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sábado, 19 de outubro de 2019

Resgatando a história e perpetuando memórias: a formação da identidade itaocarense – Professora Jennifer Silva Melo

No dia 28 de outubro comemoraremos 129 anos de emancipação política de Itaocara. Sim, “comemoraremos”, no plural, pois também faço parte da história deste município. Sou nascida e criada nesta cidade e posso afirmar que é forte em mim a noção de pertencimento a este lugar.
Professora Jennifer participando de evento Internacional de História
Amo Itaocara porque reconheço o seu valor em detalhes que podem não ser percebidos por alguns, entre os quais estão as belas paisagens naturais formadas pelo Rio Paraíba do Sul e suas ilhas, os riachos, campos e as montanhas que, ao pôr do sol, tornam-se um cenário exuberante e harmonioso, ideais para os que, como eu, amam fotografar.

Há ainda outra coisa que me encanta: os lugares e construções históricas, como o Engenho Central Laranjeiras e, em nossa sede, os monumentos presentes nas praças, em especial o “Moisés”, que, embora depredado atualmente, fora ponto turístico de muitas famílias – tenho o privilégio de guardar uma foto tirada no Moisés, num dia de desfile cívico em 1997 e, de me lembrar da vista para a cidade e do rio ali do alto.

Escrever sobre Itaocara me remete ao passado: às lembranças de infância, aos passeios, às histórias ouvidas sobre este lugar e aulas que nos ensinavam acerca dos primeiros habitantes que aqui viveram (as tribos indígenas dos Coroados, Puris e Botocudos). Como graduada em História, é difícil não pensar na nossa cidade a partir da ótica do historiador. Apropriando-me do conceito de Pierre Nora, é possível questionar de quais “lugares da memória” ocupa-se aquela que um dia fora chamada “Aldeia da Pedra”.

As memórias estão presentes nas ações humanas. Não estão dissociadas da própria história, mas constituem-se, ambas, importantes no processo de formação da identidade de um povo. Itaocara tem memórias e história! É nosso dever perpetuá-las, pois corremos o risco sobre o qual afirmou o historiador Eric Hobsbawm de permitirmos “a destruição do passado”. Segundo ele, “quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem”.

Como cidadã itaocarense e percebendo que nossa história ainda é em partes desconhecida entre o próprio povo e entre as nossas crianças, proponho o resgate do nosso passado, das histórias esquecidas e memórias perdidas, pois nossa identidade não se formou no hoje, mas em um processo contínuo que começou há mais de cem anos e que de modo algum, podemos deixar se apagar.
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