A nova YouTuber, a professora Laurinda Ferreira |
Nova
Voz On Line
– Como surgiu a ideia do canal no YouTube?
Laurinda
Ferreira
- Na verdade, eu já tinha o canal, porém, não estava gerando conteúdos por
falta de tempo. Como o curso e as minhas vivências de viagens no exterior têm
sido muito significativas, decidi reativá-lo, para compartilhar com o público e
inspirar as pessoas em vários aspectos: aprendizagem da língua inglesa, viagem
ao exterior, e tudo sobre o que um grande salto, para além da zona de conforto,
pode proporcionar como crescimento humano em si.
Nova
Voz On Line
- O canal será uma extensão do curso Forever ou pretende abordar assuntos como
hábitos culturais, dar dicas sobre turismo, trazer novidades que surgirem nos
EUA?
Laurinda
Ferreira
- Excelente pergunta. O canal terá um foco: ensinar conteúdos do curso Forever,
sempre se baseando em experiências práticas, como nos livros, e
complementando-o com dicas sobre turismo e planejamento de viagens em geral.
Falarei também de hábitos culturais, tendências tecnológicas, mas sempre com o
inglês em foco. Será eu, virtualmente, alcançando pessoas no Brasil e no Mundo,
de forma muito cultural e “knowledgeable”. (bem
informado sobre determinado assunto).
Nova
Voz On Line
– No vídeo que fala da sua viagem entre São Francisco e Nova Iorque, você
afirma que viajar é uma ótima maneira de sair da zona de conforto e descobrir
novas coisas em relação ao Mundo. Pode explicar melhor sobre essa afirmação?
Laurinda
Ferreira
- Esta pergunta é muito importante, pois o que eu posso resumir é o seguinte:
viajar, digo, viajar em especial para outro país, te transforma como ser
humano. Faz quase 10 anos que levantei o primeiro voo da minha vida para os
Estados Unidos, e eu não tinha consciência de que aquela decisão mudaria para
sempre (FOREVER) a minha realidade, e a de muitas outras pessoas ligadas a mim
e ao meu empreendimento em si.
Nova
Voz On Line
– Como assim?
Laurinda
Ferreira
- Aprendi tantas coisas. Desde conviver em culturas e hábitos diferentes dos
meus, a ser mais tolerante com as diferenças e a ser mais forte, pelo fato de
ter que suportar tantas lágrimas de saudades da família, principalmente da
minha mãe. Viver no exterior me transformou em uma pessoa ainda mais humilde e
com os pés no chão “down to Earth”. Eu já era uma pessoa muito simples, diante
da vida em si, mas o mundo gigantesco que se abriu para mim me fez compreender
que eu tinha uma missão muito além de um crescimento pessoal. Eu iria um dia,
alterar a vida de muitas pessoas – para melhor, pois criei um curso que abre
portas para meus alunos também viajarem e conhecerem o que há além de Itaocara,
além do Brasil, além de aprender a língua inglesa. E com isso, essas pessoas
modificam os seus pensamentos e suas vidas, se transformam para melhor, visto
que se abrem a um horizonte maior.
Nova
Voz On Line
– Outra coisa, é que destaca a importância do planejamento, na viagem. Mesmo
pormenores, como pegar o Airtrain no JFK, até o acesso ao Metro, e depois à
Ilha de Manhattan. Quem viaja, deve ter um bom planejamento? Por quê?
Laurinda
Ferreira
- Sim, isso é importantíssimo. Quando eu decidi ir a New York, a maior cidade
dos Estados Unidos, em termos populacionais, com aproximadamente oito milhões
de pessoas, isso demandou planejamento, pois nunca se sabe o que te espera em
uma grande metrópole. Fazendo tudo com organização, reduzem-se as chances de
alguma coisa sair errado, afinal, viajar é um desafio e se você não tomar
certos cuidados, pode até ser perigoso, como por exemplo, perder um passaporte,
se envolver com pessoas oportunistas e etc.
Nova
Voz On Line
– É como se impor um desafio, para ter um crescimento?
Laurinda
Ferreira
– Justamente. Este seria o maior desafio da minha vida, em termos de viagem
dentro dos EUA. E eu planejei, para aprender o caminho e, futuramente, trazer
alunos do curso à Big Apple. Agora posso dizer que de São Francisco a New York
é “o caminho da minha roça” (risos). Eu tive que estudar, principalmente sobre
o metrô, que é o maior do mundo. E estudei tudo em detalhes, desde o Aeroporto Internacional
John Kennedy (JFK), pegando o famoso “Air Train”, um trem interno, que te
transporta entre os oito terminais do Aeroporto, até a estação do Metrô
convencional de New York, que te leva para todos os pontos da cidade, como
Manhattan, onde ficava o meu hotel.
Nova
Voz On Line
– E você foi bem detalhista.
Laurinda
Ferreira
- Montei tudo, estudei e embarquei na aventura. Deu tudo certo! Foi primordial
ter planejado em detalhes, pois isso minimizou custos e tempo. Em relação a
transporte, por exemplo, táxis são mais caros, em média 20, 30 dólares a
corrida. Eu pagava 2,75 cada corrida de metrô, comprando o “MetroCard” e
atribuí créditos a este cartão do metrô, de acordo com o tempo que fiquei.
Locomovi-me pela cidade sem problemas, e foi um aprendizado e tanto andar
naquele metrô gigantesco do famoso filme “Ghost”. (Risos).
Nova
Voz On Line
– No canal do YouTube, você pretende falar também sobre sua história? Sobre o
aprendizado adquirido nos últimos dez anos, através das suas viagens aos
Estados Unidos?
Laurinda
Ferreira
- Sem dúvida. Tenho aprendido tanta coisa! Principalmente a língua inglesa em si,
pois convivo com nativos e pessoas de nacionalidades diferentes, o que te faz
ver o próprio inglês de uma perspectiva diferente. Ensino aos alunos, que não
podemos esperar um inglês perfeito, claro e devagar. Quando chegar aqui, o
aluno vai se deparar com americanos, indianos, latinos, asiáticos, brasileiros
etc. Cada um com um sotaque diferente. Eu me comuniquei em New York, por
exemplo, com um taxista egípcio e outro ganês, nas duas vezes que peguei um
táxi. Ambos falavam inglês, porém com sotaques muito diferentes. Você tem que
estar com os ouvidos preparados. Portanto, no canal, vou contar essas
experiências vivendo a língua “in loco” (no local) e histórias de pessoas que
vou conhecendo nesta jornada incessante de aprendizagem.
A visita ao Memória 11 de Setembro foi o ponto mais emocionante da viagem que a professora Laurinda Ferreira fez a cidade de Nova Iorque |
Laurinda
Ferreira
– Nossa ... Foi a sensação mais forte durante o passeio. Quando eu coloquei o
Memorial aos 11 de setembro no roteiro, não sabia que isso transformaria a
minha viagem. No dia em que fui lá, eu tinha visitado a estátua da liberdade,
cuja “ferry” (barca), fica bem perto do World Trade Center. Então, desembarquei
do passeio à estátua e fui caminhando para o Memorial, no centro financeiro de
New York, usando o Google Maps. Quando cheguei, estava uma tarde muito fria e
dourada. As folhas das árvores caindo no chão. Havia muitas pessoas visitando o
local. Eu sempre fui uma pessoa sensível para essas coisas que envolvem mortes
e tal. Senti um aperto no peito, algo inexplicável. Lembrava-me das pessoas se
jogando das torres em chamas. Fiquei refletindo e olhando a piscina sul –
exatamente onde era a torre sul. São duas piscinas no Memorial: a sul (onde
ficava a torre sul) e a norte (onde ficava a torre norte – por isso, Torre Gêmeas).
Nova
Voz On Line
– O Memorial parece ser grandioso e com uma forte energia.
Laurinda
Ferreira
– Sim, uma energia indescritível. As piscinas têm todos os nomes dos que
perderam suas vidas, naquele fatídico 11 de setembro. Quase três mil pessoas,
no total. E uma cascata que leva a água para dentro de uma espécie de “cova” –
no centro da piscina. Esta água vai para dentro sem destino. Não dá para ver
para onde ela corre. Representa as lágrimas derramadas por cada pessoa que
perdeu um, ou mais entes-queridos nos atentados. O Memorial é aberto ao
público.
Nova
Voz On Line
– Você foi ao Museu também?
Laurinda
Ferreira
- Saindo dali, fui para o museu 11 de setembro, dentro do próprio Memorial.
Neste, a entrada custa US$26,00. Lá dentro, vi artefatos recuperados dos
escombros das torres, como colunas de aço (uma delas atingida por um dos aviões);
vi documentos dos escritórios, pertences pessoais de vítimas, uma escada que
salvou a vida de mais de mil pessoas, e claro, destroços dos aviões. Fiquei
chocada e presenciei lágrimas no rosto de uma das narradoras, que nos levara a
conhecer esses artefatos. Imaginei que talvez ela também tenha perdido algum ente
querido naquela manhã.
Nova
Voz On Line
– Deve dar uma vontade de manifestar-se.
Laurinda
Ferreira
– No dia em que fui, a guia nos perguntou, ao final, se queríamos dizer algo.
Afirmei que os ataques não só mudaram os Estados Unidos em si, mas o mundo. Hoje,
você não embarca em uma aeronave sem antes ser inspecionado dos pés à cabeça, o
que reduz a chance de “hijack” (sequestro) de um avião e fazer grandes
estragos.
Quero fazer um vídeo exclusivo sobre o
World Trade Center. Mas vou concluir com uma mensagem que li no mapa do museu:
“Demonstrando as consequências do
terrorismo em vidas individuais e seu impacto em comunidades locais, nacionais
e internacionais, o Museu atesta o triunfo da dignidade humana sobre a
perversidade e reafirma um compromisso inabalável ao valor fundamental da vida
humana”.
Nova
Voz On Line
– A coragem e o amor a Liberdade deu nova vida a esse lugar, não é mesmo?
Laurinda
Ferreira
- Eles reconstruíram quatro novas Torres. A mais alta de todas é a Torre
“Freedom” (Liberdade), que aponta para o céu, com 541 metros de altura. Eu fui
ao centésimo segundo andar dela e vi New York em 360º de visão da cidade.
Simplesmente uma viagem “unforgettable” (Inesquecível) e que vale muito a pena
fazer! Voltei de lá feliz e realizada!
Laurinda
Ferreira
- Muitas saudades e confesso que é muito doloroso ficar longe da família,
amigos, principalmente minha mãe. Estou planejando ir em breve, mas sem marcar
data, já que estou “settling” (acomodando) a vida aqui. Mas quando voltar, será
uma readaptação ao meu velho e amado mundo. E haja coração ao rever aqueles
rostinhos que tanto amo! #soon (#breve).
Nova
Voz On Line
– Gostaria que falasse aos leitores, sobre o que o Mahad Shakib contou dos dias
que passou em Itaocara. Ele gostou da cidade?
Laurinda
Ferreira
– Oh... A maior experiência do curso até hoje! Para ele e para todos nós. Ele
me contava tudo em resumos diários, com aquele sorriso enorme no rosto! Shakib
me disse o seguinte: “Viajo o mundo inteiro e o tratamento que eu tive em
I-TA-O-CA-RA (ele fala devagar o nome da
cidade...risos), foi de “sete estrelas”. “Incomparável”. Tanto amou que, se
você olhar o perfil dele no Facebook, vai ver que tem a nossa bandeira
brasileira. A comida! Nossa! Ele me disse que a comida mais deliciosa que comeu
foi em um restaurante em Boa Sorte, levado pela minha amiga Juliani Rohen,
gerente da Almek Center.
Nova
Voz On Line
– Parece que na sua família, ele conquistou outra fã (além de você), não é
mesmo?
Laurinda
Ferreira
– Pois é... Risos... O mais emocionante foi minha mãe, que sempre amou tudo da
África. Os animais ferozes, as savanas, as histórias. Então, o universo
conspirou e levou o Shakib a Itaocara, para contar sobre a vida dele, enquanto
morava na Somália, leste da África. Veja como são as coisas: minha mãe sentava
com ele, tomando chá, e minha aluna, e professora do curso, Gabriela Barros, gentilmente
traduzia do inglês para o português, para minha mãe. Ele a chamava de “mom”
(Mamãe). Fora que os alunos e comunidade interagiram com o personagem em carne
e osso, de dentro dos livros. Ele se sentiu honrado com a recepção calorosa de
cada pessoa que conheceu e deseja retornar ao que se chama agora de “sua
segunda casa”: Itaocara.
Nova
Voz On Line
– Pode nos contar um pouco sobre Clayton? A cidade onde mora nos EUA.
Laurinda
Ferreira
- Clayton é um pedacinho do paraíso. Famosa pela qualidade de vida e pela sua
linda montanha, Mont Diablo, que
agora no inverno, fica cheia de neve em seu pico. Clayton é mesmo pequenina e tranquila.
Tudo funciona. Ruas limpíssimas, restaurantes ótimos, trânsito organizado,
vizinhos acolhedores. Não temos metrô, mas temos ônibus que conecta Clayton a
Concord, cidade com infraestrutura maior e que liga a São Francisco via BART
(metrô famoso de São Francisco). Sinto-me muito feliz vivendo aqui.
Nova
Voz On Line
- Aproveitando que estamos no início do ano, com sua história de vida, o que
diria aos leitores, como dica, para construir um Ano Novo, que mereça essa
denominação?
Laurinda
Ferreira
- Foco e disciplina. Se você tem um sonho, é possível transformá-lo em
realidade se gerenciar sua vida sempre com um objetivo a ser alcançado. É isso
que nos move para frente. Estudar. Somente através do conhecimento, não importa
a sua origem, cor, crença, área de atuação humana, é preciso se especializar,
ser honesto, trazer a verdade no coração, ser bondoso e fazer diferente. Para tal,
é necessário ter coragem suficiente de enfrentar o mundo e os seus próprios
medos. É assim que mudamos a nossa realidade e causamos um impacto positivo na
comunidade e até mesmo no próprio país. O ex-presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, escreveu: “Efforts and
courage are not enough, without purpose and direction”. Traduzindo: “Esforços e coragem não são
suficientes, sem propósito e direção”. Obrigada mais uma vez pela oportunidade
de estar no Jornal Nova Voz, agora na Edição On Line.
Que orgulho dessa Itaocarense.
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