Olá
Conterrâneos, Amigos e Leitores
Como relembrar um tempo feliz é ser
feliz por algum tempo, vamos tirar a poeira da memória e "viajar" nas
memórias da infância?
Cuidem-se. Fiquem bem. Até a próxima.
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valeria.adv.leao
ITAOCARA DE MUITAS HISTÓRIAS (Editado)
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Nosso querido José Bechara, principal fotógrafo do município de todos os tempos, eternizando um momento com os saudosos Monsenhor Pedro Maia Saraiva, o ex-Prefeito de Aperibé, Ataíde Faria Leite (que tem seu filho mais novo no colo) e nossa escritora e colunista, Valéria Faria Leão, ao lado do Monsenhor, do irmão caçula e do pai. Mário Monteiro olhando para direto para a lente |
Como falar de Itaocara sem saudosismo?
Impossível deixar a emoção de lado ao discorrer sobre fatos históricos,
política local ou qualquer outro tema ligado à nossa Aldeia.
Se a Aldeia é de Pedra, a memória do
coração é de manteiga e se derrete por inteiro ao relembrar as ruas, praças,
pessoas e fatos inesquecíveis.
Quando a memória afetiva é
infinitamente maior do que qualquer palavra pode traduzir, o que fazer? Na
medida do possível, manter o foco na mensagem que se pretende passar, mesmo que
a saudade insista em correr pelos olhos. Mesmo que a memória, por vezes nos
traía.
Nos bancos escolares, da nossa saudosa
Escola Nossa Senhora das Graças e do nosso, também saudoso, Colégio Itaocara,
aprendemos a história da fundação da cidade.
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Valéria comemorando cinco anos de vida com a família e amigos em sua residência
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Nos contam os livros e os registros
que Frei Tomás, capuchinho italiano, fundou Itaocara e que a região era
habitada à época, pelos índios Puris e Coroados.
Como os indígenas viviam em constante
conflito, com o propósito de controlar a situação, seguiram para a localidade o
frei Ângelo Maria de Luca e o frei Vitório Cambiasca, iniciando o processo de
colonização. Posteriormente, chegaram os imigrantes, principalmente os sírios,
que se estabeleceram por toda a região.
Os fatos históricos transmitidos às gerações pela educação formal ou pela tradição oral e empírica são de conhecimento de todos. A história conta a sua história. Porém, cada um de nós, itaocarenses de berço ou por adoção, temos as nossas próprias lembranças individuais e personalíssimas.
Muito embora ainda me faltem alguns anos para chegar à dita "melhor idade", me sinto como uma velha anciã ao relembrar de uma Itaocara que hoje vive apenas nas minhas melhores lembranças de infância.
Mudou o comércio, o trânsito, mudaram as relações de afeto e amizade.
Mudamos todos nós. A dinâmica da vida mudou e, nesse mundo globalizado, plugado, antenado, competitivo, não há mais espaço ou tempo disponível para o bate papo na calçada - como nossas mães gostavam de colocar as cadeiras na frente de casa, para uma prosa de final de tarde, enquanto brincávamos livres e seguros ao redor.
A cerveja dos nossos pais no bar das quatro esquinas, a nossa pizza da adolescência na lanchonete Xangô, do outro lado da calçada, faziam parte da rotina.
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"Lar é onde mora nosso coração" - Afirma nossa colunista, a Advogada e Escritora, Valéria Leão
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Hoje nos falta tempo e, infelizmente,
a insegurança pública dos nossos dias nos rouba até mesmo esses pequenos
prazeres.
Católica que sou, trago na memória,
como maior líder religioso daqueles primeiros anos de vida, nosso inesquecível
Monsenhor Pedro Maia Saraiva. Compadre de meus pais, era presença garantida nas
reuniões de família. Quantos conselhos e ensinamentos, quanta aprendizagem!
Por certo, outros líderes de outras religiões, eram contemporâneos de Monsenhor Saraiva; mas na minha memória e no meu coração, ele será eternamente meu mais importante guia espiritual.
Impossível falar sobre Itaocara e não
mencionar os grandes expoentes da Educação local: Nildo Nara e William Rimes.
Homens sérios, sábios e competentes, dignificaram o ofício de Educador. E, na
minha doce memória de infância, Neuza Ferraz ocupa um lugar especial.
Se a Itaocara da minha infância não
existe mais, se os sobrados da Coronel Pitta de Castro perderam um pouco da sua
natureza de "lar doce lar", se o comércio se expandiu, se estacionar
no Centro da cidade se transformou em uma missão quase impossível, se muitos
(como eu) partiram, outros tantos chegaram e a vida seguiu seu rumo. Porque é
assim que tem que ser.
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Missa de Ação de Graças celebrada pelo mais importante pároco da história de Itaocara, Monsenhor Saraiva. Com a presença dos pais de Valéria, Ataíde e Nely; tios, o irmão de Valéria, Gefferson. As crianças são Valéria, Dayse França e Rejane Barros
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Como as águas do velho e sofrido
Paraíba do Sul que, apesar dos pesares, vai cumprindo o seu destino, esse povo
forte segue na sua labuta diária. Entre perdas e ganhos, alegrias e tristezas,
com os pés firmes no solo da Aldeia querida ou em Terras distintas, vamos
seguindo com os nossos destinos.
Cada um de nós vivendo a sua história.
Todos nós levando consigo um pouco do sangue dos Puris e Coroados, dos
imigrantes sírios ou de outras nacionalidades, todos nós irmanados por um só
sentimento de amor à nossa Aldeia.
Saudade tem nome e lugar:
Itaocara, para sempre eu vou te amar.
Parafraseando Drummond, eu
saí de Itaocara, mas Itaocara jamais saiu de mim.
PARABÉNS MINHA ALDEIA
VALÉRIA FARIA LEÃO