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sábado, 26 de outubro de 2019

Bené Rodrigues conta um pouco de sua rica trajetória de vida na série em homenagem aos 129 anos de Itaocara

Bené Rodrigues: Administrador nato. Homem criado na zona rural, que quando foi viver na cidade grande (Rio de Janeiro), aprendeu muito e conheceu seu grande amor: a Dona Darlene. Com ela se casou e veio para Itaocara. Aqui tiveram dois filhos: Andreia, Advogada, e Alexandre, Analista de Sistema. Foi Rei Momo do nosso Carnaval. Foi Presidente do Nacional Esporte Clube. Mantém uma das Distribuidoras de Bebidas mais tradicionais da região. Hoje, na série dos 129 anos de Itaocara, contamos a história desse GIGANTE ITAOCARENSE.
Bené com seus amores: esposa Darlene e filhos Alexandre e Andréia
Nova Voz ONLINE – Pode nos contar sobre sua família?
Bené Rodrigues - Meu pai e minha mãe nos criaram no campo. Sou o mais novo, de quatro irmãos: três mulheres e eu. Nosso início de vida, como crianças, na roça, foi difícil. Estudar, para nós quatro, era muito difícil. Estudamos até onde foi possível. Somos de São Sebastião do Alto. Da zona rural. Da beira do Rio Grande. Soa até como brincadeira, mas naquela época, só depois de três horas a cavalo, é que chegávamos ao lugar onde podíamos pegar uma Kombi e ir até o Valão do Barro.

Nova Voz ONLINE – Muito diferente de hoje em dia.
Bené Rodrigues – E esse esforço todo, para cursar o ginásio até o segundo ano. E era o máximo que podíamos na época. Bom destacar, que isso não nos fez menores do que ninguém. A família então, é quem ensinava os principais valores. Nossos pais nos ensinaram a respeitar a todos, principalmente os mais velhos.

Nova Voz ONLINE - Que lembranças têm da Itaocara em sua infância e adolescência?
Bené Rodrigues – Como já contei, não fui criado aqui. Mas, certa vez, quando vim até Itaocara, numa enchente, quando vi pessoas andando de barco pelas ruas, fiquei impressionado. Era criança. Não tinha noção do sofrimento com as cheias do rio Paraíba. Ficou na minha memória.

Nova Voz ONLINE - Em sua adolescência, o que os jovens gostavam de fazer?
Bené Rodrigues – Neste período curti muito. Ainda morava na zona rural. Mas nós vínhamos para a rua (cidade) paquerar. Nos finais de semana tínhamos os dois clubes, Nacional e União, e o famoso Pinguelão. Os nascidos nos anos 50 vão lembrar-se destas atrações.

Nova Voz ONLINE – O jeito de viver dessa época parece mais inocente.
Bené Rodrigues – Com certeza! Lembro-me dos carnavais de rua, que iam até meia noite. Depois os grandes bailes dos clubes Nacional e União. Ai sim, a juventude da minha época se distraía de verdade. Curtíamos sem pensar em drogas, nem coisas erradas. O máximo que fazíamos era tomar um samba, que, para quem não sabe, é pinga com coca cola. Essa era a bebida da moda em minha juventude. Depois dessa fase, saí da região. Fui servir na Aeronáutica. Passei alguns anos fora.

Dona Darlene: o Grande AMOR

Nova Voz ONLINE – Como surgiu sua esposa em sua vida?
Bené Rodrigues – Eu morava na cidade do Rio de Janeiro, quando conheci a Darlene, que viria ser minha esposa, minha companheira da vida toda. Eu a conheci no meu trabalho. Neste tempo já tinha amadurecido. A vida me ensinou lições que me levou a gerenciar a empresa Meira S/A. As tarefas eram muitas. Precisei contratar uma Secretária.
Bené e Darlene: um amor pra vida toda.
Nova Voz ONLINE – Que história bacana!
Bené Rodrigues – Pois é. Fui entrevistar a Darlene. Interessante, é que então, nós dois éramos noivos de outras pessoas. Porém, começamos a ficar amigos. Confidentes. A dividir problemas. Quando percebi, tinha me apaixonado. Terminei o meu noivado. Dias depois ela também terminou o dela. Hoje refletindo, foi a melhor coisa que me aconteceu. Um ano depois dessa história, essa empresa onde trabalhávamos, que era uma multinacional, encerrou suas atividades no Brasil.

Nova Voz ONLINE – Poxa! E o que fizeram?
Bené Rodrigues – Tínhamos propostas profissionais para ficar no Rio. Mas resolvemos vir embora para Itaocara. Nos casamos. Tivemos nossos filhos. Vivemos os dias de riso e de choro, como em qualquer casal. Mas sempre juntos, um ao lado do outro, ajudando a superar as dificuldades. Somos muito felizes!

Nova Voz ONLINE – E os filhos? Como foi tornar-se pai?
Bené Rodrigues – Uma vez li que filhos são presentes que Deus nos dá para tomarmos conta. No meu coração é assim mesmo. Deus nos presenteou com um garoto (Alexandre) e depois com uma linda menina (Andréia). Por vezes me questiono, por ter participado pouco da infância dos nossos filhos. Eu fui pai presente, mas nunca pude ir a uma reunião escolar, pois na época precisei trabalhar até a exaustão, para fazer tudo dar certo.

Nova Voz ONLINE – Deve ter sido realmente difícil.
Bené Rodrigues – Por isto o casal é importante. A Darlene então se dedicou aos nossos filhos. Enquanto eu administrava duas, três empresas, ao mesmo tempo. Me desdobrava de todo jeito, para dar aos meus filhos certo conforto. Inclusive para eles num futuro, pudessem optar profissionalmente para uma área que não fosse a minha.

Nova Voz ONLINE – Por que?
Bené Rodrigues – Porque sempre fui comerciante. Esse ramo de trabalho é muito duro. Eu dizia aos meus amigos que não imporia nada aos meus filhos, porem que não queria vê-los levando a vida que levo. Deus me ouviu. O Alexandre estudou para informática. Tornou-se Analista de Sistemas. E a Andréia sempre gostou de Direito. Tornou-se Advogada. Ambos cuidam de suas carreiras. Fazem o que gostam. Ambos sabem que eu e a Darlene estamos aqui, para eles. E nos orgulhamos por terem conquistado seus diplomas e estarem tocando a própria vida.

Nova Voz ONLINE- Bem provável que a sua distribuidora de bebidas, seja uma das mais antigas da região. Como começou essa história?
Bené Rodrigues – Montamos a empresa Superfar Distribuidora. Geramos muitos empregos. Éramos o avesso da economia então. Tudo andava mal no país e o nosso negócio decolava no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Espírito Santo. Logo em seguida, entrou na minha vida a Fazenda Santa Cândida, me dando oportunidade de voltar atuar no campo, onde é minha origem. Trabalhamos sempre muito e Deus sempre foi muito bom conosco. SÓ temos a agradecer, eu, minha família e meus colaboradores.

O Nacional Esporte Clube

Nova Voz ONLINE – O senhor foi Presidente do Nacional Esporte Clube. Que lembranças têm de sua gestão?
Bené RodriguesFui da diretoria do meu Clube do coração por 20 anos. Foi muito bom todo o meu período dentro do NEC. Participei do Carnaval por várias folias. Fui até Rei momo do Carnaval itaocarense por cinco anos, para ajudar alavancar o nosso Carnaval. Fiz tudo com muito carinho por Itaocara e pelo meu clube.
Darlene e Andreia no Carnaval do Nacional
Nova Voz ONLINE – Que legal!
Bené RodriguesTerminei minha participação no Nacional, sendo presidente por um biênio. Junto com uma boa equipe, fiz o último grande carnaval do Nacional, no último grande carnaval da cidade. E, além disto, deixamos uma escolinha de futebol montada, cuidando de 300 crianças. Paguei todas as dúvidas do clube, no meu biênio. Fizemos obras. Saí do clube sem deixar um centavo de dívida e com 30 Mil Reais em caixa. REPITO: NÃO FIZ SOZINHO!!! Tínhamos uma Diretoria que sabia o que estava fazendo. Eram pessoas certas nos lugares corretos. Agora sou um nacionalista à distância. As cores estão no meu coração, mais o resto todo está distante e quero que continue assim.

Um Presente para Itaocara

Nova Voz ONLINE – Itaocara vai fazer 129 anos de emancipação. Qual presente gostaria de dar a aniversariante?
Bené Rodrigues – EU AMO ITAOCARA. Meu sonho seria a volta dos anos de ouro. Especialmente com a valorização da nossa riquíssima cultura, riquíssima história. A partir disto, a geração de muitos empregos. Nos tornássemos um polo de progresso tamanho, que fosse possível repatriar os filhos que se foram e hoje estão espalhados por este mundão.
Bené com esposa, filhos e sogros: João Batista (in memoriam) e Veny 
Nova Voz ONLINE – Muitos vão embora por falta de perspectiva.
Bené Rodrigues – Sim e isso me deixa triste: ver os nossos jovens saindo, indo tentar a vida nas grandes capitais, por não terem mercado de trabalho aqui. Gostaria de ver mais seriedade política. Sem querer malhar ninguém, mas se não existir um elo entre a Prefeitura, o Estado e a União, a coisa não anda. Temos um povo trabalhador, empreendedor. Porém não conseguimos conquistar o lugar que merecemos na economia Estadual.

Nova Voz ONLINE – Muito potencial, mas sem realizar.
Bené Rodrigues – Somos uma cidade linda, temos o Rio Paraíba do Sul em nossa margem, temos história, temos músicos, poetas, empresários e tantas coisas. Então, ao invés de pedir, eu agradeceria a Deus por isto, em primeiro lugar. E agradeço ao povo de Itaocara, por ter nos recebido, eu e a Darlene, de braços abertos, nestes quarenta anos. Vamos juntos fazer acontecer. E parabéns, aos itaocarenses, pelos 129 anos do município. Obrigado ao Thompson, a Cristiane e a pequena Giovanna, pelo espaço, para contarmos um pouco da nossa história.
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