Abaixo temos um depoimento histórico, feito pela ex-Primeira Dama, Dona Celeste, sobre o Dr. Robério Ferreira da Silva, na época do falecimento do nosso super querido médico e ex-prefeito da cidade. Ela é muito grata ao povo de Itaocara, pelo carinho com sua família, durante todos os momentos.
Dr. Robério junto a família. A esposa Dona Celeste, os filhos Gustavo e Roberinho, as noras Daiana e Isabela e os NETOS Enzo, Eloah, Yan e Any
Nova
Voz
– Como a senhora conheceu Dr. Robério?
Dona
Celeste
– Essa é uma história engraçada. Nossos pais eram irmãos e mães, primas. Todos
nascidos em São José de Ubá. Então, desde criança, nós já nos conhecíamos, em
função do parentesco. Mesmo antes de imaginar o que significava namorar, já
éramos unidos.
Nova
Voz
– E o namoro, quando começou?
Dona
Celeste
– Fico emocionada lembrando estas coisas. Sabe aquela música que diz “nosso amor
estava escrito nas estrelas?”. O nosso estava. Naqueles tempos, o grande
divertimento era organizar bailes, usando os aparelhos de som
caseiros. Reuníamos os amigos na casa de alguém da turma, para dançar e
conversar. Numa destas festas, na residência da minha amiga Marta, o Robério
foi levar as irmãs dele e minha mãe pediu para ele me levar e tomar conta de
mim. Parece até uma coisa, pois daquele dia em diante, ele tomou conta de mim
até o dia 19 de dezembro de 2011, quando faleceu. Nunca me abandonou. Meu
marido, meu amigo, meu companheiro. Jamais vou esquecer o que construímos
juntos.
Nova
Voz
– Quando vocês se casaram?
Dona
Celeste
– No dia 3 de fevereiro de 1973. Mesmo com toda certeza do nosso amor, tínhamos
a preocupação natural, por sermos primos tão próximos, no grau de parentesco.
Mas nossa união foi tão abençoada no céu por Deus, que nos permitiu ter dois
filhos maravilhosos, sadios, que são as melhores coisas das nossas vidas. Frutos
da união perfeita, que agora nos deram os netos, tão importantes neste momento
de saudades.
Nova
Voz
– Antes de vir para Itaocara, vocês foram morar em São Paulo?
Dona
Celeste
– Naquele início da vida profissional, o Robério teve uma ótima proposta e
fomos para Osvaldo Cruz, no interior de São Paulo. Estava tudo dando certo.
Porém o tio José Ivo, pai do Robério, ficou doente e decidimos voltar. Mesmo
depois que ele faleceu, conversamos e chegamos à conclusão que seria importante
ficar próximos da família. A Josane, irmã do Robério, já estava casada e
morando aqui. Numa vinda a Itaocara, conhecemos o Idemar Figueiredo,
farmacêutico respeitado na cidade, que conseguiu, através do seu conhecimento,
arrumar um emprego para o Robério atender no FUNRURAL. Em agradecimento, quando
o Roberinho nasceu, pedimos e ele aceitou ser o padrinho do nosso segundo
filho.
Dr. Robério e Dona Celeste, um casal pra sempre no coração do povo de Itaocara
Dona
Celeste
– Na verdade, ele estava brincando com tambor de gasolina vazio e houve uma
explosão, que o deixou em estado grave. Neste dia não tinha médico cirurgião no
Hospital e chamaram o Robério. Lá chegando Deus iluminou suas mãos e ele pode
salvar a vida deste garotinho, que hoje é um homem adulto. Acredito que essa
disposição do Robério chamou a atenção dos médicos que clinicavam aqui. Dr.
Geomar, Dr. Carlos Magno, Dr. Nelson, Dr. Pinheiro e Dr. Jarbas, que pouco
tempo depois o convidaram para trabalhar no Hospital de Itaocara.
Nova
Voz
– E o nascimento dos filhos, Gustavo e Roberinho?
Dona
Celeste
– São os frutos do amor que construímos. Temos o máximo orgulho deles. Não só
porque são médicos, mas principalmente porque são grandes homens, que respeitam
suas famílias e todos os dias levantam e vão trabalhar pelo bem estar da população
deste município.
Nova
Voz
– Os dois nasceram aqui?
Dona
Celeste
- Ambos são itaocarenses da gema. Nascidos e criados na cidade que amamos. Uma
das coisas que mais deu alegria ao Robério é o fato do Gustavo e do Roberinho
terem se formado e vindo trabalhar com ele, na Casa de Saúde. Quase todos os
dias, ao chegar em casa, contava alguma coisa dos filhos. Sobre a destreza numa
cirurgia e sobre o carinho e respeito que atendem as pessoas. Da forma que lhes
ensinamos.
Nova
Voz
– E têm os netos, não é mesmo?
Dona
Celeste
– Meus dois filhos maravilhosos casaram com duas ótimas mulheres e nos
presentearam com o que hoje são o mais importante para mim: meus netos. O Enzo
e a Eloah, do Gustavo e da Daiana; e Yan e Any, do Robério Júnior e Isabela.
Quero agradecer minhas noras, por me apoiar nesse momento difícil.
Dr. Robério Prefeito de Itaocara
Nova
Voz
– Quais lembranças à senhora têm da primeira vez que o Dr. Robério foi
candidato a Prefeito?
Dona
Celeste
– Sendo sincera, não queria que ele tivesse sido candidato. Apesar da família
ter envolvimento com política, o pai do Robério, meu tio, José Ivo, foi
Prefeito de Cambuci, eu estava preocupada. Como médico, Robério era muito
procurado pelo povo, e em função de sua alma caridosa, atendia todo mundo da
mesma maneira, independente de ser rico ou pobre. Mas não tínhamos dinheiro
para campanha.
Nova
Voz
– A senhora chegou a comentar isso com ele?
Dona
Celeste
– Disse que não deveria se iludir. Mas, que no final, se não ganhasse, poderia
chorar nos meus ombros. Ele respondeu que confiava no povo humilde. Que seu
eleitor estava quieto, em casa, não se manifestando para não ser perseguido
pelos poderosos. Estava certo. Apesar de ter começado como azarão, venceu em
todas as urnas. Os itaocarenses disseram: ‘muito obrigado, confiamos em você’,
e o elegeram Prefeito em 1988.
Nova
Voz
– O primeiro governo transformou Itaocara. O que a senhora se lembra deste
período?
Dona
Celeste
– Ele ficou muito feliz pela vitória. Mas me disse que queria fazer o melhor
governo da história. Às vezes, quando olho para trás, é até difícil acreditar,
que apesar do Robério ter governado numa época em que o Estado não ajudava em
nada, pode deixar pronto para população de Itaocara, a Creche Tia Josete, o
Colégio Tia Jaysa, o Salão Multiuso, o SENAC, a Praça Cid Dias, com quadra de
esportes, no BNH; construiu o prédio da FAETEC e o CAPS, na Cidade Nova; parte
da cobertura no Valão Santo Antonio e calçamento de diversas ruas, no Caxias; a
Creche Tia Norma, em Laranjais; o Monumento do Centenário na Praça Coronel
Guimarães, o Calçadão do Centenário, deu uma sede para a Banda Patápio Silva,
no segundo andar, onde hoje é Centro de Saúde, alias, construiu o Centro de
Saúde em homenagem ao nosso amigo, Dr. Pinheiro. Calçou e saneou bairros
inteiros, como os morros do Eucalipto, do Cruzeiro, o Bela Vista, o bairro
Florestal, a maior parte das ruas na Cidade Nova, calçou as primeiras ruas do
bairro da CERJ. Fez o plano de carreira do funcionalismo público e do
magistério. São tantas coisas feitas pelo Robério, que quem não viveu naquela
época, pode até achar que estamos inventando. Infelizmente, por despeito,
tiraram a maioria das placas de inauguração, num desrespeito com a história de
Itaocara.
Dr. Robério discursa na inauguração do prédio do Centro de Saúde, tendo ao seu lado dois jovens (naquela época) jornalistas, Ronald Thompson e Nelson Ferreira
Nova
Voz
– Todos diziam que uma das principais características dele era ser amigo fiel.
Dona
Celeste
– Diziam que esse era um defeito dele, ser amigo de verdade. Mas ele nunca
confundiu administração pública, com amizade. Até nomeou os amigos Secretários,
mas eles só ficaram, porque mostraram um trabalho bem feito. O Robério não fez
tudo que fez sozinho. Suas realizações vieram muitas vezes do fato de ouvir os
colaboradores. Hoje vejo pela TV falarem que os bons governantes, precisam
reunir boas equipes. Quando pensamos em tantas coisas que o Robério fez,
notamos que ele já sabia disso vinte anos atrás.
Nova
Voz
– A família pode sentir no falecimento do Dr. Robério, o quanto o povo do
município o amava?
Dona
Celeste
– Não só agora no falecimento, mas desde que ficou doente. Quem sabia do
problema de saúde, nos procurava para dizer que estava orando por ele. Nós
somos muito gratos a toda população de Itaocara, que está de luto também. Nem
sei como agradecer. Acredito que toda dedicação do Robério, atendendo no
Hospital, na Casa de Saúde, no INSS, nos Postos de Saúde, quando Prefeito,
buscando fazer o melhor, foi bastante reconhecida.
Nova
Voz
– Isso é muito bom, não é mesmo?
Dona
Celeste
- Nos traz muita paz saber o quanto às pessoas gostam de nós. Só posso dizer Obrigado
Itaocara, pelo carinho que sempre tratou nossa família. Obrigado Itaocara, por
aqui ver nascer e ser criados, nossos filhos Gustavo e Robério Júnior. Por terem
elegido duas vezes Robério Prefeito, nos confiando seus sonhos. Obrigado
Itaocara por nos permitir escrever aqui, nossa história.
Nova
Voz
– O que a senhora teria a dizer para encerrarmos.
Dona
Celeste
– Estou sofrendo muito. O meu amor foi embora e me deixou sozinha. Mas sei que
além da família, muitos itaocarenses estão sentindo essa perda. Então, ‘dizendo
até logo ao Robério’, recordo um verso que ele sempre citava: “Não se vai de
todo, aquele que fica numa saudade”. Muito obrigado.
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