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domingo, 20 de outubro de 2019

Dona Marlene Alves Lourosa conta sua linda história de 80 anos na série em homenagem aos 129 anos de Itaocara

Dona Marlene viveu numa Itaocara que agora só existe nas memórias que a Nova Voz ONLINE está contando. Sua vida é de um lirismo maravilhoso. Ler esse bate papo é pegar emprestados os olhos da nossa entrevistada e ir parar num tempo mágico. Além disto, ela e o esposo, Paulo Lourosa, constituíram uma linda família, que são exemplo para todos nós, em Itaocara.
Marlene e os filhos Renata, Anna Paula, Marco Antônio e Anna Cristina
Nova Voz ONLINE – Quais as principais lembranças têm de sua família na infância?
Marlene Lourosa - Nasci em 12/06/1039. Meus pais José Teixeira Alves e Maria Pinto Alves. Papai comerciante e mamãe do lar. Somos num total de cinco filhos. As Lembranças são muitas. Morávamos a margem do Rio Negro, zona rural. Usávamos água de cacimba e luz de lampião. Papai tirava leite (que tomávamos e ele também vendia). Nossos vizinhos, minha avó, meus tios, que comerciavam tecidos. E o colégio onde estudei as três primeiras séries. A quarta série fiz em Jaguarembé de Baixo. Quando chegou à hora, minhas irmãs vieram estudar no Colégio Itaocara. Elas e poucos alunos o inauguraram, em 1948. Meses depois, o Professor Nildo Nara, criou o internato.

Nova Voz ONLINE – Como era a rotina em Itaocara, quando a senhora era adolescente?
Marlene Lourosa - Nossa vida era o Colégio pela manhã, ajudar nos afazeres da casa, ouvir rádio e a noite passear na praça Coronel Guimarães com as amigas. Lembrando que eram meninas de um lado e meninos do outro. E isto não impediu que dali surgissem vários namoros e casamentos (RISOS). Íamos a Biblioteca (muito frequentada). Havia o serviço de Alto-Falantes, usado por José Bichara até às 22 horas.

Nova Voz ONLINE – O que mais os jovens faziam?
Marlene Lourosa - Tínhamos (nessa época) o cinema ao lado do União. Foi no governo de Johenir H. Viégas (1959/1962) que este clube foi criado, com seus bailes e suas festas. Logo após foi feita a Sede do Nacional. A princípio, só um salão, perto do atual Bradesco. Depois construído onde funciona atualmente. A chegada do trem, a noite, também era um acontecimento. Pessoas curiosas. Passageiros comprando jornais e revistas.

Nova Voz ONLINE – Nos conte mais sobre a Itaocara daqueles tempos?
Marlene Lourosa - Já existia o Banco da Lavoura. Mais tarde vieram outros. A Cooperativa era só para leite. Itaocara era bem menor, porém, sempre bonita. A praça da matemática, inaugurada pelo matemático Malba Tahan, em 1943, única no mundo. O parque ficava ao lado da ponte Ary Parreiras, com uma enorme piscina. Era ponto de encontro, com suas mesas rústicas, à sombra das árvores. Tínhamos (para lazer) uma ilha cheia de atrativos. Lugar de piqueniques. O transporte feito em balsas. Todas obras de Dr. Carlinhos Faria Souto.
A Família Alves Reunida para celebrar os 80 anos de Marlene: Maria Nilce, Paulo Cesar, Vera Alves e Maria Helena
Nova Voz ONLINE – Dá vontade de viajar no tempo.
Marlene Lourosa - Na década de 1950, o Colégio fazia lindos desfiles escolares, no Dia do Município e no Sete de Setembro. Convidava-se embaixadas de outros colégios. Disputávamos vôlei, futebol. Nadava-se na piscina e também tinha danças. Tudo com muita ordem.

Nova Voz ONLINE – E o comércio? Como era?
Marlene Lourosa - Tínhamos as farmácias do Sr. Otílio Pontes e Juca Rocha. Mais tarde veio a do Idemar Figueiredo. Só havia o Hotel Zezé, do Sr. Moacir Duarte, em seguida do Senhor Florentino e Dirce Duarte, que até pouco tempo estava entre nós. As lojas eram do Sr. Tote e Dona Luiza Alvarenga. Compravam-se alimentos no SAPS e nas quitandas do Sr. Feverico e o Sr. Biloco. Carros de praça, só o do Sr. Francisco Bichara. Mais tarde vieram outros. Faltavam calçamentos para muitas ruas, mais aos poucos os prefeitos foram fazendo suas obras.

Nova Voz ONLINE – Deve ter sido fascinante viver aqueles dias.
Marlene Lourosa - O ruim é que as pessoas não tinham consciência da importância da natureza. O lixo da cidade era jogado a beira do Rio Paraíba do Sul, poluindo-o. Havia até uma latrina na beira do rio, soltando diretamente os dejetos na água. Lamentável! Isso melhorou bastante, comparado com aquela época. Hoje são os quiosques, a área de lazer. Lembro também que o telefone da cidade era na casa de Dona Belinha, onde mais tarde criou-se a Cotita, na qual papai foi presidente. Os médicos Dr. Wagabi e Dr. Luis, atendiam em casa. Tempos depois foi criado o nosso Hospital Municipal.

O Casamento, os Filhos e os Netos

Nova Voz ONLINE – Pode nos contar um pouco sobre a história de amor da senhora e do seu saudoso esposo, Paulo Lourosa?
Marlene Lourosa - Conheci Paulo Lourosa no ponto do ônibus, perto do Clube do União. Eu indo para Jaguarembé, dar aula e ele viajante de Laboratório Farmacêutico. Paulo hospedava-se no hotel, perto de minha casa. Exatamente como começou não me lembro. Mas acabamos namorando e casando. Ele sempre foi um marido maravilhoso, porém gostava de tomar bebidas alcoólicas. Isso o atrapalhou a crescer na vida. Foi sócio na Farmácia Itaocara e Dono da Drogazul, vendendo-as. Passou a ser funcionário da CEDAE. Somos pais de Filhos maravilhosos: Anna Paula, Marco Antônio, Anna Cristina e Renata Luzia.
Dona Marlene com a família que ama
Nova Voz ONLINE - Como foi ser Mãe? Ter a responsabilidade de educar?
Marlene Lourosa - Meus filhos são ótimos! Nós dois cuidamos deles com dedicação e muito amor. Eles sempre educados, corresponderam as nossas preocupações com carinho. Foram e são umas bênçãos de Deus. Educá-los não foi difícil. Adoro ser mãe. E o pai era paciente e amoroso. Posso dizer que fui e sou feliz, com minha família amada.

Nova Voz ONLINE - Ainda sobre os filhos, pode nos falar um pouco sobre cada um?
Marlene Lourosa - Deus nos deu filhos parecidos externa e internamente. O Marco, aos 25 anos, descobriu-se que estava com leucemia. E quando foi fazer o exame minucioso, entre eles, para saber se eram compatíveis, descobriu-se que a Anna é igual ao Marco. Tanto que ela foi a doadora da medula óssea para ele. E logo a seguir, sua saúde foi recuperada, graças a Deus. Não fizeram Faculdade quando novos. Não foi possível. Porém, mais tarde, já empregados, fizeram em Pádua, Além Paraíba e Campos. Hoje estão casados e com filhos. Meus netos.
No móvel de casa, a foto do Casamento e a foto dos Filhos
Nova Voz ONLINE - A senhora foi promovida a avó. Como é ser avó?
Marlene Lourosa - Ser avó é tudo de bom. É amor, cuidado e também preocupação com o futuro de todos. Sinto ser avó com essa idade. Gostaria de andar de bicicleta com eles, sentar-me no chão e brincar muito. Mas tenho limitações. Meus netos são parecidos com os pais: maravilhosos. Paulo Victor com 18 anos, Kiria com 13, Georgia com 6 anos e Dudu com 2 aninhos. Rezo pelas melhorias deste mundo difícil. E oro agradecendo ter tido tantos bons filhos e netos adoráveis e felizes, sempre seguindo o caminho de Deus.

A Celebração dos 80 Anos

Nova Voz ONLINE – E a celebração dos oitenta anos? Nos conte sobre a festa, sobre ver toda família e amigos reunidos, para comemorar sua entrada no time das octogenárias?
Marlene Lourosa – Pois é. Estive muito doente esse ano. Medos acumulados, pressão alta e forte depressão. Vendo que não melhorava, com a medicação usada, meus filhos me levaram a Niterói, no Dr. Marcos Freitas. O que ele acertou comigo foi inacreditável. Também fui a Psicóloga, Drª Geany de Andrade e rezei bastante.
Elisabete Carvalho registrou a celebração dos Alves Lourosa
Nova Voz ONLINE – A senhora é uma vencedora!
Marlene LourosaContei isso, para falar da minha transformação. Eu nunca gostei de festinha de aniversário. Só senti felicidade na minha festa!! Ah, mas também tinha ao meu lado toda minha família e amigos adoráveis!!! Até a fotógrafa, foi a minha querida amiga, Elizabete Carvalho. Decoração linda dos meninos Arteiros, Pablo e Leandro. Música ao vivo, jantar, salgadinhos, doces, bolos, tudo perfeito. Como eu sonhei. Obrigada Deus, obrigada a todos que fizeram e foram nos meus 80 anos!!!!!

A Religiosidade

Nova Voz ONLINE – A senhora e a família da senhora, são pessoas muito religiosas. Que importância tem a religião, na sua vida?
Marlene Lourosa - Somos uma família católica, porem eu não era praticante. Com o passar dos anos e precisando da ajuda de Deus, tive necessidade de frequentar a igreja. Há tempos, eu e minha família, recebemos a visita mensal de Nossa Senhora de Schoenstatt e fazemos parte do Apostolado da Oração. Todos os filhos são católicos praticantes, com a graça de Deus.
Dona Marlene é uma pessoa de muita fé
Nova Voz ONLINE - Teria um conselho a dar aos nossos leitores? Algo que viesse da sua experiência de vida e gostasse que as pessoas pudessem também aprender.
Marlene Lourosa - Gostaria que o mundo fosse melhor para as próximas gerações. E isso vai depender de todos os jovens. Amando e respeitando a natureza e a Família. Sugiro que criem o hábito de, ao acordar, orar agradecendo a Deus pelo novo dia. Não fazer a ninguém aquilo que não gostaria que fizesse a si mesmo. Respeitar o próprio corpo, não se intoxicando com drogas negativas. Sendo cidadãos honestos, trabalhadores e felizes com o mundo. Assim eu cheguei aos 80 anos e desejo que todos cheguem também. No mais, FELIZ ANIVERSÁRIO para Itaocara, que no próximo dia 28 de Outubro, vai completar 129 anos. Parabéns!!!
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