Drª Erilza Faria Ribeiro - Psicóloga |
As pessoas com sentimentos suicidas sentem-se
cercadas por medo e incompreensão. As comunidades são frequentemente julgadoras
e por isso muitos preferem se calar e superar as adversidades sozinhos, o que
torna ainda mais árduo atravessar esses momentos. Quando se sente acolhido,
ouvido em suas angústias e dúvidas é possível sentir-se fortalecido. Superar o
tabu em torno dos sentimentos suicidas, falar mais abertamente, conseguir
admitir para si mesmo suas dores e compartilhar a fim de pedir ajuda para se
fortalecer é uma grande chave para prevenir o suicídio.
A história que deu origem a campanha “Setembro
Amarelo”
Em 1994, no
Colorado, Estados Unidos, um jovem de 17 anos chamado Michael Emme (Mike),
cometeu suicídio dentro se seu Mustang
1968, carro amarelo que comprou e reformou para ser seu primeiro veículo. Mike tirou
a própria vida em frente de casa, dentro do carro, dias antes de completar 18
anos. Os pais, desesperados ao verem que o garoto disparou um tiro na própria
cabeça, não conseguiam entender como não perceberam que ele não estava bem.
Mike nunca havia dito nada a ninguém sobre seus sentimentos, nem expressado
nada que indicasse que estava atravessando um período de “trevas” em sua
existência.
Concluíram que
se Mike tivesse se aberto com agluém, contado pelo que estava passando, sua
partida precoce deste mundo poderia ter sido evitada. No velório de Mike, os
familiares e amigos prepararam centenas de cartões amarrados com fitas
amarelas. Dentro deles estava a mensagem: "Se precisar, peça ajuda" e
telefones de várias pessoas. Esses cartões se espalharam por vários lugares dos
Estados Unidos e em poucos dias os amigos e familiares de Mike começaram a
receber ligações de pessoas que estavam pensando em por fim à própria vida.
Dessa iniciativa nasceu a Associação
Yellow Ribbon, que passou a conscientizar as pessoas em todo os Estados Unidos.
Logo, esse movimento também ficou famoso no Brasil e estabeleceu setembro, mês
da morte de Mike, como época primordial de combate ao suicídio.
Combate e Prevenção do suicídio
Dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS) revelam que a cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e
um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio. O suicídio foi a segunda
principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de
2016. Os números apontam o Brasil como oitavo país do mundo em suicídios. Ao
ser considerado como problema individual, o suicídio não é reconhecido como
questão de saúde pública, e por isso, algumas ações preventivas não são tão adequadas.
O enfoque para prevenção do suicídio deve estar relacionado a todo o contexto
social e as vulnerabilidades que podem produzir a ideação suicida,
principalmente em grupos mais vulneráveis, como adolescentes e pessoas que
sofrem discriminação. Por esta razão, o CFP reforça a importância de que a
prevenção, assim como o debate sobre as questões relacionadas ao suicídio,
depressão e demais ações de saúde mental, devem ocorrer durante todo o ano e
não apenas em meses temáticos, justamente por abarcarem questões de saúde
pública da população. O papel da Psicologia é acolher e ressignificar os
sofrimentos, a partir do entendimento de como são produzidos nas instâncias
sociais, históricas e culturais.
No Brasil, apesar de se intitular
Setembro Amarelo, a campanha de prevenção do suicídio exite o ano todo.
Contamos ainda com o CVV (Centro de Valorização da Vida) que disponibiliza o
número de telefone 188, além de chat on-line e e-mail com pessoas disponíveis
para escutar o outro e acolher seu sofrimento.
Os sentimentos suicidas tendem a ser
um misto de sentimentos e impressões mal compreendidas por quem os sente.
Geralmente a pessoa não de fato morrer, mas ela busca e não consegue encontrar
caminhos para modificar sua vida, para vivenciar as dificuldades que vem
enfrentando. Acaba pensando que a única forma de acabar com essa “dor na alma”
e deixar de viver. Mas, essa não é a única opção, nem a que melhor soluciona os
problemas, é uma fuga sem retorno. Na verdade, aliviar sua dor ao poder falar
sobre ela, ser ouvido e se sentir compreendido, superar os tabus e medos de que
será julgado, é a parte mais importante para suportar e enfrentar o sofrimento,
as adversidades. Não digo que é fácil e simples, mas é possível, mais até do
que a coragem de tirar a própria vida. Sempre digo que as pessoas que cometem
suicídio tinham muita força, mas não a tinham reconhecido, pois para se
suicidar é preciso de uma coragem bem maior do que a para enfrentar a dor que é
viver. Só é preciso dividir o fardo e encontrar a partir de ser ouvido por uma
escuta acolhedora e, de preferência, qualificada para encontrar de novo sua força,
enfrentar as batalhas pessoais e sociais e experimentar as recompensas que vêm
depois.
Se você está vivenciando esse tipo de
sentimento busque ajuda. Vamos romper esse tabu em torno dos sentimentos
suicidas, fale sobre sua dor, procure uma ajuda qualificada de um psicólogo ou
outro profissional de saúde mental, não perca as oportunidades de seu caminho
por vergonha ou medo se abrir e tentar superar. E para quem conhece ou às vezes
escuta alguém com esse tipo de questão não julgue. Acolha a dor do outro, que
poderia ser você; não subestime o que é ou não sério, cada um vive as situações
de uma forma, o que pode ser simples para você, pode não o ser para o outro;
escute, acolhe, indique uma ajuda qualificada. Vamos juntos prevenir a tragédia
que é o suicídio.
Busque informações, procure ajuda,
fale abertamente sobre as emoções.
A fala auxilia no entendimento dos
sentimentos, na compreensão do que se passa dentro de si. Sem julgamentos,
contra si ou contra o outro. E, se quiser, busque o CVV. Ligue 188.
Como Psicóloga, me disponibilizo a
atender você que tem questões como as relatadas com uma escuta qualificada e
acolhedora.
Entre em contato comigo e agende um horário para conversarmos.
(WhatsApp 22-981286108 ou e-mail: erilzafaria@gmail.com)
Erilza Faria Ribeiro – CRP 05/46629
Psicóloga, Mestre em Ensino,
Pós-Graduada em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.
https://site.cfp.org.br/cfp-chama-atencao-para-a-importancia-da-psicologia-na-prevencao-ao-suicidio/
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