Consta no dicionário: “Gênio, substantivo masculino. Indivíduo que possui uma extraordinária capacidade intelectual. Talento cuja aptidão pode ser evidentemente observada”. Leia abaixo o bate papo com o empresário e advogado, Carlos Faria Souto (Charlô), falando um pouco sobre seu pai, o grande Prefeito de Itaocara, Dr. Carlos Moacyr de Faria Souto. Veja se a palavra Gênio, não é absolutamente correta, para enquadrar alguém, que mesmo tantos e tantos anos depois de ter deixado o Governo, continua a grande referência nos governos da cidade.
Dr. Carlinhos com os filhos Charlô e Diana |
Nova
Voz ONLINE
– Quais lembranças têm do convívio com seu pai?
Carlos
Faria Souto (Charlô)
- Meu pai foi meu melhor amigo. Ele me ensinou a vida. Era meu companheiro de
pescas submarinas, caçadas e de todas as minhas aventuras. Educou-me e me
ajudou até partir. Eu, minha irmã Diana, netos e etc, somos gratos por ele e
minha mãe Edyr Machado de Faria Souto, terem se unido e nos feito vir ao mundo.
Nova Voz ONLINE - O Professor Augusto Pimenta, autor de livro sobre a Praça da Matemática, conta que o sonho dele, era ter cursado matemática na faculdade. É isso mesmo?
Charlô - Verdade. A
primeiramente vez que fez um curso, pensando profissionalmente, foi para
pilotar aviões. Depois quis ser engenheiro, pois adorava a matemática. Aliás,
era tão apaixonado por matemática, que chegou a lecionar essa matéria no famoso
Colégio de Pádua. O que aconteceu é que a nossa família, naquela época, tinha
tradição de políticos e advogados. Então, praticamente impôs a ele cursar
Direito.
Nova Voz ONLINE – Alguma vez ele contou como concebeu tantos projetos históricos, como as praças da Matemática, da Geografia, o Dancing e tantos outros?
Charlô - As ideias construtivas afloravam em sua cabeça diariamente. Meu pai tinha uma coisa impressionante. Ele olhava para um determinado local e na hora imaginava algo. Mas ele via como se já tivesse pronto. E ai surgia à iniciativa, que tempos depois, seria construída. Ele gostava de imaginar belezas que poderiam ser perpetuadas em Itaocara.
Nova Voz ONLINE - É verdade que havia um o Aquário Público, com peixe elétrico, peixe japonês, peixes do amazonas e outras espécies exóticas?
Charlô - É verdade. Veja como era o meu pai. Naquela época, alguém pensar em construir um aquário público, numa cidade que praticamente era rural. Boa parte das ruas eram de terra batida. Mesmo assim, aquele homem não só pensou. Fez contato com o Governo do Amazonas, num tempo que não existia praticamente telefone, nem em Itaocara, nem na região. Era somente um Posto Telefônico. Solicitou e conseguiu os espécimes. Vinha gente de todas as cidades, para ver os peixes em Itaocara. Interessante é que muitos duvidavam da existência de um peixe elétrico, colocando a mão na água par comprovar se realmente dava choque (risos). Qual cidade do Brasil tem isso hoje, em 2018? Do porte das nossas, sou capaz de apostar, que nenhuma. Esse era o meu pai.
Nova
Voz ONLINE - Os empresários Carlinhos da Ponto 2 e Marino da
Ki Madeira, disseram que o Dr. Carlinhos foi nosso Oscar Niemeyer. A
genialidade parece realmente à mesma. Concorda?
Charlô
– Respondo com uma pergunta: qual cidade do Brasil
foi administrada da forma que ele administrou? Sinto-me constrangido em
elogiar, por ser filho. Mas a verdade é que meu pai pensava muito além do seu
tempo. Ele estava anos luz a frente, mesmo dos políticos de hoje em dia. E não
falo somente de Itaocara. O Estado RJ nadou em royalties durante quantos anos?
Décadas! Onde estão os bilhões de dólares arrecadados em impostos? Perdoe, mas
se o Governador fosse meu pai, o Rio de Janeiro seria Dubai. Pode ter certeza
disso.
Nova Voz ONLINE – E a arrecadação de Itaocara, naquela época, era irrisória.
Charlô
– Uma ninharia. Tudo o que ele construiu foi com
recursos próprios da Prefeitura. Não tinha repasse, nem ajuda de nenhum órgão
Estadual ou Federal. Nem se imaginava que um dia existiram royalties do
petróleo. Mesmo assim, décadas depois dos seus governos, são justamente as suas
obras, as mais lembradas. E olha que a grande maioria se perdeu, ao longo dos
anos, por falta de manutenção por parte dos Prefeitos que o sucederam. Se
tivessem preservado, hoje, é bem provável que haveria um turismo forte, gerando
empregos e impostos, em Itaocara.
Nova Voz ONLINE – E o famoso Relógio de Sol na Praça Toledo Pizza? Realmente existiu?
Charlô – Pois é. Itaocara já teve um relógio solar. Qual cidade do Brasil tem um relógio solar em 2018? Esse era o Faria Souto. Genial. Tem outra, foi construído a partir da orientação de um profissional, que meu pai mandou trazer da cidade do Rio de Janeiro. As pessoas iam a praça acertar seus relógios. Não era à toa, que mesmo o mais famoso jornal do Mundo, The New York Times, citou uma vez a Itaocara governada por Dr. Carlos Faria Souto.
Nova
Voz ONLINE
– É um orgulho, tantos anos depois do seu pai ter sido Prefeito de Itaocara,
continuar sendo lembrado como referência de Prefeito, na história do município?
Charlô – Por um lado é. Sinto muita
alegria ao ver o reconhecimento do legado do meu pai na história do município.
Como citei anteriormente, sua maneira de administrar e suas obras, eram
manchetes nos maiores jornais do país e do mundo.
Nova Voz ONLINE – E não tinha Internet, não é mesmo? (Risos)
Charlô – Nem se
sonhava com o Mundo Global de hoje, mesmo assim, no exterior, sabiam que existia
Itaocara. E aqui, no Rio de Janeiro e no Brasil, comum eram as caravanas de
turistas, que vinham saber da cidade onde tinha um Dancing ao ar livre, com
chão de ladrilho e vidros iluminados; o Museu da Praça; o Clube Malba Tahan,
com jogos de xadrez, gamão e damas; um Campo de Aviação, com pista de pouso de 600
metros; Relógio de Sol na Praça Toledo Pizza; Casa do Estudante e etc. Isso me
deixa feliz e orgulhoso. Mas é hora de surgir outros Faria Souto. Gente que
governe além do arroz com feijão. Arroz com feijão é ótimo e nutritivo. Mas
quem consegue comer sempre, sem uma carne? Falo com respeito a todos. Mas estou
cansado de mesmice.
Nova Voz ONLINE - Tem postado muitas coisas dos governos do seu pai. É uma forma de matar a saudade?
Charlô – De um lado Sim. A saudade continua e é eterna. Porém posto às fotos para que as pessoas que não o conheceram, por não ser nascidas na época, possam ter uma pequena ideia de como era Itaocara antigamente, com pequenos recursos. Entretanto governada por um visionário empreendedor, que amava a terra e amava fazer bem feito. Fazer melhor, fazer com excelência. Governou com a meta de construir o melhor município do Estado. Não vemos mais isso. Toda classe política precisa ter visão. Desejar fazer de Itaocara o melhor lugar do Mundo. Só arroz com feijão cansa. Com máximo respeito a todos.
Nova
Voz ONLINE
– Como recebeu a homenagem do cantor Klebinho, com a música Elefante de Pedra?
E ainda o livro do Professor Pimenta, sobre a Praça da Matemática.
Charlô – O Klebinho
é fora de série. Minha família ficou encantada com a música. Ouvimos e nos
emocionamos. Quero agradecer a ele, pela iniciativa. Muito obrigado, caro
amigo! Aproveito para agradecer o grande Mestre, Professor Pimenta, que tornou
conhecida e admirada no mundo científico, a Praça da Matemática, obra
construída por meu pai. Pimenta e Klebinho, dois apaixonados pela música, e
como todo músico, com grande sensibilidade, nos alegram com essas duas grandes
homenagens. Muito grato, em nome de toda família.
Nova Voz ONLINE – Que frase ou que história do seu pai, teria para nos contar, nessa época que o município completa 128 anos?
Charlô - Lembro-me de uma história pitoresca que ele sempre contava: quando Prefeito, com 23 anos, aos domingos, depois da missa, ia pular da ponte, no rio Paraíba. Adorava os saltos e mergulhos no rio. Acontece que o trânsito parava, para vê-lo saltar, acarretando engarrafamento na ponte. Com o decorrer do tempo, a polícia, para evitar acidentes, pediu para que evitasse saltar da ponte. Ele parou. Porém mandou construir um trampolim na beira rio com a mesma altura e continuou seus saltos dominicais. Esse era o meu pai. Não era uma pessoa normal. Pelo contrário. Era alguém tão fora do comum, que mesmo hoje em dia, não tem ninguém como ele.
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