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sábado, 13 de outubro de 2018

O Cantagalense Nicolas Monnerat Caparelli fala do Mestrado em Medicina Veterinária que cursa em Portugal



Estudante universitário do 9º Período de Medicina Veterinária, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o jovem cantagalense, Nicolas Monnerat Caparelli, está cursando o Mestrado Integrado em Medicina Veterinária na Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal. Leia e desfrute da experiência dele em terras lusitanas.

 
O Cantagalense Nicolas Monnerat Camparelli, de 22 anos, num lago próximo a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal

Nova Voz On Line – Como foi o processo que o levou a fazer o Intercâmbio em Medicina Veterinária, na Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal?
Nicolas Monnerat Caparelli - Fui selecionado através de edital interno na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde estudo. O concurso oferecia 15 bolsas para Portugal e Espanha. O processo seletivo teve como base avaliação curricular, carta de interesse e coeficiente de rendimento nas disciplinas. O processo em que fui selecionado é resultado dos esforços da Coordenação de Relações Internacionais e Interinstitucionais para internacionalização da UFRRJ.

Nova Voz On Line - A chegada e os primeiros dias ocorreram como esperava?
Nicolas Monnerat Caparelli - Felizmente não tive problemas. Entrei na União Europeia por Madrid, e tanto o processo de imigração, como o de conexão de Madrid para o Porto, foi bastante rápido. Os primeiros dias são recheados de surpresas, afinal, tudo é novidade. Durante a primeira semana, participamos das atividades denominadas Welcome Week, que é a semana preparada para receber os calouros da universidade e também os alunos internacionais. Houve uma série de atividades, festas e jogos a fim de promover a integração dos estudantes.

Nova Voz On Line – Os métodos de aprendizado são diferentes do que estava acostumado no Brasil?
Nicolas Monnerat Caparelli - Como por aqui as aulas iniciaram somente no dia 24 de setembro, ainda não tive tempo de observar muitas diferenças. No entanto, a própria estrutura do curso é bastante diferenciada, quando se compara com a oferecida no Brasil. A começar pelo fato de que na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o curso de Medicina Veterinária é oferecido na modalidade de Mestrado Integrado. Ou seja, todo aluno se forma em cinco anos, com o Título de Mestre. Sendo destes, três anos de Graduação e dois anos de Mestrado.

Nova Voz On Line – Realmente diferente do Brasil.
Nicolas Monnerat Caparelli – Sim. Em nosso país, para obter-se o grau de Mestre em Medicina Veterinária, são necessários cinco anos de graduação, mais dois anos de Mestrado. Há ainda uma grande inserção dos estudantes de graduação, na rotina profissional. Durante os dois últimos anos de curso, os alunos são divididos em grupos, e a cada semana, um destes grupos, ao invés das aulas práticas, participam da Semana de Serviço Hospitalar, onde acompanhamos e auxiliamos na rotina do Hospital Veterinário da Universidade. Passamos pelos setores de Animais de Companhia, Animais de Produção e Animais Exóticos.




Nicolas junto a amigos do Intercâmbio, o mineiro Luiz Henrique Marques, estudante da FUMEC; e as paulistas, Flávia Venâncio, estudante da UFES e Natália de Figueiredo, estudante da UFRRJ


Nova Voz On Line – Já neste início, o quanto sente que o estudo e a estadia, estão enriquecendo seu conhecimento?
Nicolas Monnerat Caparelli - O fato de estar em outro país, por si só, já é extremamente enriquecedor. No entanto, os alunos brasileiros foram integrados as atividades do Erasmus. Uma organização que coordena a mobilidade de estudantes dentro da Europa.

Nova Voz – Como foi isso?
Nicolas Monnerat Caparelli - Tive a oportunidade de conhecer e me integrar com pessoas de diferentes nacionalidades, franceses, belgas, espanhóis, macedônios, tchecos, turcos e tantas outras. E claro, aos portugueses. Tudo isso já promove uma riqueza cultural imensurável. Quanto às disciplinas, tive a oportunidade de me inserir na rotina do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o que me possibilita vivenciar o dia-a-dia do profissional Médico Veterinário e aprender com os professores e colegas na rotina dos atendimentos e internação. Realmente sensacional.

Nova Voz On Line – E a cidade de Vila Real? O que pode nos dizer sobre ela?
Nicolas Monnerat Caparelli - A cidade de Vila Real é acolhedora. Situada entre as montanhas, de povo simpático e prestativo. O sossego da cidade encanta aqueles que apreciam a calmaria. Basicamente é uma cidade universitária, que possui beleza singela e única. Como venho do interior, tem sido muito agradável morar aqui.

Nova Voz On Line – O Norte de Portugal é a região mais fria do país. Está preparado para os meses do final e início de ano, quando o inverno é rigoroso?
Nicolas Monnerat Caparelli - Tenho esperado o inverno com ansiedade. Mas também com receio. Segundo os moradores, os montes que nos cercam, ficam cobertos de neve, nos meses mais frios; contam que vez ou outra, se vê neve. Mesmo agora, já faz considerável frio durante a noite, que se equilibra com os dias quase tropicais, de sol escaldante.

Nova Voz On Line - Pelos comentários no Facebook, gostas de vinhos. O que nos conta sobre os vinhos e os queijos que está provando?
Nicolas Monnerat Caparelli - Tive uma experiência um tanto quanto interessante sobre os vinhos. A região do Douro é típica produtora dos famosos vinhos Portugueses. Por todo lado que se olha há uvas. Nos primeiros dias em Portugal, fui às Vindimas, que é o período entre a colheita das uvas e preparação do vinho. A colheita é trabalhosa e pode-se perceber que há certa escassez de mão de obra, para realização do serviço braçal. É perceptível a diferença na qualidade da matéria prima. As uvas, mesmo ao pé, são deliciosas. Pude experimentar a cachaça feita do talo das uvas, que sequer sabia que existia. É um subproduto do vinho que faria sucesso no Brasil.

Nova Voz On Line – Como está sendo esse contato com pessoas de outros países? Eles têm hábitos e culturas muito diferentes da nossa?
Nicolas Monnerat Caparelli - Tem sido muito interessante. Permite descobrir um pouco mais da realidade, ao redor do mundo, ouvindo diretamente alguém de outra cultura. Alguns hábitos são diferentes. No entanto, é perceptível o quanto a globalização nos tornou semelhantes. Todos dançam, bebem cerveja e conversam, tendo a língua inglesa como ponto comum. O que mudam são detalhes, que às vezes passam despercebidos, às vezes não.

Nova Voz On Line - É verdade que é possível viajar, desfrutando de passagens (inclusive aéreas) que ficam por volta dos 20 Euros, em vários países da Europa? Têm planos para viajar e conhecer outros países, além de Portugal?
Nicolas Monnerat Caparelli - As passagens aéreas na Europa são bastante acessíveis. Algumas das vezes mais baratas do que as passagens de trem, que também é uma opção de transporte excelente. Pesquisando um pouco, consegue-se pagar 12,00; 15,00 ou 20,00 Euros, em uma passagem aérea de Porto para Paris, por exemplo. Pretendo sim, conhecer outros países. Afinal de contas, um dos grandes benefícios do Intercâmbio é o enriquecimento cultural. Preciso de mais tempo para planejar viagens, antes de retornar ao Brasil.

Nova Voz On Line - Estes primeiros momentos em Portugal, estão lhe fazendo pensar sobre construir sua vida na Europa? Por quê?
Nicolas Monnerat Caparelli - Posso afirmar que somos um povo único. O calor humano do brasileiro não tem igual. Acredito que por isso tanto amam o Brasil, no mundo todo. No entanto, o cenário político brasileiro se apresenta cada vez mais controverso. Parece não haver uma saída, o que leva pensar sobre a possibilidade de construir a vida em outros locais. O poder de compra do Euro supera (em muito) o poder de compra do Real. Possibilita que se tenha melhor qualidade de vida, ganhando menos dinheiro. Outro fator que se vê, ao menos na maior parte da população, é o censo de civismo e os valores cultivados.

Nova Voz On Line – Sem essa ideia tola de paraíso, não é verdade?
Nicolas Monnerat Caparelli – Perfeito. A vida em Portugal não é fácil. Esse é o país com o menor salário mínimo da Europa. Contudo, é claro, devido ao cenário atual, apresentado no Brasil, acredito que devemos deixar as opções abertas e considerar a possibilidade de iniciar uma nova vida, aqui em Portugal ou em outro país.

Nova Voz On Line - Dizem que os portugueses são muito diretos. Por vezes rudes. Na experiência que está tendo, isso é verdade, ou apenas lenda?
Nicolas Monnerat Caparelli - Em parte é verdade. Por aqui, as “patadas”, sempre acontecem embaladas em certo grau de ironia, o que talvez de um ar mais ríspido. Acredito que quem vem somente a turismo, tenha essa percepção. Passei por isso algumas vezes. Principalmente nos primeiros dias. Mas essa percepção ocorre apenas no primeiro momento. Talvez embalado pelo preconceito (dos portugueses) com os estrangeiros. Contudo, quero destacar, a cordialidade, a simpatia dos portugueses. São super prestativos. Tiram duvidas e dão informações com máxima educação. Expressões como “com licença”, “obrigado” e “me desculpe”, fazem parte do dia a dia.

Nova Voz On Line – Já deu para sentir saudades do Brasil?
Nicolas Monnerat Caparelli - Sem dúvida! A gente sente falta da família, da namorada, dos amigos e também dos hábitos e rotinas. Mas compreendo que é um momento passageiro, do qual devo desfrutar, pois logo estarei de volta.

Nova Voz On Line - Estando em Vila Real, Portugal, o que diria aos brasileiros, deixando como mensagem aos leitores?
Nicolas Monnerat Caparelli - Quando virem alguém esperando para atravessar a faixa de pedestres PAREM!!! (Risos) Brincadeiras a parte, aqui em Vila Real, os transeuntes tem prioridade para atravessar a faixa. Em 99% das vezes são respeitados. Aproveitando esse exemplo, talvez pouco impactante, o que quero dizer é que acredito que nos falta à consciência de pensar no outro. Empatia é uma palavra que está na moda no Brasil, mas que é pouco praticada. Que possamos nos tornar mais educados, mais gentis. Que percamos a lógica do “tirar vantagem”. Pensemos mais pelo lado de fazer o que é certo, independente dos benefícios que possamos obter se agirmos de má fé. Fazer o que é certo é sempre o mais recompensador.


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