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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

LEIA NOVAMENTE: A Maravilhosa vida do Monsenhor Saraiva - Um Ícone da história de Itaocara

Nascido em São Roque. Filho de família pobre, oriunda de Minas Gerais, cujo pai trabalhava plantando fumo. A dureza da vida levou-o, aos dez anos, a juntar-se com outros três meninos e começar a trabalhar como engraxate. O dinheiro ajudava a fazer as compras de casa. O menino engraxate tornou-se um dos maiores ícones da sociedade itaocarense de todos os tempos. O Monsenhor Saraiva.

Monsenhor Saraiva e o jornalista Ronald Thompson

Uma história

Com doze anos resolveu mudar-se para cidade. Ousado procurou o Prefeito Alcebíades Carvalho pedindo-lhe um emprego. Travou o seguinte diálogo:

- Quantos anos você tem? – questionou o Prefeito.

- Não sei bem direito.

- Você é muito criança. Não vou lhe dar um emprego.

Nesse momento o Prefeito foi ao banheiro e deixou suas chaves caírem dentro da privada, ficando aturdido com o acontecido. O menino Saraiva não pensou duas vezes. Meteu a mão dentro do vaso sanitário e pegou-a, para espanto de Alcebíades, que ficou desesperado, procurando álcool para lavar-lhe a mão. No meio da agitação perguntou:

- Você é filho de quem?

- Zeca Mineiro - respondeu Saraiva.

- Seu pai votou contra mim.

- Eu nem voto. Não sou nem eleitor.

- Seu pai fala demais. Mas deixa pra lá. Você vai trabalhar aqui, como porteiro (uma espécie de office boy da época).

Assim, com doze anos, lavando banheiros, varrendo o chão e fazendo pequenos serviços entrou para Prefeitura.

O início da vida

Nova Voz ONLINE – O que era a Quadrilha?

Monsenhor Saraiva– Quando jovem formei um grupo que fazia pequenos trabalhos na cidade, como carregar as malas dos passageiros que chegavam e saiam da estação de trem para os hotéis, capinar quintais, carregar água, pois a maioria das casas não tinha água encanada e outros serviços gerais. Como numa cooperativa, no final do dia contávamos o dinheiro e dividíamos entre nós. O curioso é que os outros meninos eram de famílias ricas e mesmo assim, os liderava.

Nova Voz ONLINE – O senhor era apenas uma criança na época, mas o Prefeito Alcebíades o respeitava muito.

Monsenhor Saraiva – É verdade. Lembro-me que depois de estar trabalhando com ele, pedi que desse emprego ao meu pai. Atendeu meu pedido e o contratou como varredor de rua. Foi uma alegria muito grande para nossa família. Conseguimos alugar a casa da italiana Ângela Nicola Mari, que em princípio não queria, pois disse que meu pai era velhaco, não pagava as contas. Voltei ao Prefeito que na hora tornou-se fiador e pudemos mudar. Passamos a morar na frente da rodoviária.

Festa de Portela

Nova Voz ONLINE – Como foi sua juventude?

Monsenhor Saraiva – A mesma de qualquer pessoa sem religião. Muitos namoros. Frequentava os bailes e todas as encrencas de um rapaz sem Deus. Foi então que fui numa festa em Portela, no dia 29 de junho. Naquele tempo o costume era o homem pagar todas as despesas. Uma menina ajudar pagar qualquer conta, por menor que fosse, era uma humilhação. Levei o dinheiro necessário para me divertir, no entanto queria ganhar mais e fui jogar roleta, então permitido por lei. Perdi tudo. O baile começava às dez horas, mas não tinha como ir. Desanimado passei enfrente ao hotel e avistei o Padre Cônego de Ananias, que acabava de chegar de Pernambuco. Ele me chamou e começou a conversar comigo. Disse que me emprestaria o dinheiro para ir ao baile e começou a falar sobre pecado. Pensava: “que coisa mais chata”. Fui ficando com sono e dormi no quarto que ele alugará, acordando na segunda-feira. Muito mal humorado. Dei uma esculhambação danada.

Nova Voz ONLINE – Esse episódio deve tê-lo deixado zangado.

Monsenhor Saraiva – Falava comigo mesmo: “padres nunca mais”. Padres dão azar. Fui então à rua, durante a semana, levar uma correspondência para Prefeitura. Quando passei na ponte, avistei o padre. Pensei: “danou-se”! Estava de bicicleta, que como sabemos, não dá marcha ré. Fui devagarzinho para que não me visse. Não adiantou. Parou-me e perguntou se era o mesmo menino de Portela; convidou-me para ir à sua casa. Querendo me livrar dele, concordei. Ai ele usou a psicologia, dizendo que duvidava que fosse. Que itaocarense não tinha palavra. Com raiva resolvi ir, sendo muito bem recebido. Não falou de pecado e ainda me deu um maço de cigarros. Mesmo assim, aquela noite foi impossível dormir. Comecei a refletir sobre o que tinha ouvido na festa de Portela. Inferno! Paraíso! Castigo! Levantei, peguei meu paletó e bati na porta da igreja. Eram onze horas da noite. Fiz o padre levantar da cama. Disse a ele que queria ser ouvido em confissão. Naquele dia me converti. Passei a frequentar a missa regularmente e ter uma formação religiosa.

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O PLANTÃO DE FARMÁCIA NESTE SÁBADO E DOMINGO
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Nova Voz ONLINE - Neste momento que o senhor foi para o seminário?

Monsenhor Saraiva – Não. Muito depois. Por causa da vida desregrada da juventude, precisei melhorar minha imagem na sociedade. Fundei uma tropa de escoteiros pela Prefeitura. Fazendo trabalho sério, conquistei o respeito da comunidade. Seis anos depois da conversão, com a idade de 26 entrei para o seminário.

Prisão e perseguição no Regime Militar

Nova Voz ONLINE – Como foi seu período no exército?

Monsenhor Saraiva – O ano era 1945 e meu comandante no III Regimento de Infantaria de Niterói, era o Coronel Paulo Torres, de Cantagalo. Quando lhe disse que era de Itaocara, ficamos amigos. Anos depois, quando a revolução de 1964 estourou, o pessoal da antiga UDN e alguns setores conservadores da igreja, articularam para que fosse preso, como subversivo.

Nova Voz ONLINE – Como foi esse episódio?

Monsenhor Saraiva - Na época Paulo Torres era General e foi nomeado Governador do Rio de Janeiro. Fizeram uma reunião no clube União. Mesmo sem ser convidado fui ver os algozes que buscavam minha condenação. Proibiram que apresentasse minha defesa. Mas o Governador deixou que falasse. Levantei e quando pensavam que pediria desculpas, dei um soco na mesa e gritei que me prendessem se fosse criminoso. Mas que também tivessem a coragem de me deixar livre se fosse inocente. “Sou, fui e serei eternamente amigo de Getúlio Dornelles Vargas, de Roberto Silveira e de Badgé. Sou um brasileiro honesto”. Nesse momento o Governador / General Paulo Torres levantou-se e confirmou minha honestidade, acrescentando que era meu amigo e me daria às chaves do Palácio do Ingá (Residência Oficial do Estado) para entrar à hora que quisesse.

Nova Voz ONLINE – Deve ter sido um momento marcante em sua vida.

Monsenhor Saraiva - Nunca vou esquecer. Quando saímos abraçados, encontramos minha mãe na porta do clube. Ela disse ao General: “o senhor é o lenço que acaba de enxugar minhas lágrimas”. Aquele homem super poderoso chorou. Depois me deu uma carta atestando que tinha seu apoio.

Nova Voz ONLINE – O que aconteceu para que o senhor fosse visto como subversivo?

Monsenhor Saraiva – Queria construir um hospital em Itaocara e soube que haveria uma grande reunião em Bom Jesus, com a presença do Governador Badgé da Silveira, do Brizola e do Presidente João Goulart (Jango). Então fui até lá tentar conversar com essas autoridades. A motivação era somente trazer um benefício novo para Itaocara. Levei uma pasta com o pedido para ser entregue ao Presidente da República e um discurso copiado da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Fiquei no meio do povo.

Nova Voz ONLINE – O senhor foi parar em cima do palanque não é mesmo?

Monsenhor Saraiva - Um ajudante de ordens me chamou para subir. Fiquei ao lado do Governador Badgé. Lá pelas tantas o Jango me pediu para falar. Como recusar o pedido do Presidente da República? O discurso estava voltado à defesa dos lavradores, uma bandeira até hoje esquecida. Parodiando o hino da independência, defendi o Brasil forte, livre e soberano. A imprensa publicou que eu tinha pregado a decapitação dos fazendeiros. Mentira deslavada. Tanto é que possuía uma carta dos fazendeiros comigo. Dos lavradores também. Era amigo das duas partes.

Nova Voz ONLINE – Mas o que aconteceu?

Monsenhor Saraiva – Fizeram uma pressão tremenda contra mim. Meu Bispo havia me aconselhado a não sair de casa. Saí para visitar o compadre Orlando Couto, quando parou um carro. Era o Prefeito de Pádua (da UDN) que me pediu para ir com ele, dizendo que não seria preso. Dr. Bucker - que estava comigo - ainda me perguntou se acreditava no que estava ouvindo. Respondi que sim. No entanto, quando chegamos a Aperibé entraram uns homens armados no automóvel e cheguei preso em Pádua. Antes de me levarem para Niterói, onde ficaria detido no Regimento de Infantaria, consegui ligar para o Secretário de Segurança Pública que ordenou minha soltura.

Nova Voz ONLINE – Outro momento dramático em sua trajetória.

Monsenhor Saraiva – Rezo todos os dias para que o Brasil nunca mais viva a angustia daqueles dias de exceção.

Nova Voz ONLINE – Já ouvi contarem na cidade que o senhor ajudou muitas outras pessoas que foram perseguidas. Isso realmente aconteceu?

Monsenhor Saraiva – Era meu dever como padre, como homem e como brasileiro. Escondi alguns na minha casa e muitas vezes fui à delegacia para evitar que covardias acontecessem. Lembro-me de um rapaz da Conceição, que se não me engano, havia sido Vereador e tinha sido preso. O Delegado quis me impedir de vê-lo. Falou que o rapaz era comunista. Respondi que ele nem sabia o que era isso. Consegui tirá-lo de lá. Tinha o Bispo ao meu lado e isso me ajudou muito.

As transformações da Igreja Católica

Nova Voz ONLINE – Quando o senhor começou a vida sacerdotal o Papa era Pio XII. Agora estamos no papado de Bento XXVI. São cinquenta anos de vida dedicada à Igreja Católica Apostólica Romana. Quais foram as principais transformações desse período?

Monsenhor Saraiva – O Concílio Vaticano II em 1960, liderado por João XXIII, fez a principal mudança. As missas eram realizadas em latim e passou-se então a usar o vernáculo de cada país. Era de costa para o povo. Agora é de frente. Essas são as mudanças, a meu ver, mais importantes.

Nova Voz ONLINE – Muitos acreditam que o celibato dos padres deveria ser abolido para que pudessem casar-se e constituir família. Qual sua opinião sobre o assunto?

Monsenhor Saraiva – Na Igreja Católica existem coisas dogmáticas e imutáveis, e outras coisas disciplinares. O celibato é disciplinar instituído pelo Papa. Quem sabe um dia o Papa venha abolir o celibato? Se quiser é possível. Um exemplo é que o clérigo oriental pode se casar.

Nova Voz ONLINE – O senhor acredita que isso possa acontecer já no papado de Bento XXVI?

Monsenhor Saraiva – Não acredito. No futuro, quem sabe?

Nova Voz ONLINE – Qual sua visão sobre o chamado movimento carismático, liderado por padres famosos e que celebram missas mais alegres?

Monsenhor Saraiva – A Igreja tem diversos seguimentos. São movimentos de Igrejas, que possuem a sua espiritualidade. Na minha paróquia dou total apoio. Acho que os carismáticos fazem um bem enorme a Igreja. Pessoalmente sou adepto de uma espiritualidade mais interna.

Nova Voz ONLINE – E a famosa teologia da libertação, dos Freis Beto e Leonardo Boff?

Monsenhor Saraiva – De Dom Elder, Dom Mauro e outros leigos. Essa teologia é a que acaba com o pecado. Filosoficamente está muito próxima ao socialismo. Sem as imagens, sem as batinas e etc. Na minha opinião fez um grande mal a Igreja.

Nova Voz ONLINE – Pelo que acabou de dizer podemos concluir que a Teologia da Libertação é muito política. Qual é sua avaliação sobre a militância política da Igreja Católica no Brasil?

Monsenhor Saraiva – Sou totalmente favorável ao que está escrito na Constituição Federal de 1988: separação entre o Estado e a Igreja. São coisas as quais não se devem misturar. Os católicos sim, como cidadãos, devem participar da política. Mas a Igreja, como instituição, deve cuidar somente do aspecto espiritual da vida dos seus fieis.

Lembranças da Itaocara Antiga

Nova Voz ONLINE – O que lhe traz mais recordação da antiga Itaocara?

Monsenhor Saraiva – Sinto saudades do respeito que havia entre as pessoas. Mesmo nas paqueras e nos flertes típicos da juventude, nos respeitávamos muito. Também a cidade era menor. No aspecto social, os cinemas Ita Cine e Central. O Ita Cine funcionava onde é o União. Frequentado pelas famílias mais pobres. Já o Central ficava onde é o Itaú. Seu público era o de maior poder aquisitivo. Dois times de futebol, o Itaocarense e o São Cristóvão. Na praça havia uma pedra retirada do rio pelos índios em que estava escrito “Vocês passarão. Aqui estou e ficarei”. Um marco da cidade. Havia ainda um belíssimo coreto. Tudo perdido no tempo.

Nova Voz ONLINE – Itaocara sempre foi uma cidade com tradição em jornais?

Monsenhor Saraiva – Sempre. O Nível existia antes mesmo que eu nascesse. Vicente Borges Pinheiro Júnior, militar reformado, fundou o Lidador. Um jornal espetacular, feito em linotipos. Isso é reflexo do alto grau de cultura que Itaocara historicamente sempre teve.

Nova Voz ONLINE – Existe uma receita para estar sempre tão bem humorado?

Monsenhor Saraiva – Quando acordo, me preparo para ter um excelente dia. Rezo e procuro rir um pouco. Nada melhor do que o bom humor, um tônico natural para saúde e juventude. É o que recomendo a todos.


Personalidades da História:

Abaixo Monsenhor fala sobre algumas

personalidades históricas de Itaocara:

Eliana Macedo – Nasceu entre Itaocara e Batatal na Fazenda dos Lourenços. Depois é que se mudou para Portela. Linda. Foi Miss da cidade. Quando estava estudando em Pádua, conheceu um professor de Educação Física, do qual contasse, se apaixonou. Numa festa de Portela aconteceu uma tragédia, quando esse foi assassinado. Por isso, ela foi para o Rio, fez sucesso e não voltou mais. Curioso que seu nome era Eli. Como tinha uma grande amiga chamada Ana, adotou o nome artístico de Eliana. A família Macedo era formada de artistas de rádio e televisão.

Alaôr Scizínio – Os pais dele faleceram. Foi meu escoteiro. Trabalhou na Prefeitura. É uma pessoa a quem ajudei muito. Trabalhou em Cantagalo com um advogado, secretariando. Muito inteligente aprendeu o ofício das Leis e passou a ter enorme respeitabilidade, iniciando a vida como rábula (quem antigamente podia advogar sem ter curso superior). Briguei muito para que entrasse na escola de Direito e terminasse o curso. Tive o prazer de ir a sua formatura.

Nildo Nara – Ele era de Cantagalo. O Diretor do Ginásio de Miracema abriu uma filial em Itaocara, onde hoje é o Hotel a beira da ponte (atualmente o bar Caiaque). O Nara veio tomar conta. Aproveitando, estudou e formou-se. Como Professor, talvez seja o mais importante da história do Município. Gerações de itaocarenses passaram por suas mãos, no famoso, e agora histórico, Colégio Itaocara.

Nilza Viégas – Uma mulher inteligente. Professora, artista plástica e agora escritora de livros em que muitas memórias boas de Itaocara são preservadas para as futuras gerações. Recentemente lançou O Baú, cuja leitura recomendo a todos que se interessam pela cidade.

Kleber Leite – Um homem importantíssimo, que leva o nome de Itaocara para além-muros. O BALI (Boletim Acadêmico Letras Itaocarenses) é distribuído para muitos países. Também sou admirador da sua formação intelectual.

Henrique Resende – Um gênio que transforma o barro em gente. Fez a imagem do fundador da cidade, Frei Thomas, que está na praça em frente à Igreja Católica. Em Santa Maria Madalena fez o busto da famosa atriz brasileira Dercy Gonçalves. Mais importante é que o reconhecimento do seu talento, não lhe tirou a humildade. E é justamente essa simplicidade que cativa a todos.

José Romar Lessa – Foi Prefeito de Itaocara duas vezes. Particularmente gostei mais do primeiro governo. Filho de Jaguarembé, quarto Distrito de Itaocara. Um bom homem. Honesto, trabalhador. Tive o prazer de ter sido Secretário de Educação em sua gestão, de modos que sou suspeito para falar.

Dr. Robério Ferreira da Silva – Oriundo de Cambuci, veio para cidade muito novo. Começou a clinicar. Sempre atendeu bem aos mais pobres. Chama atenção sua simplicidade, independente de ser médico ou Prefeito. Gosto muito dele. Um ser humano de grande valor.

Joaquim Soares Monteiro – O melhor Prefeito da história de Itaocara. Também fui Secretário em sua gestão. Lembro quando me disse: “eu posso errar. Só tenho a terceira série. O senhor não pode errar, porque é muito mais estudado do que eu”. Numa ocasião, fomos a Brasília. O Presidente era o General Emílio Garrastazu Médici. Conhecendo seu jeito de ser, pedi para que não gritasse, pois estávamos na Capital Federal. Época do Regime Militar. Não adiantou. Berrava daqui e dali, até que vimos um oficial. Joaquim me perguntou quem era aquele. Respondi que era um Coronel, chefe de Gabinete do Ministro. Joaquim foi até o Coronel e disse: “escuta aqui, sou Prefeito de Itaocara, Estado do Rio, vim aqui com meu dinheiro e não posso ficar perdendo tempo. Diga lá ao Ministro para me atender agora”. Incrivelmente não fomos presos, mas sim recebidos. Conseguimos as agências do Banco do Brasil e logo depois a Caixa Econômica Federal para cidade.

Carlos Moacyr Faria Souto (Dr. Carlinhos) – Em sua primeira gestão era um menino. Tão garoto, que numa ocasião alguns Prefeitos do Estado do Rio foram se reunir com o Presidente da República. A Capital Federal era o Rio de Janeiro, e a sede do Governo fica no Palácio do Catete. Getúlio Vargas, ao vê-lo, perguntou pelo pai, pensando que estava apenas representando o Prefeito. Na mesma hora ficou de pé respondeu altivo: “eu sou o Prefeito de Itaocara. Estado Novo, gente nova”. Getúlio sorriu e lhe disse: “muito bem menino”. Mesmo com a pouca idade já demonstrava a genialidade. Pensava muito à frente da maioria dos de sua época. Foi o Prefeito mais preparado que já tivemos.

Waltair Sias Gomes – Meu aluno. Uma figura importante para Itaocara. Sua tranquilidade faz com que seja um ótimo conselheiro. Pessoa de grande valor. O tenho como amigo. Como se diz popularmente “é uma figuraça”.

Dr. Nelson Freitas Rodrigues – Meu médico. Lembro-me que quando chegou menino na cidade. Sua mãe, Maria José, que é itaocarense, recomendou-lhe. Dei toda cobertura. Homem caridoso e com um coração enorme. Agora seu filho (Dr. Cristiano) segue os passos.

Irmão Pedro – O Bispo Dom João da Motta, vendo a boa vontade dele, deu-lhe a batina, mesmo sem ser ordenado no sacerdócio. Fez um grande bem, quando comprou aquela propriedade em Jaguarembé (hoje é o Mercado do Produtor do Ponto de Pergunta), para dar assistência as crianças. Muito amigo e bondoso. Depois voltou para Minas.

Irmão Mendes – Trabalhava junto ao irmão Pedro, com as crianças órfãs. Depois foi para São Gonçalo desenvolvendo o mesmo trabalho. Quatro anos passados, nos encontramos. Depois disso não tive mais notícias.

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