-->

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Mãe e Filha, Fabíola e Clara, falam sobre os desafios das Mulheres no Mundo atual

Clara e Fabíola lutam pela construção de um Mundo Melhor

Mãe e filha, Fabíola Lontra Alves e Clara Lontra, duas gerações que dividem as lutas e as preocupações na construção de uma sociedade mais justa e humana, em especial pela criação de um ambiente onde as mulheres possam viver sem discriminação, exercendo seus direitos, protegidas pelo Estado, sempre que forem aviltadas.

Nova Voz On Line – O que vocês acham sobre as relações que as mulheres vivem no mundo atual?
Clara - Acredito que ainda existam muitas demandas em relação aos direitos das mulheres que precisam ser atendidas. Houve avanços e mais possibilidades, mas consigo perceber muitos retrocessos: a violência de gênero é um índice epidêmico no nosso país; as políticas públicas de saúde da mulher ainda são muito negligenciadas; desigualdade salarial; a porcentagem de ocupação de cargos públicos por nós ainda é muito pequena (podemos ver isso de forma clara nos cargos eletivos). Ainda há muito o que fazer para construirmos uma sociedade igualitária.
Fabíola - Historicamente, as mulheres sempre viveram um papel de submissão, num mundo dominado pela visão machista. No decorrer do tempo e de muitas lutas, houve avanços em vários segmentos. Acredito que a mulher tem demonstrado o seu valor e, aos poucos, ocupa seu lugar na sociedade, apesar do nítido sexismo. Mas, como disse a Clara: ainda temos muitas batalhas para lutar e vencer.

Nova Voz On Line - Fabíola, da sua geração, para a da Clara, quais foram as principais transformações? E Clara, acha que as coisas estão melhores agora, do que na época que sua mãe tinha a sua idade?
ClaraNão sei se posso qualificar como melhores. Mas acho que a minha geração presenciou uma fase de acesso à informação gigante. No entanto, somos uma geração que precisa conviver com a ansiedade, as frustrações, etc. Sem esquecer a nova onda de hipocrisia moral que assola o mundo.
Fabíola - Houve avanços, sem dúvida. De 50 anos para cá, surgiu à pílula anticoncepcional, permitindo maior liberdade sexual. Outro grande avanço foram às leis Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, colocando a morte de mulheres no rol de crimes hediondos. Porém, muitas dessas conquistas funcionam mais na teoria, haja vista que os casos de feminicídio aumentam a cada dia em nosso país.

Nova Voz On Line - Quando ouvem ou leem comentários do tipo, “foi a mulher que provocou o estupro”, como se sentem?
Clara - É uma frase que demonstra de forma muito clara o machismo estrutural da nossa sociedade. Muito triste. É tão absurdo, que nem deveria ser necessário rebater. Mas é. Uma mulher violada na sua sexualidade é algo vil. Justificar algo assim, por qualquer motivo, é descer o degrau da civilização.
Fabíola - Em pleno século XXI, ainda temos que nos deparar com comentários como esse. Hoje a mulher desempenha uma jornada tripla: ser mulher, dona de casa e ainda trabalhar fora. Muitas são provedoras e outras tantas contribuem igualmente para o sustento da família com seu cônjuge. Mesmo assim, existem ainda este tipo comentários. Típico da sociedade machista em que vivemos, onde só o homem pode ter desejos ou ser desejado. Mulheres que se sentem sedutoras e bonitas para si mesmas são consideradas indecentes. Revoltante!

Nova Voz On Line - A educação escolar e acadêmica, na opinião de vocês, teve (e tem) que importância na melhoria da condição social da mulher?
ClaraA educação é transformadora na vida de qualquer pessoa. Ela possui papel fundamental na redução da desigualdade de gênero, mas é relevante destacar que hoje, mesmo em número maior entre as pessoas que concluíram o Ensino Superior, nós, mulheres, somos minorias na ocupação de cargos de gestão, em ambientes públicos e privados. Significa ser fundamental darmos o próximo passo, que é ocupar espaço na hora de definir.
Fabíola - A grande conquista da mulher atual é o poder de escolha. Decidir sobre sua vida, o que antes era reservado aos pais e maridos. E com certeza a ampliação da formação educacional das mulheres, tem total relação com essa realidade. Educação é transformadora da realidade social e econômica. Através da educação, o ser humano, incluindo a mulher, pode mudar a vida. Melhor educação escolar e acadêmica torna as mulheres capazes de formar mulheres que acreditem no seu valor. A inserção das mulheres no mercado de trabalho, inclusive liderando empresas e outros empreendimentos, é fruto disto. Precisamos lutar também por igualdade de salários. Como Professora, posso garantir, que só a Educação cria uma sociedade mais livre e igualitária.

Nova Voz On Line - Homem machista é triste. Mas ver mulheres defendendo pensamento machista causa que sensação em vocês?
ClaraTento não fazer nenhum julgamento por entender que é fruto da sociedade que vivemos, embora me cause desgosto , obviamente.
Fabíola – Acho Lamentável! Mostra que ainda não se libertou do seu papel histórico de submissão.

Nova Voz On Line - Clara, quando nota que sua mãe é uma mulher corajosa, guerreira, que defende posições relacionadas ao valor da dignidade humana, o que sente?
Clara - Sinto muito orgulho de ter uma mãe educadora. Defender os direitos das pessoas é um valor que ela passou para mim. Ver algo injusto e ficar calado é desempenhar papel ativo, no que está errado. Minha mãe me ensinou esse sentimento: de não ficar calada, quando pessoas sofrem preconceito, qualquer que seja.

Nova Voz On Line - Fabíola, quando olha a Clara, uma mulher jovem e adulta, quais tipos de preocupação tem?
Fabíola - Mãe sempre se preocupa. Mas o que desejo para Clara é que ela possa viver numa sociedade mais justa e igualitária, onde homens e mulheres possam ter as mesmas oportunidades. Menos violência e mais solidariedade. Que se coloque no mercado de trabalho, se sentindo realizada e feliz, e que nunca perca o sentimento de querer mudar o mundo. De não se calar, frente ao que é injusto. É isso que nos torna Humanos.

Nova Voz On Line - O que gostariam de transmitir como recado para todas as mulheres?
ClaraGostaria de deixar registrado uma frase de Simone de Beauvoir, ativista feminista: “Nunca se esqueça de que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a vida”.
Fabíola - Que a mulher acredite em seu poder! E que em nossas lutas diárias, descarreguemos nossas energias nas lutas coletivas!! Empoderamento é a palavra de ordem!!! Ainda temos batalhas a serem vencidas.

Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Carlinhos Barrias - Bar dos Amigos

 


PARCEIRO


Studio Fênix - Visite


Itaocara Seguros

Core Contabilidade



Postagens mais visitadas

Arquivo do blog

Referências

Unordered List

Support