Estudante
universitário do 9º Período de Medicina Veterinária, da Universidade Federal
Rural do
Rio de Janeiro, o jovem cantagalense,
Nicolas Monnerat Caparelli, está cursando o Mestrado Integrado em
Medicina Veterinária na Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, em
Portugal. Leia e desfrute da experiência dele em terras lusitanas.
O Cantagalense Nicolas Monnerat Camparelli, de 22 anos, num lago próximo a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal
Nova
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– Como foi o processo que o levou a fazer o Intercâmbio em Medicina
Veterinária, na Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal?
Nicolas
Monnerat Caparelli - Fui
selecionado através de edital interno na Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, onde estudo. O concurso oferecia 15 bolsas para Portugal e Espanha. O
processo seletivo teve como base avaliação curricular, carta de interesse e
coeficiente de rendimento nas disciplinas. O processo em que fui selecionado é
resultado dos esforços da Coordenação de Relações Internacionais e
Interinstitucionais para internacionalização da UFRRJ.
Nova
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- A chegada e os primeiros dias ocorreram como esperava?
Nicolas
Monnerat Caparelli - Felizmente
não tive problemas. Entrei na União Europeia por Madrid, e tanto o processo de
imigração, como o de conexão de Madrid para o Porto, foi bastante rápido. Os
primeiros dias são recheados de surpresas, afinal, tudo é novidade. Durante a
primeira semana, participamos das atividades denominadas Welcome Week, que é a semana preparada para receber os calouros da
universidade e também os alunos internacionais. Houve uma série de atividades,
festas e jogos a fim de promover a integração dos estudantes.
Nova
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– Os métodos de aprendizado são diferentes do que estava acostumado no Brasil?
Nicolas
Monnerat Caparelli -
Como por aqui as aulas iniciaram somente no dia 24 de setembro, ainda não tive
tempo de observar muitas diferenças. No entanto, a própria estrutura do curso é
bastante diferenciada, quando se compara com a oferecida no Brasil. A começar
pelo fato de que na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o curso de
Medicina Veterinária é oferecido na modalidade de Mestrado Integrado. Ou seja,
todo aluno se forma em cinco anos, com o Título de Mestre. Sendo destes, três
anos de Graduação e dois anos de Mestrado.
Nova
Voz On Line
– Realmente diferente do Brasil.
Nicolas
Monnerat Caparelli – Sim.
Em nosso país, para obter-se o grau de Mestre em Medicina Veterinária, são
necessários cinco anos de graduação, mais dois anos de Mestrado. Há ainda uma
grande inserção dos estudantes de graduação, na rotina profissional. Durante os
dois últimos anos de curso, os alunos são divididos em grupos, e a cada semana,
um destes grupos, ao invés das aulas práticas, participam da Semana de Serviço
Hospitalar, onde acompanhamos e auxiliamos na rotina do Hospital Veterinário da
Universidade. Passamos pelos setores de Animais de Companhia, Animais de
Produção e Animais Exóticos.
Nicolas junto a amigos do Intercâmbio, o mineiro Luiz Henrique Marques, estudante da FUMEC; e as paulistas, Flávia Venâncio, estudante da UFES e Natália de Figueiredo, estudante da UFRRJ
Nova
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– Já neste início, o quanto sente que o estudo e a estadia, estão enriquecendo
seu conhecimento?
Nicolas
Monnerat Caparelli - O
fato de estar em outro país, por si só, já é extremamente enriquecedor. No
entanto, os alunos brasileiros foram integrados as atividades do Erasmus. Uma organização que coordena a
mobilidade de estudantes dentro da Europa.
Nova
Voz
– Como foi isso?
Nicolas
Monnerat Caparelli -
Tive a oportunidade de conhecer e me integrar com pessoas de diferentes
nacionalidades, franceses, belgas, espanhóis, macedônios, tchecos, turcos e
tantas outras. E claro, aos portugueses. Tudo isso já promove uma riqueza cultural
imensurável. Quanto às disciplinas, tive a oportunidade de me inserir na rotina
do Hospital Veterinário da Universidade
de Trás-os-Montes e Alto Douro, o que me possibilita vivenciar o dia-a-dia
do profissional Médico Veterinário e aprender com os professores e colegas na
rotina dos atendimentos e internação. Realmente sensacional.
Nova
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– E a cidade de Vila Real? O que pode nos dizer sobre ela?
Nicolas
Monnerat Caparelli
- A cidade de Vila Real é acolhedora. Situada entre as montanhas, de povo
simpático e prestativo. O sossego da cidade encanta aqueles que apreciam a
calmaria. Basicamente é uma cidade universitária, que possui beleza singela e
única. Como venho do interior, tem sido muito agradável morar aqui.
Nova
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– O Norte de Portugal é a região mais fria do país. Está preparado para os
meses do final e início de ano, quando o inverno é rigoroso?
Nicolas
Monnerat Caparelli -
Tenho esperado o inverno com ansiedade. Mas também com receio. Segundo os
moradores, os montes que nos cercam, ficam cobertos de neve, nos meses mais
frios; contam que vez ou outra, se vê neve. Mesmo agora, já faz considerável
frio durante a noite, que se equilibra com os dias quase tropicais, de sol
escaldante.
Nova
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- Pelos comentários no Facebook, gostas de vinhos. O que nos conta sobre os
vinhos e os queijos que está provando?
Nicolas
Monnerat Caparelli
- Tive uma experiência um tanto quanto interessante sobre os vinhos. A região
do Douro é típica produtora dos famosos vinhos Portugueses. Por todo lado que
se olha há uvas. Nos primeiros dias em Portugal, fui às Vindimas, que é o
período entre a colheita das uvas e preparação do vinho. A colheita é
trabalhosa e pode-se perceber que há certa escassez de mão de obra, para
realização do serviço braçal. É perceptível a diferença na qualidade da matéria
prima. As uvas, mesmo ao pé, são deliciosas. Pude experimentar a cachaça feita
do talo das uvas, que sequer sabia que existia. É um subproduto do vinho que
faria sucesso no Brasil.
Nova
Voz On Line
– Como está sendo esse contato com pessoas de outros países? Eles têm hábitos e
culturas muito diferentes da nossa?
Nicolas
Monnerat Caparelli - Tem
sido muito interessante. Permite descobrir um pouco mais da realidade, ao redor
do mundo, ouvindo diretamente alguém de outra cultura. Alguns hábitos são
diferentes. No entanto, é perceptível o quanto a globalização nos tornou
semelhantes. Todos dançam, bebem cerveja e conversam, tendo a língua inglesa
como ponto comum. O que mudam são detalhes, que às vezes passam despercebidos,
às vezes não.
Nova
Voz On Line
- É verdade que é possível viajar, desfrutando de passagens (inclusive aéreas)
que ficam por volta dos 20 Euros, em vários países da Europa? Têm planos para
viajar e conhecer outros países, além de Portugal?
Nicolas
Monnerat Caparelli - As
passagens aéreas na Europa são bastante acessíveis. Algumas das vezes mais
baratas do que as passagens de trem, que também é uma opção de transporte
excelente. Pesquisando um pouco, consegue-se pagar 12,00; 15,00 ou 20,00 Euros,
em uma passagem aérea de Porto para Paris, por exemplo. Pretendo sim, conhecer
outros países. Afinal de contas, um dos grandes benefícios do Intercâmbio é o
enriquecimento cultural. Preciso de mais tempo para planejar viagens, antes de
retornar ao Brasil.
Nova
Voz On Line
- Estes primeiros momentos em Portugal, estão lhe fazendo pensar sobre
construir sua vida na Europa? Por quê?
Nicolas
Monnerat Caparelli - Posso
afirmar que somos um povo único. O calor humano do brasileiro não tem igual.
Acredito que por isso tanto amam o Brasil, no mundo todo. No entanto, o cenário
político brasileiro se apresenta cada vez mais controverso. Parece não haver
uma saída, o que leva pensar sobre a possibilidade de construir a vida em outros
locais. O poder de compra do Euro supera (em muito) o poder de compra do Real.
Possibilita que se tenha melhor qualidade de vida, ganhando menos dinheiro.
Outro fator que se vê, ao menos na maior parte da população, é o censo de civismo
e os valores cultivados.
Nova
Voz On Line
– Sem essa ideia tola de paraíso, não é verdade?
Nicolas
Monnerat Caparelli – Perfeito.
A vida em Portugal não é fácil. Esse é o país com o menor salário mínimo da
Europa. Contudo, é claro, devido ao cenário atual, apresentado no Brasil,
acredito que devemos deixar as opções abertas e considerar a possibilidade de
iniciar uma nova vida, aqui em Portugal ou em outro país.
Nova
Voz On Line
- Dizem que os portugueses são muito diretos. Por vezes rudes. Na experiência
que está tendo, isso é verdade, ou apenas lenda?
Nicolas
Monnerat Caparelli - Em
parte é verdade. Por aqui, as “patadas”, sempre acontecem embaladas em certo
grau de ironia, o que talvez de um ar mais ríspido. Acredito que quem vem
somente a turismo, tenha essa percepção. Passei por isso algumas vezes.
Principalmente nos primeiros dias. Mas essa percepção ocorre apenas no primeiro
momento. Talvez embalado pelo preconceito (dos portugueses) com os
estrangeiros. Contudo, quero destacar, a cordialidade, a simpatia dos portugueses.
São super prestativos. Tiram duvidas e dão informações com máxima educação.
Expressões como “com licença”, “obrigado” e “me desculpe”, fazem parte do dia a
dia.
Nova
Voz On Line
– Já deu para sentir saudades do Brasil?
Nicolas
Monnerat Caparelli - Sem dúvida! A
gente sente falta da família, da namorada, dos amigos e também dos hábitos e
rotinas. Mas compreendo que é um momento passageiro, do qual devo desfrutar,
pois logo estarei de volta.
Nova
Voz On Line
- Estando em Vila Real, Portugal, o que diria aos brasileiros, deixando como
mensagem aos leitores?
Nicolas
Monnerat Caparelli
- Quando virem alguém esperando para atravessar a faixa de pedestres PAREM!!! (Risos) Brincadeiras a parte, aqui
em Vila Real, os transeuntes tem prioridade para atravessar a faixa. Em 99% das
vezes são respeitados. Aproveitando esse exemplo, talvez pouco impactante, o
que quero dizer é que acredito que nos falta à consciência de pensar no outro.
Empatia é uma palavra que está na moda no Brasil, mas que é pouco praticada.
Que possamos nos tornar mais educados, mais gentis. Que percamos a lógica do
“tirar vantagem”. Pensemos mais pelo lado de fazer o que é certo, independente
dos benefícios que possamos obter se agirmos de má fé. Fazer o que é certo é
sempre o mais recompensador.
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