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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Tragédias Brasileiras e a Nossa Responsabilidade Texto: Carlinhos Ferraz

Nosso Colunista, Carlinhos Ferraz, com a esposa Carmem

Temos comentado muito sobre as diversas tragédias que o Brasil está passando neste início de ano. Se me permitem os leitores, quero abordar duas. Mas antes, não posso deixar de dizer, que não são obras do acaso, nem ação de forças sobrenaturais. Eu sou um homem de fé. Sou católico. Acredito em Deus, frequento a Igreja e rezo todos os dias. Mas não se pode atribuir ao além, nossos próprios descuidos. Vamos lá.

A tragédia de Brumadinho era história anunciada. O que se fez depois do que aconteceu em Mariana? Quais foram as providências tomadas pelas autoridades competentes, para prevenir que novamente barragens estourassem, levando a morte e devastação as pessoas? Pelo o que a maioria de nós ficou sabendo, nada significativo. Até mesmo o conjunto de multas exaradas pela autoridade competente foi pífio, para a responsabilidade que a empresa Vale do Rio Doce tinha e tem.

E fomos seguindo a vida. Os atingidos de Mariana foram saindo da cobertura da grande mídia e esquecemos. Veio então Brumadinho. Novamente dezenas de pessoas mortas. Na verdade centenas. E as que sobreviveram, muitas ficaram devastadas, pela perda de parentes e do lugar onde tinham uma história. O que vai ser feito por elas? Não acredito que haja como indeniza-las na proporção do que perderam; mas o Poder Público, juridicamente constituído, tem obrigação de fazer a Vale do Rio Doce, arcar com as consequências de sua irresponsabilidade.

Espero que dessa vez, o Ministério Público e a Justiça, hajam com rigor. Punam exemplarmente, para que os responsáveis entendam que seu desleixo custa caro. Inicialmente prender os responsáveis pela fiscalização, foi uma boa ação, mesmo que o STJ os tenha soltado, a posteriori. Mas provaram o gostinho da cadeia. Espero que o processo criminal preveja prisão dos Executivos da Vale e qualquer autoridade pública, do Município, do Estado e da União, que foi negligente com suas obrigações. As pessoas precisam saber que há custos pela desídia, e este custo tem que ser ALTÍSSIMO.

Na morte dos jovens atletas, no Centro de Treinamento do Flamengo, a mesma coisa. Não se trata de clubismo algum. Não sou uma pessoa mesquinha. Desejo que haja um bom trabalho investigativo dos Bombeiros e da Polícia. Se for o caso, então se transforme num processo e o Judiciário puna com rigor, se houver condenação. Assim, os dirigentes, não só do Flamengo, mas de todos os grandes clubes do Brasil, vão tomar ciência sobre a responsabilidade de ter sob sua guarda, adolescentes e jovens.

Não acho que faltem leis ao país. Muito mais importante do que novas leis, é a aplicação das leis já existentes. Falta é zelo na fiscalização, por parte da autoridade do Estado e rigor na punição, pelo Poder Judiciário. Na hora que houver prisões e multas que atinjam a capacidade financeira dos responsáveis, então vamos ter mais cuidados.

Até lá vamos rezar para que Deus ponha no coração dos homens e mulheres, o sentimento do valor da vida alheia. Que quem tem responsabilidade do zelo entenda quão séria é sua obrigação.

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