Olá Conterrâneos, Amigos e Leitores
Como relembrar um tempo feliz é ser feliz por algum tempo, vamos tirar a poeira da memória e "viajar" nas memórias da infância?
Cuidem-se. Fiquem bem. Até a próxima.
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ITAOCARA DE MUITAS HISTÓRIAS (Editado)
Como falar de Itaocara sem saudosismo?
Impossível deixar a emoção de lado ao discorrer sobre fatos históricos,
política local ou qualquer outro tema ligado à nossa Aldeia.
Se a Aldeia é de Pedra, a memória do coração é de manteiga e se derrete por inteiro ao relembrar as ruas, praças, pessoas e fatos inesquecíveis.
Quando a memória afetiva é infinitamente maior do que qualquer palavra pode traduzir, o que fazer? Na medida do possível, manter o foco na mensagem que se pretende passar, mesmo que a saudade insista em correr pelos olhos. Mesmo que a memória, por vezes nos traía.
Nos bancos escolares, da nossa saudosa Escola Nossa Senhora das Graças e do nosso, também saudoso, Colégio Itaocara, aprendemos a história da fundação da cidade.
Valéria comemorando cinco anos de vida com a família e amigos em sua residência |
Como os indígenas viviam em constante conflito, com o propósito de controlar a situação, seguiram para a localidade o frei Ângelo Maria de Luca e o frei Vitório Cambiasca, iniciando o processo de colonização. Posteriormente, chegaram os imigrantes, principalmente os sírios, que se estabeleceram por toda a região.
Os fatos históricos transmitidos às gerações pela educação formal ou pela tradição oral e empírica são de conhecimento de todos. A história conta a sua história. Porém, cada um de nós, itaocarenses de berço ou por adoção, temos as nossas próprias lembranças individuais e personalíssimas.
Muito embora ainda me faltem alguns anos para chegar à dita "melhor idade", me sinto como uma velha anciã ao relembrar de uma Itaocara que hoje vive apenas nas minhas melhores lembranças de infância.
Mudou o comércio, o trânsito, mudaram as relações de afeto e amizade.
Mudamos todos nós. A dinâmica da vida mudou e, nesse mundo globalizado, plugado, antenado, competitivo, não há mais espaço ou tempo disponível para o bate papo na calçada - como nossas mães gostavam de colocar as cadeiras na frente de casa, para uma prosa de final de tarde, enquanto brincávamos livres e seguros ao redor.
A cerveja dos nossos pais no bar das quatro esquinas, a nossa pizza da adolescência na lanchonete Xangô, do outro lado da calçada, faziam parte da rotina.
"Lar é onde mora nosso coração" - Afirma nossa colunista, a Advogada e Escritora, Valéria Leão |
Católica que sou, trago na memória, como maior líder religioso daqueles primeiros anos de vida, nosso inesquecível Monsenhor Pedro Maia Saraiva. Compadre de meus pais, era presença garantida nas reuniões de família. Quantos conselhos e ensinamentos, quanta aprendizagem!
Impossível falar sobre Itaocara e não mencionar os grandes expoentes da Educação local: Nildo Nara e William Rimes. Homens sérios, sábios e competentes, dignificaram o ofício de Educador. E, na minha doce memória de infância, Neuza Ferraz ocupa um lugar especial.
Se a Itaocara da minha infância não existe mais, se os sobrados da Coronel Pitta de Castro perderam um pouco da sua natureza de "lar doce lar", se o comércio se expandiu, se estacionar no Centro da cidade se transformou em uma missão quase impossível, se muitos (como eu) partiram, outros tantos chegaram e a vida seguiu seu rumo. Porque é assim que tem que ser.
Cada um de nós vivendo a sua história. Todos nós levando consigo um pouco do sangue dos Puris e Coroados, dos imigrantes sírios ou de outras nacionalidades, todos nós irmanados por um só sentimento de amor à nossa Aldeia.
Saudade tem nome e lugar:
Itaocara, para sempre eu vou te amar.
Parafraseando Drummond, eu saí de Itaocara, mas Itaocara jamais saiu de mim.
PARABÉNS MINHA ALDEIA
VALÉRIA FARIA LEÃO
Compartilho de sua emoção e de suas palavras. Acho que jamais veremos novamente a nossa cidade como era. Dos grandes festivais de camarão e chopp, dos bailes do Nacional e do União. Da beira rio e suas lindas praças e até dos namoros no Moisés...rs. Só entende quem é de Itaocara. Abraço
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