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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Como Lidar Com As Angústias Do Fim Do Ano – Drª. Erilza Faria Ribeiro, Psicologa, Mestra em Ensino da UFF

“Cigarra cantando, fim de ano chegando”... As celebrações e confraternizações que culminam o encerramento de um ciclo temporal vêm com inúmeras perspectivas e reflexões. Enquanto algumas pessoas ficam animadas com o encerramento do ano e a inauguração de um novo período na vida, cheio de novas possibilidades e desafios, a verdade é que nem todas as pessoas estão no clima festivo ou alegre, típico da época em nossa sociedade. Há quem receba a época das confraternizações e do fim do ano com certa melancolia e essa sensação pode ser mais comum do que se imagina. Ao caminharmos para o fim de mais um ano, trago considerações sobre as avaliações e expectativas pessoais com notas e dicas que podem ajudar a todos.
Drª Erilza Faria é Psicóloga Clínica, Mestre em Ensino e Docente na UFF
Um dos motivos que podem provocar forte angústia e ansiedade ou até mesmo atenuar sentimentos depressivos (em qualquer época, mas nessa principalmente) é a exibição constante de imagens e situações felizes que ocorre na mídia a que temos acesso diariamente. Esses conteúdos podem fazer com que muitos de nós questionemos a qualidade de nossas próprias vidas e relacionamentos, a partir da consideração de que os outros estão sempre em situações melhores, parecendo destacar que algo nos falta para ter a mesma felicidade. Outro fator interligado a todos os demais é a busca por dar um sentido à sua existência que muitas vezes acontece de forma equivocada, sem autenticidade, com alta cobrança pessoal e busca para alcançar pontos que não fazem sentido ou não são possíveis no momento, o que provoca grande angústia, ansiedade, insatisfação e procrastinação ou fuga das situações.

O fim do ano também pode se tornar particularmente difícil para aqueles que lidam com conflitos familiares ou com rompimentos ou perdas por trazer a lembrança do que um dia já aconteceu ou do que gostaria muito que acontecesse, mas não é possível. Esses e outros fatores podem funcionar como um gatilho para pessoas com quadros de depressão e ansiedade, podendo tanto evidenciar a tendência a reagir dessas maneiras ou a dificuldade para lidar com a situação de vida atual quanto ampliar quadros já identificados.

Parece haver uma exigência social de estar feliz nessa época. E como isso não é bem verdade, muitas pessoas se cobram por não estarem “no clima” e podem sofrer ainda mais. Como o fim do ano marca o fim de um ciclo, é o momento em que fazemos um balanço de nossas realizações e projetos estabelecidos durante o ano que passou. Quando as coisas não acontecem da maneira como sonhamos, tendemos a focar nas metas não cumpridas, em tudo o que deixou de ser realizado ou não foi satisfatório, e aí surgem a culpa e a frustração, que causam uma angústia com a qual muitos não conseguem lidar bem.

Além disso, pensar no ano que se aproxima cria uma sensação de que tudo precisa ser diferente e surge novamente as cobranças e estabelecimento de metas revolucionárias que, muitas vezes, mais pressionam do que motivam. Só de pensar o coração dispara, a respiração se descontrola, o pensamento e as ações se desorganizam gerando uma enorme ansiedade com a qual se torna difícil lidar sozinho. A falta de um planejamento prévio pode transformar situações que seriam simples em verdadeiros desafios ou então acontece de se planejar demais, começando a pensar e produzir os preparativos muito tempo antes, vivenciando o estresse antecipadamente, em ambos os casos a ansiedade aumenta e o controle emocional  diminui.

Como Vivenciar as Emoções
 do Fim de Ano?

Para lidar com essas emoções é muito importante compreender que isso faz parte de um ciclo da vida e que de alguma forma, em algum momento, isso vai passar. Tem muito valor se utilizar desses momentos para se conhecer melhor, reconhecer suas forças e fraquezas, respirar fundo e gerenciar melhor seus projetos, metas e expectativas. Muitas vezes a insegurança frente ao desconhecido nos paralisa e gera bloqueios maiores que a realidade, e quando o desconhecido somos nós mesmos, podemos não compreender o momento que estamos passando do melhor ponto de vista. Desse modo, ao invés de encontrar nossas forças, vamos nos diminuindo cada vez mais, sentindo-nos cada vez mais fracos e ficando cada vez menos capazes de lidar com as situações que acontecem na nossa vida. Por isso é importante que se busque ajuda profissional do Psicólogo para te orientar e acompanhar para a mudança de perspectiva e reduzir os sintomas da ansiedade e depressão.
Para aqueles que se sentem em algum dos exemplos citados acima – por estarem vivenciando um quadro de depressão, de ansiedade, sentindo vazio devido ao caminhar de certas situações em sua vida ou pela perda de algum relacionamento ou ente querido, ou qualquer outro momento que provoque uma angústia exacerbada – é importante lembrar que você não está (e nem precisa estar) sozinho para lidar com tudo isso. Fale de seus sentimentos e angústias a alguém de confiança, busque ajuda profissional e meios para conseguir passar por esse momento. Muitas vezes, quando se sente mais sozinho e perdido, não conseguindo encontrar sentido para sua vida, o pensamento suicida pode ocorrer. Mas lembre-se antes que ainda que não esteja conseguindo ver, existem outras perspectivas e soluções para sua existência antes que ela se encerre na inconcretude. Não deixe de buscar ajuda!

ALGUMAS DICAS

Muitas coisas ainda podem ser faladas e trabalhadas em cada caso, mas, por hora, quero deixar aos leitores algumas dicas e orientações para lidar com essas emoções difíceis e com a chegada do fim do ano. Na verdade, não há fórmulas prontas para resolver as situações da vida que são tão subjetivas, mas a mudança é um processo contínuo e mais possível do que pode parecer.
O primeiro passo é o autoconhecimento, ou seja, identificar seus sentimentos e aceitá-los. Reconhecer e aceitar o seu estado de espírito é importante para passar pelos momentos difíceis de forma autêntica. Não existem pessoas 100% felizes todo o tempo, todos nós estamos em uma batalha pessoal, por isso não se sinta na obrigação de parecer feliz e satisfeito em todos os lugares. Se dê o direito de ficar mais reservado e aproveite a fase para exercitar seu autoconhecimento; encare as frustrações tentando entender o porquê de se manifestarem; se o coração apertar demais, chore e alivie a pressão. Não fugir dessas emoções é muito importante para que elas sejam superadas.

Outras atitudes reflexivas importantes são olhar para você mesmo sem buscar comparações com as outras pessoas; não acentue reclamações e lamentações, pois elas não te mostram soluções; não seja tão rigoroso com as metas não alcançadas – permita-se reorganizar seus planos; não fique preso ao passado, crie metas mais realistas para o próximo ano; liste compromissos elegendo as prioridades; saiba dizer não e se priorizar; faça o bem a si mesmo e aos outros, mas não queira dar conta de tudo sozinho.

Lembre-se de avaliar não apenas os resultados, mas o esforço feito e o tanto que alcançou, ainda que não tenha sido a meta estabelecida. Considere que muitos fatores interferem e que cabe a você dar a melhor interpretação para eles em sua vida. Planeje um passeio com familiares e amigos para sair da rotina, participe de ações voluntárias para se sentir útil e recompensado, exercite-se e conecte-se com a natureza fazendo uma caminhada para liberar e consumir energias e cultive as amizades que têm um significado especial.

Se você não se sente da maneira citada, mas conhece alguma pessoa que está assim, busque ajudá-la sendo uma presença próxima, não a recriminando, dando soluções rápidas ou dizendo para não ficar assim. Esteja com ela, apoie oferecendo conforto e esperança de que as soluções surgiram quando pararmos de olhar somente para o(s) problema(s).

Desejo um fim de ano e início de ano novo repleto de reflexões produtivas e cheias de força e esperança, disponibilizando desde já minha escuta e acolhimento profissional para aqueles que sentem necessidade de orientações mais específicas. Uma vida plena a todos!

Me. ERILZA FARIA RIBEIRO – CRP 05/46629
Psicóloga Clínica, Mestre em Ensino e Docente na UFF, Especializada em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.
Contato: (22) 981286108 
instagram@erilza_faria 
facebook@erilzafariapsicóloga

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