácil, tem muito trabalho duro envolvido, não é mesmo?
Klebinho - Já ralei muito. Passei pelos conjuntos Superstar, Superstatus, Lupy Show, Grupo Delta, além de interprete de Escola de Samba, Carreira Solo em toda região. Durante muitos anos, em Nova Friburgo, participante e vencedor de vários festivais. A Banda Transito Livre foi uma escola. Sempre fomos amigos, todos os integrantes. Fizemos um sucesso tremendo nos anos 80. Tocamos em vários Estados. Às vezes dormíamos numa cidade e acordávamos noutra (risos). Era muito bom. Agradecimentos eternos aquele que na época acreditou e abraçou nossa arte, o grande amigo Olair Miranda, Saudades.

Nova Voz On Line – Mas era puxado?
Klebinho – Muito! Boa parte das pessoas pensa que é só subir no palco, cantar e tocar. Esquece os ensaios, que são cansativos e estressantes. As viagens, e quem faz shows em duas, três, quatro cidades diferentes, numa só noite, sabe que no final, a mente e o corpo estão super cansados. E no outro dia, tudo começa de novo. Não é fácil. É realmente um TRABALHO.

Nova Voz On Line - Nos conte mais sobre o Transito Livre. Como foi viver aquele momento?
Klebinho - Foi incrível. Aconteceu de tudo um pouco. Já empurramos Kombi de morro acima, porque não subia. Noutra vez o França esqueceu os pratos da bateria e tivemos que improvisar com as calotas da Kombi. Uma vez fomos na carroceria de caminhão chovendo, para fazer o baile e acompanharmos o cantor Elimar Santos, que na época estava começando a carreira. Também o saudoso senhor Erodi Lopes Rubim, empresário, sócio fundador da Ita Representações, nos emprestava o caminhão 608 da ITA, pra gente levar os equipamentos. Gratos eternamente aos motoristas Caisé e Guto. E Eu, Picafumo, Benicio, Fabrizio, Raquel, Enilson e França, vivemos naquele tempo muitas aventuras. São diversas histórias pra contar. Quem sabe, qualquer hora, vira um livro?
A Galera do Transito Livre se encontrou recentemente
Nova Voz On Line - O relacionamento entre os membros era bom?
Klebinho – Muito bom. Lógico que pontualmente, pode ter existido um atrito aqui outro ali. Mas até hoje, depois de mais de trinta anos, continuamos amigos. Separados pelos caminhos que cada um foi tomando. Mas amigos para sempre. Infelizmente o Trompetista, Enilson, faleceu ano passado.

Nova Voz On Line – Existe chance de reunirem-se, para tocarem juntos e reviver aqueles momentos?
Klebinho - Esse é o meu grande desejo. Quase conseguimos em 2018. Mas não deu certo. Acho que não era o momento. Mas tenho esperança de fazer um reencontro e mostrar que os dinossauros do Rock Roll dos anos 80, ainda podem fazer bonito, mesmo agora velhinhos.
As Grandes Composições Musicais
Klebinho com a filha Luíza e a esposa Geane
Nova Voz On Line – Agora quero que nos conte a história de algumas músicas. Sobre a inspiração para compô-las. Vamos lá:

A) Princesinha do Paraíba - Essa cidade, ahhhh essa cidade, como eu gosto. Não poderia deixar de compor uma música em homenagem e agradecimento pela acolhida que tive e tenho em Itaocara.

B) Moleque Amaro - Me foi encomendado à composição de uma trilha sonora, para um filme baseado no livro do Gamaliel Borges Pinheiro: Moleque Amaro, contando a história de um grupo de justiceiros que atuou na região, no final do século XIX, início do Século XX. Fiz a minha parte, mas, infelizmente, o filme não aconteceu.

C) Vai Idade) - Eu amava, adorava e fazia tudo que fosse preciso, para o grupo Renascer de Itaocara (grupo da terceira idade). Também fiz a música hino deles. E em homenagem a eles, compus e gravei, no meu primeiro CD, a música VAIDADE (mulher vaidosa é mulher de verdade, não importa o tamanho, o peso, nem a idade). Infelizmente não canto mais para o Grupo. Sabemos que ele é muito importante para Itaocara.

D) Elefante de Pedra - Sou muito saudosista. Quando cheguei a Itaocara, tive o prazer de encontrar todas essas maravilhosas obras do ex-prefeito, Dr. Carlinhos, funcionando perfeitamente. Conheci esse cara fantástico. Muito além do seu tempo. Futurista. Que fazia de tudo para que o turismo fosse a principal pasta da Prefeitura de Itaocara. Gosto muito de ficção científica e acho que Dr. Carlos Moacir de Faria Souto inventou uma máquina do tempo e veio do futuro Para Itaocara. Só pode Ser! Então pedi permissão ao seu filho Charlô, que prontamente me autorizou a composição e surgiu ELEFANTE DE PEDRA, em homenagem a ele e as maravilhas que nos legou. Muito já acabou. E o que restou está acabando, infelizmente. Tentei colocar todas em uma única música, acho que ficou bom.

Nova Voz On Line – Elefante de Pedra é a primeira de uma série de canções, que vão ajudar a contar a história de Itaocara?
Klebinho – Sim. A intenção é essa. Quero fazer muitas outras. Já tenho rascunho de várias. Inclusive vou pedir permissão para compor sobre dois grandes amigos e adversários políticos: Zé Romar e Dr. Robério. Se me autorizarem, eu faço. Aliás, termino.

Os Grandes Parceiros, a Filha Luíza e Conclusão
Klebinho e seu amigo e parceiro Oswaldo Soares
Nova Voz On Line - Quem são (ou foram) os grandes parceiros, com quem tinha (têm) prazer em trabalhar?
Klebinho - Itaocara é um celeiro de talentos. Fica difícil dizer nomes. Mas alguns pra mim são especiais: Osvaldo Soares, Silvinho Falante, Roberto e Robernely Reis. TODOS da banda Transito Livre, da banda ITA SHOW, além dos aperibeenses Lutero e Lauro. E muitos outros grandes artistas. Destaco também um ser humano incrível, que tem uma sensibilidade musical fora do comum, o meu querido amigo Dr. Marciano.

Nova Voz On Line - Ver a Luíza, sua filha, com o violão, tocando e cantando, desperta que sentimento em você?
Klebinho – Cara ...  Ciúmes ... risos. Afinal ela é linda. Minha menina de ouro. Talentosa, estudiosa, religiosa, mas acho que vai ter a música como Hobby. E é melhor assim. Mas, se quiser, tem talento de sobra pra ser profissional.

Nova Voz On Line – A partir da sua experiência, que conselho daria a quem sonha em seguir carreira como músico profissional?
Klebinho - Boa pergunta. Cheguei a suspirar para responder. Primeiro estudar, estudar e estudar. Digo estudar na escola e na música, porque se for viver de música, no interior, a maior chance é ser mais um desvalorizado. Então tem que buscar ser diferenciado. Deixar nosso lugar para estudar e tentar o sucesso lá fora. Do contrário, repito, será só mais um.

Nova Voz On Line – Precisa buscar o sucesso num grande centro, não é?
Klebinho - Uma vez fui convidado para uma festa e me disseram: leva o violão. Então mandei alguém levar só o violão. E não fui. Afinal de contas, quem é que foi convidado? Eu ou o violão? (RISOS).

Nova Voz On Line – Boa!
Klebinho – Falando sério, aproveito a oportunidade para agradecer a Deus pela minha vida, rica em muitas experiências. A você que tanto defende, propaga e valoriza os artistas da terra e a toda minha família e amigos, que me incentivam e marcam presença em meus shows. Ainda estou aqui e ainda posso mostrar esse dom maravilhoso que Deus me deu. Beijo no coração e Muito Obrigado.
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