Monsenhor Stael:
"O Papa
Francisco foi escolhido pelo Espírito Santo"
O agora saudoso Monsenhor Stael, junto a suas paroquianas em 2013 |
Na entrevista abaixo, o Monsenhor Antônio Stael de
Souza, destaca sua crença numa nova Igreja Católica sob e direção do Papa
Francisco. Defendeu ainda tolerância zero no combate a pedofilia e falou da
festa de São José de Leonissa, quando uma importante reforma da Igreja Matriz
de Itaocara, vai ser entregue aos fieis.
Nova
Voz On Line
– O que achou de Bento XVI ter renunciado ao papado?
Monsenhor
Stael
– Vi como uma atitude corajosa, digna de um homem que dá bem mais importância
aos assuntos da Igreja, do que aos interesses pessoais. Mesmo sabendo que
poderiam existir críticas, entendeu que os católicos precisavam de um novo líder,
em função até dos problemas de saúde que enfrenta. Bom lembrar que está usando marca
passo há mais de um ano. Além disso, existe toda complexidade de dirigir uma Igreja
com Um Bilhão de fieis.
Nova
Voz On Line
– Foi possível fazer alguma reflexão pessoal com esse ato do Papa Bento XVI?
Monsenhor
Stael
– Com certeza. Tenho buscando entender minhas próprias limitações, tanto
físicas, como quanto sacerdote. Oro a Deus que me guie no caminho correto,
permitindo que cumpra com meus deveres. A lição de modéstia do Papa Bento XVI
ecoa na Igreja Católica.
Nova
Voz On Line
– Quando soube que um Jesuíta tinha sido escolhido como novo Papa, qual foi sua
primeira reação?
Monsenhor
Stael
– Antes de tudo, rezei agradecendo a Deus, pelo resultado do conclave. No meio
de 115 candidatos, ele não configurava nem na lista dos 45 mais prováveis. Só
ai, já dá para notar que houve uma intervenção do Espírito Santo. O Papa
Francisco começou demonstrando toda sua humildade. O primeiro ato como
pontífice foi pedir que os fiéis de todo o mundo, orassem por ele. Esse gesto
comoveu e indicou como será seu papado.
Nova
Voz On Line
– O que significa ser Jesuíta?
Monsenhor
Stael
– Os Jesuítas são uma ordem criada por Santo Inácio de Loyola, no Século XVI. É
bom lembrar que ele era um fidalgo, que renunciou a vida de riqueza, para andar
nas ruas com vestes de mendicância. No Brasil, temos o grande exemplo de José
de Anchieta, fundador do Colégio de São Paulo, que deu origem a uma pequena
Vila, que hoje é uma das maiores cidades do mundo (São Paulo). Anchieta também
aprendeu a língua falada pelos índios. Atuou fortemente, em defesa do Brasil,
contra a tentativa de colonização francesa. Tudo isso que estou dizendo, é para
demonstrar que os Jesuítas são humildes, voltados a educação e ao interesse dos
menos favorecidos. Ao mesmo tempo são extremamente corajosos. Chamados de Soldados da Igreja. Nesse pequeno
relato, espero que seja possível entender o significado de termos um Papa
Jesuíta.
Nova
Voz On Line
– Existe uma expectativa de uma grande reforma na Igreja Católica, com o Papa
Francisco. O senhor acredita nessa reforma? Que reformas o senhor crê ser
importante realizar?
Monsenhor
Stael
– Penso que o eixo das ações da Igreja Católica vai se voltar aos pobres e
injustiçados. O Papa Francisco renunciou a qualquer peça luxuosa de
indumentária. Será o exemplo que todos os católicos devem seguir. Ele acredita que
ações valem mais do que palavras. Estou pedindo ao Espírito Santo, que nosso
Papa Francisco possa realizar sua obra de coragem e firmeza, beneficiando os
desprotegidos de todo o mundo.
Nova
Voz On Line
– O senhor acha que essa idéia de dar o exemplo, vai indicar as pessoas que a
religião continua importante, mesmo diante de tanta tecnologia e inovações?
Monsenhor
Stael
– Nós viemos de Deus. Devemos estar em Deus. Em algum momento, retornamos para
Deus. Diz São Paulo que ‘somos cidadãos do céu’. O Papa Francisco veio para
dizer à humanidade que ‘estamos aqui, mas não somos daqui’. Gostaria que
fossemos mais espirituais. Respeitássemos o próximo. Cultivar uma atitude
caridosa nos aproxima de Deus.
Nova
Voz On Line
– A religião e a fé são instrumentos importantes, para ética, em conseqüência,
para combatermos males seculares, como a corrupção?
Monsenhor
Stael
– Quem tem fé de verdade não usa os outros para subir na vida. A religião ensina
o respeito ao semelhante. Deus disse, ‘crescei e multiplicai-vos’. Não disse
que somos donos de nada. Lamentavelmente, muitos esquecem tudo, até a própria
família. A cobiça e o desejo desenfreado de consumir corrompem a alma dos
homens. Vemos pessoas, vivendo como animais, querendo apenas para si,
desprezando o semelhante. Quem age assim está distante de Deus. Antes de fazer
qualquer coisa errada, lembre-se que Jesus Cristo veio ao mundo por você.
Sofreu todas as dores que terminou na crucificação, por você, que está lendo
essa reportagem.
Nova
Voz On Line
– A classe política está distante de Deus?
Monsenhor
Stael
– Se os nossos governantes, todos os dias, fizessem uma oração e lessem um
trecho do evangelho, não teríamos tanta má gestão. Em Itaocara, por exemplo, entra
governo, saí governo, e não conseguimos construir um novo Hospital. Onde estão
os Deputados, que nos pedem voto a cada quatro anos? Pagamos impostos a União,
ao Estado e ao Município, no entanto, o retorno é muito pequeno. Acho que a
classe política deveria por suas disputas mesquinhas de lado, e estar unida,
pela construção de um novo Hospital. O povo pobre e humilde agradeceria.
Nova
Voz On Line
– Em relação à questão da pedofilia, que atinge a Igreja Católica nas últimas
décadas, qual atitude espera do Papa Francisco?
Monsenhor
Stael
– Ele deixou claro que isso é intolerável. O Papa Bento XVI, já havia ordenado
todo rigor, contra os padres que abusassem dos fiéis. No princípio de Abril, o
Papa Francisco, promoveu uma reunião com os membros da Congregação Para Doutrina da Fé, determinando máximo rigor, tendo
como foco a proteção dos menores. Os leitores podem ter certeza, que a Igreja
não está varrendo esse problema para debaixo do tapete e que a ordem é
tolerância zero.
Nova
Voz On Line
– Como sacerdote, qual sua visão sobre esse problema?
Monsenhor
Stael
– Precisamos começar no seminário. Não ter pressa para ordenar novos padres.
Deixar que tenham a convicção da vida de dedicação a Deus que estão abraçando,
antes de usarem a batina. Durante o seminário, o noviço deve ser observado de
perto. Depois que terminar os estudos, deveríamos pô-los nas paróquias, sob
supervisão de padres sérios. Só então haveria uma avaliação final, antes de
serem ordenados como sacerdotes.
Nova
Voz On Line
– É comum vermos padres acusados de pedofilia, trocar de paróquia. O que o
senhor acha dessa medida?
Monsenhor
Stael
– Inócua. Trocar de paróquia é passar o problema adiante. Penso que, até apurar
a veracidade das alegações, devem ser colocados junto aos Bispos ou com padres
notoriamente sérios, capazes de exercer uma supervisão plena. No caso de ficar
comprovada a realidade das acusações e que não há como resolver, então que se
submeta ao Tribunal da Santa Sé. Minha tolerância pessoal quanto a esse
problema é zero. Se for comprovada alguma doença, então que se faça tratamento.
Mas, de modo algum, pode se permitir que crianças e adolescentes sejam expostas
a qualquer perigo. Tenho fé em Deus que vamos abolir esse problema da nossa
igreja.
Nova
Voz On Line
– Antes de encerrar, gostaria que o senhor discorresse um pouco sobre nosso
saudoso e querido Monsenhor Saraiva.
Monsenhor
Stael
– Era muito amigo da minha família. Conheci o Monsenhor Saraiva na infância. Ia
à minha casa todo mês. Tínhamos o prazer de almoçar com ele. Como religioso e
como cidadão, deixou sua marca na história de Itaocara. Deus foi tão bondoso
comigo, que pude voltar a minha terra e assumir a paróquia que liderou durante
tantos anos.
Nova
Voz On Line
– Como foi o reencontro com ele?
Monsenhor Stael – Foi fantástico. A generosidade do Monsenhor Saraiva era grandiosa. Durante o período de nove meses que esteve doente, recebeu todo apoio da nossa paróquia. Alias, colhendo os frutos das boas sementes que plantou em vida. Pessoas dos mais diversos credos iam visitá-lo e rezavam por ele. Aos médicos da Casa de São João XXIII, cabe um elogio, pela forma atenciosa que trataram do Monsenhor até o fim. Nunca tinha visto uma cidade com sentimento de luto tão sincero. Só nos cabe agradecer a Deus, por ter colocado um homem da estirpe do Monsenhor Saraiva, em Itaocara.
Monsenhor Stael – Foi fantástico. A generosidade do Monsenhor Saraiva era grandiosa. Durante o período de nove meses que esteve doente, recebeu todo apoio da nossa paróquia. Alias, colhendo os frutos das boas sementes que plantou em vida. Pessoas dos mais diversos credos iam visitá-lo e rezavam por ele. Aos médicos da Casa de São João XXIII, cabe um elogio, pela forma atenciosa que trataram do Monsenhor até o fim. Nunca tinha visto uma cidade com sentimento de luto tão sincero. Só nos cabe agradecer a Deus, por ter colocado um homem da estirpe do Monsenhor Saraiva, em Itaocara.
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