No dia 28 de
outubro comemoraremos 129 anos de emancipação política de Itaocara. Sim,
“comemoraremos”, no plural, pois também faço parte da história deste município.
Sou nascida e criada nesta cidade e posso afirmar que é forte em mim a noção de
pertencimento a este lugar.
Professora Jennifer participando de evento Internacional de História |
Amo Itaocara porque reconheço o seu
valor em detalhes que podem não ser percebidos por alguns, entre os quais estão
as belas paisagens naturais formadas pelo Rio Paraíba do Sul e suas ilhas, os
riachos, campos e as montanhas que, ao pôr do sol, tornam-se um cenário
exuberante e harmonioso, ideais para os que, como eu, amam fotografar.
Há ainda outra coisa que me encanta:
os lugares e construções históricas, como o Engenho Central Laranjeiras e, em
nossa sede, os monumentos presentes nas praças, em especial o “Moisés”, que,
embora depredado atualmente, fora ponto turístico de muitas famílias – tenho o
privilégio de guardar uma foto tirada no Moisés, num dia de desfile cívico em
1997 e, de me lembrar da vista para a cidade e do rio ali do alto.
Escrever sobre Itaocara me remete ao
passado: às lembranças de infância, aos passeios, às histórias ouvidas sobre
este lugar e aulas que nos ensinavam acerca dos primeiros habitantes que aqui
viveram (as tribos indígenas dos Coroados, Puris e Botocudos). Como graduada em
História, é difícil não pensar na nossa cidade a partir da ótica do
historiador. Apropriando-me do conceito de Pierre Nora, é possível questionar
de quais “lugares da memória” ocupa-se aquela que um dia fora chamada “Aldeia
da Pedra”.
As memórias estão presentes nas ações
humanas. Não estão dissociadas da própria história, mas constituem-se, ambas,
importantes no processo de formação da identidade de um povo. Itaocara tem
memórias e história! É nosso dever perpetuá-las, pois corremos o risco sobre o
qual afirmou o historiador Eric Hobsbawm de permitirmos “a destruição do
passado”. Segundo ele, “quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de
presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época
em que vivem”.
Como cidadã itaocarense e percebendo
que nossa história ainda é em partes desconhecida entre o próprio povo e entre
as nossas crianças, proponho o resgate do nosso passado, das histórias
esquecidas e memórias perdidas, pois nossa identidade não se formou no hoje, mas
em um processo contínuo que começou há mais de cem anos e que de modo algum, podemos deixar se apagar.
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