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sábado, 29 de dezembro de 2018

Facilitar o Acesso a Armas de Fogo é um perigoso erro - Texto: Ronald Thompson

"Nunca se renda, exceto às convicções de honra e bom senso" - Winston Churchill

Sei que está apenas cumprindo uma de suas promessas de campanha, mas a decisão do Presidente eleito, Jair Bolsonaro, de facilitar o acesso a armas de fogo, à população é um erro que vai ter graves consequências. Espero estar errado, mas temo que breve, teremos pessoas de bem, sem antecedentes criminais, envolvidas em crimes de homicídio, graças a essa iniciativa.

O Coronel da Reserva da PM de São Paulo, José Vicente da Silva Fialho, disse ao site da UOL:
- Há pesquisas no Brasil que mostram que 70% das pessoas armadas, são baleadas em situações de assalto, ou porque tentam reagir, ou porque simplesmente, ao ver a arma, o bandido percebe que se trata de alguém disposto ao enfrentamento. Quem tem que enfrentar os bandidos é a polícia.

A grande maioria das vezes que vemos reações a assalto bem sucedidas, o autor dos disparos que confrontou os bandidos, ou é policial ou é militar. Absolutamente incomum, ver civis encarar os bandidos com sucesso.

E é claro, além disso, discussões de transito, discussões familiares e mesmo discussões por causa de jogos de futebol ou outros assuntos banais, vão ter aumentado exponencialmente a chance de terminar em tragédia. Pessoas comuns, vão matar outras pessoas comuns, indo um para o cemitério e outro para a cadeia. Essa é uma boa solução para os problemas da violência no Brasil?

Duas coisas preocupantes nesse momento são a cegueira ideológica de uns e a euforia de outros. A cegueira ideológica é tão impressionante, que o senso crítico e o pensamento analítico vão para o espaço. Não é possível construir um país melhor, meramente com ideologias. O exemplo do PT deveria ter nos ensinado essa lição. Mas quem critica o PT, boa parte das vezes, está agindo igual aos petistas: sem senso crítico algum.

E a outra coisa é essa insana euforia. A princípio parece bom, ter tanta fé no futuro. Acreditar que tudo vai melhorar. Mas o grande problema é a decepção. Se de repente as coisas não saem como esperado, parte dos apoiadores do Bolsonaro vai defender até os graves erros que o novo governo vier a cometer (como muitos petistas fazem agora); e a outra parte, vai dizer estar decepcionada com a classe política, afirmando que se nem Bolsonaro deu jeito, ninguém mais conseguira. Porém a culpa será justamente dessa gente, que prefere agir cegamente, ao invés de adotar uma postura equilibrada.

Eu não votei no Bolsonaro. Mas agora ele é o Presidente. Torço para que bem governe o país. O fato de não ter votado nele, não pode me fazer um opositor da ideia de um país melhor; nem querer que dê certo, pode me fazer usar antolhos, apoiando cegamente, só porque ele é o Presidente eleito e vai governar por quatro anos. Rogo aos amigos, eleitores e não eleitores do Bolsonaro: equilíbrio! Não aplaudam tudo, nem critiquem tudo. Ambas as posições impedem a construção de um Brasil melhor.

No filme Comer, Rezar e Amar, a personagem da Júlia Roberts diz numa fala:
- Eu queria aquilo que os gregos chamavam de kalos kai agathos: ‘o perfeito equilíbrio do bom e do belo’.

Pessoas de boa índole, andando armadas, é o completo desequilíbrio entre o bom e o belo; com enorme potencial para nos levar ao mau e a feiura das tragédias.

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