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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

LEIA NOVAMENTE: Ayrthon Caldeira - Um dos Mais Importantes Nomes da História de Itaocara

No aniversário do município trazemos novo registro para posteridade no bate papo com um dos mais importantes personagens da história de Itaocara: Ayrthon Caldeira, autor do livro “Das Coisas que me lembro, e ainda posso contar”, em que destaca seu grande amor por nossa terra. (NOTA: POSTAGEM ORIGINAL EM 18 DE OUTUBRO DE 2018).

Ayrthon Caldeira no União Esportivo Itaocarense, durante o evento Regresso, com familiares e amigos ao seu redor

Nova Voz ONLINE – Quais as principais lembranças da Itaocara de sua infância e adolescência?

Ayrthon Caldeira – Itaocara é uma obra de arte. Muitos que chegam a nossa cidade têm acesso trafegando sobre a ponte Ary Parreiras, construída na década de 1930. Quer dizer, uma ponte de inestimável valor histórico. Na época de sua construção foi um marco da engenharia e da arquitetura. Saindo da ponte, quem olha a direita, vê a Igreja de São José de Leonissa, local onde o fundador de Itaocara, Frei Thomas, deu início a nossa Aldeia da Pedra querida. E a esquerda, a Praça Coronel Guimarães, o monumento do Centenário e a estátua do próprio Frei Thomas, obra de Henrique Resende, um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil. Se olharmos na direção contrária veremos o rio Paraíba e a serra da Bolívia. Qual cidade possuiu, logo na entrada, belezas de tamanho valor? Só mesmo Itaocara.

Nova Voz ONLINE – A Praça Coronel Guimarães tem valor pessoal para o senhor, não é mesmo?

Ayrthon Caldeira – Foi onde comecei a namorar o grande amor da minha vida, minha eterna esposa e companheira, Maria Candida. Emociono-me cada vez que me lembro daqueles tempos que nunca se foram. Estão presentes na minha mente e no meu coração.

Nova Voz ONLINE – O que deveria ter sido preservado para posteridade, mas não foi?

Ayrthon Caldeira – Se me fosse dado o dom de fazer durar para sempre, é claro que eterna seria minha esposa, Maria Candida, como já disse, o grande amor da minha vida. Também vários familiares e amigos, pessoas boníssimas, continuariam eternamente entre nós. Gente que ajudou a construir a história de Itaocara. Nossa natureza e nossos monumentos são uma gigantesca riqueza. Porém, o que de maior valor Itaocara sempre possuiu foi sua gente. Eu tive o privilégio de conviver e conhecer boa parte destas pessoas notáveis.

Nova Voz ONLINE – Entre as coisas que participou no município, está o futebol. Quem foram os jogadores que mais admirou?

Ayrthon Caldeira – Numa época de vida simples, sem as parafernálias da tecnologia que tornaram os lares mais confortáveis, reconheço, mas que tiraram algumas coisas boas de outros tempos, o futebol era uma delas. As partidas, grandes eventos, que levavam as famílias aos estádios e campos. Cada qual tinha sua torcida. Tivemos grandes jogadores. Não é fácil destacar. Mas na minha lembrança, três nos encantaram com jogadas geniais, passes perfeitos e gols emocionantes: Wilson Cantagalo, Waldinho Cidade e Willian Rimes. Estes jogaram o fino do futebol. Se fossem jovens nos dias atuais, iriam parar em grandes clubes do Brasil e do Mundo, pois realmente jogavam demais.

Nova Voz ONLINE - Dia de jogo entre Nacional e União, mexia com a vida na cidade?

Ayrthon Caldeira – Era o assunto. Só se falava do jogo, antes e depois. A rivalidade forte. Mas não havia incidentes maiores. Lembro apenas de uma briga, Mas sem consequências. Coisa de quem estava ali, no calor do momento.

Sr. Ayrthon, feliz, ao lado dos filhos Tucalo e Ronaldo

Nova Voz ONLINE- Tem algum jogo ou campeonato que marcou sua participação no futebol?

Ayrthon Caldeira– No meu livro, “Das Coisas que me lembro e ainda posso contar”, na página 72, narro uma partida histórica entre o União e o Brasil Esporte Clube, de Laranjais. Nós precisávamos ganhar. Existia muita tensão. A vitória nos consagraria campeões. Na preleção, Johenir Henrique Viégas, deu um sacode na equipe. Mexeu com nossos brios. Exigiu a vitória. Naquele dia jogamos com seriedade e o placar refletiu todo empenho: 4 a 1. União Campeão. Que festa! Que alegria! Que recordação maravilhosa!

Nova Voz ONLINE – Outra coisa que o senhor sempre participou foi o Carnaval. Não sei se é possível explicar, o porquê de Itaocara ter tamanha paixão por carnaval?

Ayrthon Caldeira – O carnaval está no DNA. Lembro-me de ouvir contar sobre carros que desfilavam enfeitados, lançando confetes e serpentinas nos assistentes. Do famoso bloco dos Democratas, composto especialmente por pessoas negras, e do bloco Flor Silvestre, no qual minha mãe, Maria Caldeira, era Porta Estandarte. Sou compositor de uma música que presta singela homenagem. O verso diz: “a maior Porta Estandarte que deixou recordação (...)”, cantada pela Escola de Samba Acadêmicos da Aldeia, em 1980.

Nova Voz ONLINE – E a sua participação?

Ayrthon Caldeira – Minha primeira lembrança do Carnaval são os desfiles dos blocos. Especialmente do “Quem Fala de Nós Tem Paixão”. A concentração era no Rinque, espaço que existia onde hoje está a sede dos Correios. As cores eram o preto, vermelho e branco (as cores do União). O Mestre Sala e Porta Bandeira, com grande maestria, o casal Biga e Dagmar. Tudo fruto da mente do carnavalesco Augusto José Pires. Não posso deixar de destacar os carnavalescos José Curty e Ianá. Se não me engano, eles eram responsáveis pelo carnaval dos Democratas, que posteriormente se tornou o Nacional Esporte Clube.

Nova Voz ONLINE – De novo, Nacional e União, protagonizando momentos importantes?

Ayrthon Caldeira – De novo! O Nacional adotando as cores verde e rosa criou a Escola de Samba, “Unidos que eu também vou”; e o União, preto, vermelho e branco, Acadêmicos da Aldeia. Quero destacar o Santo Cabuqueiro e o Guilherme Estevão, pessoas que em muito contribuíram para grande história do carnaval de Itaocara.

Nova Voz ONLINE- Até hoje, quando vê o preto, vermelho e branco desfilando na Avenida, a emoção é grande?

Ayrthon Caldeira – Meu sangue é unionista. Eu amo o clube. Não há como conter a emoção quando o grito chama os unionistas para o desfile na avenida. Sinto-me um menino de novo. Meu coração baila de alegria, dividindo momentos emocionantes com meus amigos. Estou feliz com a atual direção do União. Os presidentes, Carlinhos e Carminha, e toda diretoria, faz um trabalho fantástico. Festas e grandes eventos, mostrando novamente o valor das cores preto, vermelho e branco.

Nova Voz ONLINE– Para finalizar, gostaria que deixasse uma mensagem para os itaocarenses.

Ayrthon Caldeira – Eu diria para nunca desanimarmos. Lembrarmos que aqui nasceu ou vieram para cá, tanta gente fora de série. Pessoas que enfrentaram as dificuldades das pequenas cidades e nos brindaram com talentos nas mais variadas áreas. Na cultura, na educação, no esporte, nos negócios, na agricultura e na pecuária, na medicina. Precisamos seguir estes bons exemplos e fazer da nossa Itaocara, da nossa Aldeia da Pedra, o melhor pedaço do Brasil. Feliz Aniversário Itaocarenses!






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