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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Dona Celeste agradece ao povo de Itaocara pelo carinho com Dr. Robério


Abaixo temos um depoimento histórico, feito pela ex-Primeira Dama, Dona Celeste, sobre o Dr. Robério Ferreira da Silva, na época do falecimento do nosso super querido médico e ex-prefeito da cidade. Ela é muito grata ao povo de Itaocara, pelo carinho com sua família, durante todos os momentos.



Dr. Robério junto a família. A esposa Dona Celeste, os filhos Gustavo e Roberinho, as noras Daiana e Isabela e os NETOS Enzo, Eloah, Yan e Any

Nova Voz – Como a senhora conheceu Dr. Robério?
Dona Celeste – Essa é uma história engraçada. Nossos pais eram irmãos e mães, primas. Todos nascidos em São José de Ubá. Então, desde criança, nós já nos conhecíamos, em função do parentesco. Mesmo antes de imaginar o que significava namorar, já éramos unidos.

Nova Voz – E o namoro, quando começou?
Dona Celeste – Fico emocionada lembrando estas coisas. Sabe aquela música que diz “nosso amor estava escrito nas estrelas?”. O nosso estava. Naqueles tempos, o grande divertimento era organizar bailes, usando os aparelhos de som caseiros. Reuníamos os amigos na casa de alguém da turma, para dançar e conversar. Numa destas festas, na residência da minha amiga Marta, o Robério foi levar as irmãs dele e minha mãe pediu para ele me levar e tomar conta de mim. Parece até uma coisa, pois daquele dia em diante, ele tomou conta de mim até o dia 19 de dezembro de 2011, quando faleceu. Nunca me abandonou. Meu marido, meu amigo, meu companheiro. Jamais vou esquecer o que construímos juntos.

Nova Voz – Quando vocês se casaram?
Dona Celeste – No dia 3 de fevereiro de 1973. Mesmo com toda certeza do nosso amor, tínhamos a preocupação natural, por sermos primos tão próximos, no grau de parentesco. Mas nossa união foi tão abençoada no céu por Deus, que nos permitiu ter dois filhos maravilhosos, sadios, que são as melhores coisas das nossas vidas. Frutos da união perfeita, que agora nos deram os netos, tão importantes neste momento de saudades.

Nova Voz – Antes de vir para Itaocara, vocês foram morar em São Paulo?
Dona Celeste – Naquele início da vida profissional, o Robério teve uma ótima proposta e fomos para Osvaldo Cruz, no interior de São Paulo. Estava tudo dando certo. Porém o tio José Ivo, pai do Robério, ficou doente e decidimos voltar. Mesmo depois que ele faleceu, conversamos e chegamos à conclusão que seria importante ficar próximos da família. A Josane, irmã do Robério, já estava casada e morando aqui. Numa vinda a Itaocara, conhecemos o Idemar Figueiredo, farmacêutico respeitado na cidade, que conseguiu, através do seu conhecimento, arrumar um emprego para o Robério atender no FUNRURAL. Em agradecimento, quando o Roberinho nasceu, pedimos e ele aceitou ser o padrinho do nosso segundo filho.


Dr. Robério e Dona Celeste, um casal pra sempre no coração do povo de Itaocara

Nova Voz – Nesta época houve uma historia que se tornou famosa, quando uma criança sofreu um acidente, não foi isso?
Dona Celeste – Na verdade, ele estava brincando com tambor de gasolina vazio e houve uma explosão, que o deixou em estado grave. Neste dia não tinha médico cirurgião no Hospital e chamaram o Robério. Lá chegando Deus iluminou suas mãos e ele pode salvar a vida deste garotinho, que hoje é um homem adulto. Acredito que essa disposição do Robério chamou a atenção dos médicos que clinicavam aqui. Dr. Geomar, Dr. Carlos Magno, Dr. Nelson, Dr. Pinheiro e Dr. Jarbas, que pouco tempo depois o convidaram para trabalhar no Hospital de Itaocara.

Nova Voz – E o nascimento dos filhos, Gustavo e Roberinho?
Dona Celeste – São os frutos do amor que construímos. Temos o máximo orgulho deles. Não só porque são médicos, mas principalmente porque são grandes homens, que respeitam suas famílias e todos os dias levantam e vão trabalhar pelo bem estar da população deste município.

Nova Voz – Os dois nasceram aqui?
Dona Celeste - Ambos são itaocarenses da gema. Nascidos e criados na cidade que amamos. Uma das coisas que mais deu alegria ao Robério é o fato do Gustavo e do Roberinho terem se formado e vindo trabalhar com ele, na Casa de Saúde. Quase todos os dias, ao chegar em casa, contava alguma coisa dos filhos. Sobre a destreza numa cirurgia e sobre o carinho e respeito que atendem as pessoas. Da forma que lhes ensinamos.

Nova Voz – E têm os netos, não é mesmo?
Dona Celeste – Meus dois filhos maravilhosos casaram com duas ótimas mulheres e nos presentearam com o que hoje são o mais importante para mim: meus netos. O Enzo e a Eloah, do Gustavo e da Daiana; e Yan e Any, do Robério Júnior e Isabela. Quero agradecer minhas noras, por me apoiar nesse momento difícil.

Dr. Robério Prefeito de Itaocara

Nova Voz – Quais lembranças à senhora têm da primeira vez que o Dr. Robério foi candidato a Prefeito?
Dona Celeste – Sendo sincera, não queria que ele tivesse sido candidato. Apesar da família ter envolvimento com política, o pai do Robério, meu tio, José Ivo, foi Prefeito de Cambuci, eu estava preocupada. Como médico, Robério era muito procurado pelo povo, e em função de sua alma caridosa, atendia todo mundo da mesma maneira, independente de ser rico ou pobre. Mas não tínhamos dinheiro para campanha.

Nova Voz – A senhora chegou a comentar isso com ele?
Dona Celeste – Disse que não deveria se iludir. Mas, que no final, se não ganhasse, poderia chorar nos meus ombros. Ele respondeu que confiava no povo humilde. Que seu eleitor estava quieto, em casa, não se manifestando para não ser perseguido pelos poderosos. Estava certo. Apesar de ter começado como azarão, venceu em todas as urnas. Os itaocarenses disseram: ‘muito obrigado, confiamos em você’, e o elegeram Prefeito em 1988.

Nova Voz – O primeiro governo transformou Itaocara. O que a senhora se lembra deste período?
Dona Celeste – Ele ficou muito feliz pela vitória. Mas me disse que queria fazer o melhor governo da história. Às vezes, quando olho para trás, é até difícil acreditar, que apesar do Robério ter governado numa época em que o Estado não ajudava em nada, pode deixar pronto para população de Itaocara, a Creche Tia Josete, o Colégio Tia Jaysa, o Salão Multiuso, o SENAC, a Praça Cid Dias, com quadra de esportes, no BNH; construiu o prédio da FAETEC e o CAPS, na Cidade Nova; parte da cobertura no Valão Santo Antonio e calçamento de diversas ruas, no Caxias; a Creche Tia Norma, em Laranjais; o Monumento do Centenário na Praça Coronel Guimarães, o Calçadão do Centenário, deu uma sede para a Banda Patápio Silva, no segundo andar, onde hoje é Centro de Saúde, alias, construiu o Centro de Saúde em homenagem ao nosso amigo, Dr. Pinheiro. Calçou e saneou bairros inteiros, como os morros do Eucalipto, do Cruzeiro, o Bela Vista, o bairro Florestal, a maior parte das ruas na Cidade Nova, calçou as primeiras ruas do bairro da CERJ. Fez o plano de carreira do funcionalismo público e do magistério. São tantas coisas feitas pelo Robério, que quem não viveu naquela época, pode até achar que estamos inventando. Infelizmente, por despeito, tiraram a maioria das placas de inauguração, num desrespeito com a história de Itaocara.


Dr. Robério discursa na inauguração do prédio do Centro de Saúde, tendo ao seu lado dois jovens (naquela época) jornalistas, Ronald Thompson e Nelson Ferreira

Nova Voz – Todos diziam que uma das principais características dele era ser amigo fiel.
Dona Celeste – Diziam que esse era um defeito dele, ser amigo de verdade. Mas ele nunca confundiu administração pública, com amizade. Até nomeou os amigos Secretários, mas eles só ficaram, porque mostraram um trabalho bem feito. O Robério não fez tudo que fez sozinho. Suas realizações vieram muitas vezes do fato de ouvir os colaboradores. Hoje vejo pela TV falarem que os bons governantes, precisam reunir boas equipes. Quando pensamos em tantas coisas que o Robério fez, notamos que ele já sabia disso vinte anos atrás.

Nova Voz – A família pode sentir no falecimento do Dr. Robério, o quanto o povo do município o amava?
Dona Celeste – Não só agora no falecimento, mas desde que ficou doente. Quem sabia do problema de saúde, nos procurava para dizer que estava orando por ele. Nós somos muito gratos a toda população de Itaocara, que está de luto também. Nem sei como agradecer. Acredito que toda dedicação do Robério, atendendo no Hospital, na Casa de Saúde, no INSS, nos Postos de Saúde, quando Prefeito, buscando fazer o melhor, foi bastante reconhecida.

Nova Voz – Isso é muito bom, não é mesmo?
Dona Celeste - Nos traz muita paz saber o quanto às pessoas gostam de nós. Só posso dizer Obrigado Itaocara, pelo carinho que sempre tratou nossa família. Obrigado Itaocara, por aqui ver nascer e ser criados, nossos filhos Gustavo e Robério Júnior. Por terem elegido duas vezes Robério Prefeito, nos confiando seus sonhos. Obrigado Itaocara por nos permitir escrever aqui, nossa história.

Nova Voz – O que a senhora teria a dizer para encerrarmos.
Dona Celeste – Estou sofrendo muito. O meu amor foi embora e me deixou sozinha. Mas sei que além da família, muitos itaocarenses estão sentindo essa perda. Então, ‘dizendo até logo ao Robério’, recordo um verso que ele sempre citava: “Não se vai de todo, aquele que fica numa saudade”. Muito obrigado.

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