Olá Caros
Conterrâneos, Amigos e Leitores. A campanha Outubro Rosa nos lembra da
importância da prevenção do câncer de mama, essa grave enfermidade que carrega
com ela um grande estigma.
Valéria com o marido e parceiro de vida, Luiz, que foi fundamental na vitória contra o câncer |
Manter um estilo de vida mais saudável, com boa alimentação e a prática regular de atividade física, também, ajuda na prevenção; não somente dessa, mas de diversas outras doenças.
Por mais difícil que seja essa travessia, do diagnóstico e por todo o longo período do tratamento, vencer um câncer fortalece a nossa crença em que a vida nos é dada para grandes coisas.
Um câncer de mama é um grande e doloroso imprevisto que altera completamente a rotina por um longo período de tempo, adiando planos e fazendo com que a paciente reflita sobre o quê realmente é importante nessa existência.
O apoio da família ajuda, em muito, na travessia desse momento difícil. Decidir pelo silêncio, mesmo que seja por uma causa nobre, acrescenta muito sofrimento nessa fase delicada da caminhada.
Deixo aqui registrada a minha eterna
gratidão ao meu marido, Luiz Carlos Leão, por ter estado comigo durante todo o
difícil percurso dessa jornada. Registro, ainda, o apoio essencial de minha
irmã, Viviane, que fez comigo a contagem regressiva mais importante dessa
minha existência.
Aproveito a oportunidade para fazer um importante pedido: homens apoiem as suas mulheres. Cuidem-se. A prevenção salva vidas. A saúde é o nosso maior patrimônio. É no nosso corpo que a nossa alma habita.
Segue um pequeno conto de minha autoria. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
Até a próxima.
Instagram: valeria.adv.leao
O IMPREVISTO
Aos quarenta e poucos anos ela começou a planejar a sua festa de celebração de seus cinquenta anos. Seu espírito de menina do interior planejava festejar seu aniversário entre familiares e amigos no clube da cidade onde tinha vivido bons momentos da infância
O local, o tema e a lista de convidados já haviam sido pensados. Seria um momento de alegria e reencontro nesse grande "ARRAIÁ" de celebração da vida. Eram esses seus planos.
No pós terapia, o cabelo cresceu, o rosto voltou a forma original, e a vida seguiu, como diz a música: "a vida é bonita, é bonita e é bonita" |
Ela, que havia acabado de concluir a faculdade pela qual tanto esperou; recebeu o diagnóstico de um câncer na mama.
Os preparativos para a sua comemoração
estavam adiados por tempo indeterminado. Não havia tempo, tampouco saúde, ânimo
e disposição para se pensar em festas. Um tratamento severo deveria ser
iniciado imediatamente.
O salão de festas foi substituído pelos consultórios, centro cirúrgico, salas de quimioterapia e radioterapia. A feliz expectativa da comemoração cedeu lugar ao medo e à insegurança em relação ao que estava por vir.
Entre consultas, exames de risco cirúrgico e outras providências necessárias à batalha que travaria pela sua cura, decidiu que pelo menos a segunda prova do seu Conselho de Classe seria realizada.
Naquela tarde de domingo de final de verão, um sol muito forte entrava pela janela da sala onde ela estava realizando a prova. A sensação de calor e o desconforto tiravam a concentração necessária ao seu bom desempenho.
Em determinado momento, ela pensou:
- O que estou fazendo aqui, por que estou me expondo à essa situação estressante se nem sei se terei saúde e vida para receber essa carteira profissional?
Porém, olhando pela janela e contemplando a beleza daquela tarde, pensou: "Deus não teria me trazido até aqui se a Sua Graça não pudesse me alcançar". E continuou ali, finalizando a tarefa que a levaria a concluir um projeto de vida.
Por amor, também decidiu não contar aos seus familiares e amigos que estava travando aquela árdua luta pela sua vida. Apenas seu marido e uma de suas irmãs guardaram o seu segredo a "sete chaves", suportando a angústia de acompanhar com ela cada fase do tratamento em silêncio.
Foram ombro amigo, confidentes e fizeram com ela a contagem regressiva mais importante da sua vida. Após a primeira sessão de radioterapia ela ligou para a irmã e disse: "agora só faltam vinte e nove".
Durante todo o processo, do diagnóstico aos dias atuais, seu marido tem sido seu fiel companheiro de todas as horas.
Foram tempos difíceis, porém, mesmo nos piores momentos ela jamais questionou: "Senhor, por que comigo?".
Ao final de toda sua jornada, a sensação era de estar chegando de uma cavalgada no inferno. Porém, como bem lembrado por sua irmã: "nunca mais diga isso, porque Deus esteve o tempo todo com você e Ele não anda por esse lugar".
A saúde ainda inspira cuidados. Consultas, exames necessários ao acompanhamento da doença e medicamentos, fazem parte da sua rotina.
Diante da impossibilidade de prever o que a aguarda no futuro, ela continua vivendo seus dias da melhor maneira possível. As cicatrizes do passado não a deixam esquecer da fragilidade da vida.
Nesse momento, meu caro leitor, você deverá estar se perguntando: "Como ela se chama? E por onde ela andará agora?".
Ela poderia se chamar Maria, como tantas outras. E hoje ela está por aí, seguindo em frente e arriscando em outras áreas de atuação. Em um passado recente, ela concretizou o sonho daquela festa por tanto tempo adiada, não mais para comemorar os cinquenta anos, mas, para lançar o seu primeiro livro.
Porque afinal, como nos versos de sua canção preferida, "a vida é bonita, é bonita e é bonita."
O IMPREVISTO (Editado) - COMPARTILHANDO SENTIMENTOS PARA NÃO
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