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domingo, 17 de fevereiro de 2019

Em homenagem a memória do pároco Monsenhor Stael republicamos a matéria abaixo, do ano de 2013


Monsenhor Stael:
"O Papa Francisco foi escolhido pelo Espírito Santo"
O agora saudoso Monsenhor Stael, junto a suas paroquianas em 2013
Na entrevista abaixo, o Monsenhor Antônio Stael de Souza, destaca sua crença numa nova Igreja Católica sob e direção do Papa Francisco. Defendeu ainda tolerância zero no combate a pedofilia e falou da festa de São José de Leonissa, quando uma importante reforma da Igreja Matriz de Itaocara, vai ser entregue aos fieis.

Nova Voz On Line – O que achou de Bento XVI ter renunciado ao papado?
Monsenhor Stael – Vi como uma atitude corajosa, digna de um homem que dá bem mais importância aos assuntos da Igreja, do que aos interesses pessoais. Mesmo sabendo que poderiam existir críticas, entendeu que os católicos precisavam de um novo líder, em função até dos problemas de saúde que enfrenta. Bom lembrar que está usando marca passo há mais de um ano. Além disso, existe toda complexidade de dirigir uma Igreja com Um Bilhão de fieis.

Nova Voz On Line – Foi possível fazer alguma reflexão pessoal com esse ato do Papa Bento XVI?
Monsenhor Stael – Com certeza. Tenho buscando entender minhas próprias limitações, tanto físicas, como quanto sacerdote. Oro a Deus que me guie no caminho correto, permitindo que cumpra com meus deveres. A lição de modéstia do Papa Bento XVI ecoa na Igreja Católica.

Nova Voz On Line – Quando soube que um Jesuíta tinha sido escolhido como novo Papa, qual foi sua primeira reação?
Monsenhor Stael – Antes de tudo, rezei agradecendo a Deus, pelo resultado do conclave. No meio de 115 candidatos, ele não configurava nem na lista dos 45 mais prováveis. Só ai, já dá para notar que houve uma intervenção do Espírito Santo. O Papa Francisco começou demonstrando toda sua humildade. O primeiro ato como pontífice foi pedir que os fiéis de todo o mundo, orassem por ele. Esse gesto comoveu e indicou como será seu papado.

Nova Voz On Line – O que significa ser Jesuíta?
Monsenhor Stael – Os Jesuítas são uma ordem criada por Santo Inácio de Loyola, no Século XVI. É bom lembrar que ele era um fidalgo, que renunciou a vida de riqueza, para andar nas ruas com vestes de mendicância. No Brasil, temos o grande exemplo de José de Anchieta, fundador do Colégio de São Paulo, que deu origem a uma pequena Vila, que hoje é uma das maiores cidades do mundo (São Paulo). Anchieta também aprendeu a língua falada pelos índios. Atuou fortemente, em defesa do Brasil, contra a tentativa de colonização francesa. Tudo isso que estou dizendo, é para demonstrar que os Jesuítas são humildes, voltados a educação e ao interesse dos menos favorecidos. Ao mesmo tempo são extremamente corajosos. Chamados de Soldados da Igreja. Nesse pequeno relato, espero que seja possível entender o significado de termos um Papa Jesuíta.

Nova Voz On Line – Existe uma expectativa de uma grande reforma na Igreja Católica, com o Papa Francisco. O senhor acredita nessa reforma? Que reformas o senhor crê ser importante realizar?
Monsenhor Stael – Penso que o eixo das ações da Igreja Católica vai se voltar aos pobres e injustiçados. O Papa Francisco renunciou a qualquer peça luxuosa de indumentária. Será o exemplo que todos os católicos devem seguir. Ele acredita que ações valem mais do que palavras. Estou pedindo ao Espírito Santo, que nosso Papa Francisco possa realizar sua obra de coragem e firmeza, beneficiando os desprotegidos de todo o mundo.

Nova Voz On Line – O senhor acha que essa idéia de dar o exemplo, vai indicar as pessoas que a religião continua importante, mesmo diante de tanta tecnologia e inovações?
Monsenhor Stael – Nós viemos de Deus. Devemos estar em Deus. Em algum momento, retornamos para Deus. Diz São Paulo que ‘somos cidadãos do céu’. O Papa Francisco veio para dizer à humanidade que ‘estamos aqui, mas não somos daqui’. Gostaria que fossemos mais espirituais. Respeitássemos o próximo. Cultivar uma atitude caridosa nos aproxima de Deus.

Nova Voz On Line – A religião e a fé são instrumentos importantes, para ética, em conseqüência, para combatermos males seculares, como a corrupção?
Monsenhor Stael – Quem tem fé de verdade não usa os outros para subir na vida. A religião ensina o respeito ao semelhante. Deus disse, ‘crescei e multiplicai-vos’. Não disse que somos donos de nada. Lamentavelmente, muitos esquecem tudo, até a própria família. A cobiça e o desejo desenfreado de consumir corrompem a alma dos homens. Vemos pessoas, vivendo como animais, querendo apenas para si, desprezando o semelhante. Quem age assim está distante de Deus. Antes de fazer qualquer coisa errada, lembre-se que Jesus Cristo veio ao mundo por você. Sofreu todas as dores que terminou na crucificação, por você, que está lendo essa reportagem.

Nova Voz On Line – A classe política está distante de Deus?
Monsenhor Stael – Se os nossos governantes, todos os dias, fizessem uma oração e lessem um trecho do evangelho, não teríamos tanta má gestão. Em Itaocara, por exemplo, entra governo, saí governo, e não conseguimos construir um novo Hospital. Onde estão os Deputados, que nos pedem voto a cada quatro anos? Pagamos impostos a União, ao Estado e ao Município, no entanto, o retorno é muito pequeno. Acho que a classe política deveria por suas disputas mesquinhas de lado, e estar unida, pela construção de um novo Hospital. O povo pobre e humilde agradeceria.

Nova Voz On Line – Em relação à questão da pedofilia, que atinge a Igreja Católica nas últimas décadas, qual atitude espera do Papa Francisco?
Monsenhor Stael – Ele deixou claro que isso é intolerável. O Papa Bento XVI, já havia ordenado todo rigor, contra os padres que abusassem dos fiéis. No princípio de Abril, o Papa Francisco, promoveu uma reunião com os membros da Congregação Para Doutrina da Fé, determinando máximo rigor, tendo como foco a proteção dos menores. Os leitores podem ter certeza, que a Igreja não está varrendo esse problema para debaixo do tapete e que a ordem é tolerância zero.

Nova Voz On Line – Como sacerdote, qual sua visão sobre esse problema?
Monsenhor Stael – Precisamos começar no seminário. Não ter pressa para ordenar novos padres. Deixar que tenham a convicção da vida de dedicação a Deus que estão abraçando, antes de usarem a batina. Durante o seminário, o noviço deve ser observado de perto. Depois que terminar os estudos, deveríamos pô-los nas paróquias, sob supervisão de padres sérios. Só então haveria uma avaliação final, antes de serem ordenados como sacerdotes.

Nova Voz On Line – É comum vermos padres acusados de pedofilia, trocar de paróquia. O que o senhor acha dessa medida?
Monsenhor Stael – Inócua. Trocar de paróquia é passar o problema adiante. Penso que, até apurar a veracidade das alegações, devem ser colocados junto aos Bispos ou com padres notoriamente sérios, capazes de exercer uma supervisão plena. No caso de ficar comprovada a realidade das acusações e que não há como resolver, então que se submeta ao Tribunal da Santa Sé. Minha tolerância pessoal quanto a esse problema é zero. Se for comprovada alguma doença, então que se faça tratamento. Mas, de modo algum, pode se permitir que crianças e adolescentes sejam expostas a qualquer perigo. Tenho fé em Deus que vamos abolir esse problema da nossa igreja.

Nova Voz On Line – Antes de encerrar, gostaria que o senhor discorresse um pouco sobre nosso saudoso e querido Monsenhor Saraiva.
Monsenhor Stael – Era muito amigo da minha família. Conheci o Monsenhor Saraiva na infância. Ia à minha casa todo mês. Tínhamos o prazer de almoçar com ele. Como religioso e como cidadão, deixou sua marca na história de Itaocara. Deus foi tão bondoso comigo, que pude voltar a minha terra e assumir a paróquia que liderou durante tantos anos.

Nova Voz On Line – Como foi o reencontro com ele?
Monsenhor Stael – Foi fantástico. A generosidade do Monsenhor Saraiva era grandiosa. Durante o período de nove meses que esteve doente, recebeu todo apoio da nossa paróquia. Alias, colhendo os frutos das boas sementes que plantou em vida. Pessoas dos mais diversos credos iam visitá-lo e rezavam por ele. Aos médicos da Casa de São João XXIII, cabe um elogio, pela forma atenciosa que trataram do Monsenhor até o fim. Nunca tinha visto uma cidade com sentimento de luto tão sincero. Só nos cabe agradecer a Deus, por ter colocado um homem da estirpe do Monsenhor Saraiva, em Itaocara.

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