Geraldo Ignácio
da Cunha é das pessoas mais queridas em Itaocara. Artista Plástico, cujas telas
encantam pelo sentimento que transmitem. Titular de um ofício que o tempo vai
apagando do dia a dia: ele é SAPATEIRO. Por isto o nome, Geraldo Sapateiro. Ler o bate
papo abaixo é enriquecer a cultura e o conhecimento, com esse GIGANTE
ITAOCARENSE.
O Artista Plástico Geraldo Sapateiro |
Nova
Voz ONLINE
– Quais principais lembranças da infância?
Geraldo
Sapateiro
- Pelo fato de ser filho único, minha infância foi muito apegada aos primos. Vivíamos na roça. Nossa opção de divertimento era futebol, bola de gude
entre outras brincadeiras. A vida era muito diferente de hoje em dia. Nem
crianças, nem adolescentes, podem imaginar como a era a Itaocara da minha
época. Muito mais simples, porém muito mais gostosa para se viver.
Nova
Voz ONLINE
– Aproveitando sua resposta, e a Itaocara daqueles primeiros anos de vida? Tem
alguma lembrança marcante?
Geraldo
Sapateiro
– Muitas! Nossos banhos na piscina pública, que existia próxima a ponte, em que
hoje virou estacionamento. A nossa quadra de areia que existia na Beira Rio, palco
de memoráveis partidas de futebol dos amigos, uma disputa saudável, cheia de
brincadeiras. Depois, mais tarde um pouco, na adolescência, gostávamos era do
Pinguelão, Restaurante dentro do Rio e do Recanto das Saudades, cujo nome é
muito próprio, pois lembramos e ficamos cheios de saudades. TAMBÉM a “Discoteck
Top Som”. Quem for da minha geração vai recordar o quanto rimos e nos
divertimos nessa discoteca.
Nova
Voz ONLINE
– Que bacana Geraldo!
Geraldo
Sapateiro
– O Roberto Carlos tem uma canção, cujo verso de muita poesia, diz: O QUE FOI FELICIDADE, ME MATA AGORA DE SAUDADES, BELOS TEMPOS,
BELOS DIAS. Sinto-me muito feliz, por ter vivido estes dias mágicos.
Nova
Voz ONLINE
- E o Ofício de Sapateiro? Como surgiu em sua vida?
Geraldo
Sapateiro
– Foi através do aprendizado com o meu primo Ronaldo, que me apresentou ao
saudoso Valdomiro Peixoto, onde me identifiquei com esta profissão e estou até
hoje. Hoje alias, é muito mais fácil comprar calçados do que consertá-los. Mas
não era assim antes. Um sapato era um patrimônio. Os sapateiros eram como se
fossem artesãos. Se não me engano, o escritor Hans Christian Andersen, tem um
lindo conto infantil, que fala do trabalho de um sapateiro, nas vésperas do
Natal. Uma história muito bonita. Assim como é essa profissão, que continuo
exercendo, com todo carinho e dedicação.
A Esposa Márcia e a Família
Nova
Voz ONLINE
– Gostaria de saber agora sobre como surgiu sua esposa, Márcia Regina, em sua
vida?
Geraldo
Sapateiro
– Olha, vou contar como foi. Mas, não contem para ninguém (risos). Tinha aquela
menina linda, que conheci no consultório do Dr. Paulo Bucker. Meu coração
disparou. E passei a ir sempre me consultar (risos). E, de tanto ir lá, das
nossas conversas alegres e divertidas, começamos a namorar. E estamos namorando
faz 34 anos. Casei-me com a Márcia logo após os primeiros três anos de namoro. A
melhor coisa que me aconteceu na vida.
Geraldo como mais gosta de estar: ao lado da família |
Nova
Voz ONLINE
– E vieram os filhos Michel Ralf e Diana Ingrid, e a Netinha, Lara. Como é este
Geraldo, familiar?
Geraldo
Sapateiro
– Sou pai e avô extremamente participante na vida dos meus filhos e neta. Não
fazemos planos futuros, sem antes sentarmos e conversarmos sobre o assunto. E
nos reunimos, no mínimo, uma vez por mês, para dialogarmos sobre tudo. Sempre
regado a um delicioso churrasco, na chácara ou na laje de minha residência.
Nova
Voz ONLINE
- Alguém tem talento na área artística?
Geraldo
Sapateiro
– Vão ler e dizer que é o avô coruja falando. Mas, na verdade, minha neta Lara
leva muito jeito para pintura. Inclusive, participou do Primeiro MACC –
Movimento Artístico Calçadão do Centenário. No que posso ajudar, para
desenvolver o talento que lhe é inato, eu ajudo.
Nova
Voz ONLINE
– Alias, o seu interesse pelas artes veio de onde?
Geraldo
Sapateiro
– Interessante essa história. Na minha infância, tive o desejo de ser
radialista. Lembro-me que às vezes me escondia dentro de um baú, e fingia que o
mesmo era uma emissora de rádio. E os meus pais ficavam ouvindo as minhas
fantasias até altas horas. A minha grande emoção foi aos 16 anos de idade,
quando eu entrei nos estúdios da Rádio Globo e conheci o meu maior ídolo, o
radialista fantástico, Waldir Vieira. Mais tarde, desisti deste sonho, e
comecei a arte de pintar e sinto-me realizado com este dom.
Um pouco da arte de Geraldo Sapateiro |
Nova
Voz ONLINE
– Como assim?
Geraldo
Sapateiro
– Desenvolver meu dom artístico, surgiu por não ter me tornado radialista. Acho
que foi isso. Deveria fazer análise, qualquer hora, para saber o que aconteceu
comigo ... risos. (Brincadeira).
Nova
Voz ONLINE
– Pintar um quadro é inspiração ou transpiração?
Geraldo
Sapateiro
– Inspiro-me sempre que vejo uma bela paisagem e transpiro tentando passar para
tela, o sentimento que esta paisagem fez surgir em mim. É inspiração e
transpiração. É arte. Arte nos conecta com coisas que às vezes são difíceis de
descrever em palavras. Por isto é tão sensacional.
Nova
Voz ONLINE
– Quando está com o pincel nas mãos, se preocupa mais com a técnica ou com o
sentimento?
Geraldo
Sapateiro
– Me preocupo 100% com o sentimento. Na hora que a inspiração surge, me desligo
do mundo atual e fico somente voltado para o que o meu coração me ordena. Às
vezes é meio um transe. Vou sentido, dando as pinceladas, olhando para a tela e
me conectando a outro universo. Não sei se todos os pintores sentem assim. Mas
é assim que me sinto.
Nova
Voz ONLINE
– Quais personagens destaca na história da nossa Aldeia da Pedra?
Geraldo
Sapateiro
– São vários!!! Os saudosos Dr. Alaôr Scizínio de Araújo, nosso grande atleta,
Tutlep Seabra, o escritor Dr. Gamaliel Borges Pinheiro, o ator Kiud, a artista
formidável, Márcia Malhano, o escritor Jorge Tiago, bem claro, não pelos seus
quase quatro mil gols marcados (risos), mas pelo Poeta Itaocarense que
idealizou 23 Festivais de Poesias Faladas, e por vezes é tão esquecido. E a
todos os que colaboram diretamente e indiretamente para a Cultura Itaocarense.
Geraldo é fã do poeta e escritor Jorge Tiago |
Nova
Voz ONLINE
- Itaocara vai fazer 129 anos de Emancipação Política e Administrativa. Qual
presente (ou presentes) gostaria de dar a nossa cidade?
Geraldo
Sapateiro
– No fundo do meu coração, gostaria de ter uma varinha mágica para a nossa
Itaocara voltar ao tempo da minha infância, onde tínhamos uma população apaixonada pela Cultura e o bem estar do nosso povo. Sinto-me triste por isto ter se
perdido. Aquele sentimento de interior, que este mundo conectado e tecnológico riscou do
mapa.
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