Outubro chega
trazendo com ele as melhores lembranças da infância. Memórias de uma Itaocara
que ao longo dos anos foi se transformando. Aquela cidadezinha pacata, hoje
vive somente nas lembranças de uma geração que está um pouquinho avançada nos
anos - nossos cabelos brancos não nos deixa mentir.
Valéria Faria, com Rejane Barros e Norma Coutinho: uma lembrança viva no coração |
Sem brinquedos eletrônicos, o giz branco marcava a calçada para o jogo da amarelinha. Sentados na soleira da porta, bastavam cinco pedrinhas e um outro jogo se iniciava. No final de tarde, em ruas com pouco movimento, a turma se reunia para jogar "queimada" e só voltava para casa quando o sol já se escondia.
Sim meus caros, faço parte dessa geração analógica, que sem os recursos do mundo virtual, aproveitou a infância no mundo real, como muitos de vocês. Era um tempo em que joelho ralado, gesso no braço, perna ou pé, não raramente, faziam parte do pacote. Não é mesmo?
Com amigos de Infância: reencontro fantástico, durante o I Festival Gastronômico de Itaocara |
Uma época em que nossas mães, no
finalzinho da tarde, sentavam em cadeiras na calçada para "apanhar a
fresca"; nossos pais se reuniam no bar das "quatro esquinas", e
a criançada tomava um refrigerante na padaria do "Seu" Mário
Monteiro.
Nos dias quentes era impossível resistir ao picolé do "Seu Zé". Aquele senhor de corpo miúdo, com sua caixa de isopor, fazia a alegria da molecada quando passava anunciando: "olha o picolé"! Era o melhor, sem sombra de dúvida.
A vida era mais simples, os dias mais longos, as amizades mais verdadeiras.
Acho que éramos mais felizes na nossa inocente simplicidade.
Atualmente, nesse mundo digital e cada vez mais competitivo, por uma série de circunstâncias, as crianças estão perdendo valiosas oportunidades de serem apenas crianças.
Da escola Nossa Senhora das Graças, de Neuza Ferraz, até a Graduação em Direito: um caminho percorrido pela Educação |
Nós, que tivemos a oportunidade de viver nessa Itaocara bucólica, privilegiados que fomos, somos gratos à vida por todos os momentos de alegria e aprendizado.
Meu desejo de hoje e sempre é por uma infância com mais brincadeiras criativas e presenciais, com mais presença e menos presentes, com mais lições de solidariedade e amor ao próximo e à natureza; mais mãos sujas de terra plantando as sementes de um amanhã melhor para toda a criação divina. Contribuir para que isso tudo aconteça, esse deve ser o nosso compromisso para com as novas gerações.
No meio dessas lindas crianças, meu sobrinho Gustavo: quão diferente Itaocara e o Mundo, em que vivemos. (Turma de alfabetização do Chapeuzinho Vermelho) |
NOTA DA AUTORA: Sou muito grata a Deus por todos os anos vividos na minha amada Aldeia da Pedra, por ter compartilhado esse período da vida com pessoas maravilhosas e por manter laços de afetuosa amizade com muitas delas até hoje.
Instagram. valeria.adv.leao
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