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terça-feira, 25 de outubro de 2022

Nos 132 anos do município, uma lição de história de Itaocara, num bate papo com Dilsinho Vieira Andrade

Edilson Vieira Andrade - Dilsinho - é um personagem dos mais ativos das história de Itaocara. Participou da política, da vida social dos clubes, jogou bola na rua Coronel Pita de Castro, quando isto era possível, resgatou o Nacional Esporte Clube, como Presidente. Conviveu com gente fantástica.

Nova Voz ONLINE - Que lembrança tem de sua infância?

Edilson Vieira Andrade (Dilsinho) - Quando garoto, convivi na vizinhança com os meus amigos de pelada. Nós jogávamos na rua São José, naquele tempo era possível.

Nova Voz ONLINE - Pode citar alguns nomes?

Dilsinho - Os filhos do Seu Antenor. Cito o Fernandinho (hoje da Serraria), Antenorzinho, Laureano (um grande parceiro), Manoel (Capeta), Paulinho. O José Lúcio eu convivi pouco, pois ele era mais velho.

Nova Voz ONLINE - Têm mais nomes?

Dilsinho - Não faltam nomes na minha memória. A turma do seu Altevo: Antônio Carlos, Marco, Renato, Paulo Henrique, Ricardo e Carlos Alberto, eram mais velhos, mas mesmo assim convivemos bastante. Na rua ainda tinha o Luiz Carlos do Tõinzinho Pé de Ferro e o Fernando Arsênio.

Sr. Ítalo

Nova Voz ONLINE - E o Sr. Ítalo? Pode nos falar sobre ele?

Dilsinho - O seu Ítalo era um cara a frente do seu tempo, porque hoje falam muito em Ação Social, resgate das crianças das  ruas. Há 60, 70 anos, ele já fazia isso. E se você estivesse mal na escola, e ele soubesse, cortava dos treinos. Rígido, se nos pegasse fazendo arte na rua, passava na nossa casa e comunicava aos nossos pais.

Edilson foi uma das estrelas do time do Nacional de 1976

Nova Voz ONLINE - Concorda que ele está meio esquecido na nossa história?

Dilsinho - Eu amo Itaocara. Meu último suspiro quero dar nessa terra. Justamente por isto me entristece esse desprezo pela memória do município.

Nova Voz ONLINE - Concordo com você.

Dilsinho - Há quanto tempo não se presta homenagem a alguém como o Seu Ítalo? É uma vergonha. Lastimável, porque a nova geração não fica sabendo que existiu um homem tão importante para gerações de itaocarenses, como Seu Ítalo.

A Família e Pessoas Especiais

Nova Voz ONLINE - Pode nos falar um pouco sobre sua família?

Dilsinho - Minha Mãe ficou viúva aos 26 anos. Eu tinha 2 anos e meu irmão (Elidivar) 7. Minha mãe era costureira. Sem receber auxílio do INSS, nos criou da melhor maneira possível. Lembro que nós passamos dificuldades, mas nunca passamos fome. Minha mãe foi uma guerreira. Me emociono. Não cabe no peito, o orgulho dela.

Edilson celebrou 63 anos ao lado da Mãe

Nova Voz ONLINE - Esse deve ter sido um período complicado.

Dilsinho - A ausência do meu pai foi muito difícil, mas é bom ressaltar a presença marcante de três tios: Tio Luiz e Tio Marino, irmãos de mamãe, que ajudaram na nossa criação; e o nosso querido Tio Carlito, irmão do meu pai. Este diferente, especial, incansável na nossa Educação e nos Estudos.

Nova Voz ONLINE - Relembrar faz sentir o que?

Dilsinho - Muita saudade. Eu não posso reclamar da vida. Sou de uma família de pessoas formidáveis e conquistei amigos incríveis durante minha existência. Deus foi e é generoso comigo.

O amigo Otiinho Pontes e o Irmão Elidivar

Nova Voz ONLINE - Nós sabemos que há um amigo muito especial: Otílio Pontes. Pode falar sobre ele?

Dilsinho - Ele é o meu Super Amigo. Na minha biografia, há um capítulo especial, dedicado ao Otilinho Pontes, como o trato. É meu amigo de todas as horas. Nos envolvemos em Política juntos, no Nacional e é uma espécie de conselheiro. Na verdade o Otilinho é o meu irmão não biológico. Irmão que a vida me deu de presente.

Num desfile Cívico comemorando o aniversário de Itaocara

Nova Voz ONLINE - Por falar em irmão, você sofreu uma perda irreparável, com o falecimento do seu irmão, Elidivar Vieira Andrade. O que pode nos contar sobre ele?

Dilsinho - O cara mais especial que conheci na vida. Eu sabia que neste papo, eu falaria sobre ele. E preciso me concentrar, porque a emoção é grande. Ainda não acostumei e acho que nunca vou me acostumar, ele não estar aqui, ao meu lado, ao lado da família que tanto amou.

Nova Voz ONLINE - Como você disse: não podíamos deixar de lhe perguntar sobre ele.

Dilsinho - Eu entendo e agradeço. Mas fico emocionado. Meu único Irmão. Sabe aquele cara que te ensinou tudo e se orgulhava de tudo que eu fazia? Era ele. E quero contar mais: quando eu errava, ele se vestia de Tio Luiz e puxava minhas orelhas. Acho que por isso fiquei com orelhas tão grandes (risos).

Nessa imagem, Elidivar discursa na inauguração do novo bar do Nacional. Ao fundo, o grande amigo, Otílio Pontes e Maurício 

Nova Voz ONLINE - Vocês eram exemplo de amor fraterno, não é verdade?

Dilsinho - É bem provável que, em Itaocara, tenhamos sidos os primeiros irmãos a se beijarem em público. Beijo de respeito, que os filhos davam nos pais e os irmãos nos irmãos. Meu irmão Elidivar foi o melhor modelo de ser humano que conheci.

Nova Voz ONLINE - Que coisa bacana.

Dilsinho - Meu irmão era tão diferente, que ele gostava de conversar comigo e falar do nosso pai. Aprendi a amar meu pai sem conhecê-lo, ouvindo as histórias contadas pelo Elidivar.

Elias Andrade: Pai de Dilsinho

Nova Voz ONLINE - Tem algum arrependimento em relação a ele?

Dilsinho - Apesar de todo carinho entre nós, eu nunca lhe disse o quanto me orgulhava dele, o quanto o respeitava, o quanto ele era grandioso. Não foi por nada. Mas sempre achei que tinha tempo. Que poderia dizer noutro dia. Eu até digo aos amigos e amigas que lerem nosso bate papo, para não deixarem de dizer para as pessoas especiais em suas vidas, o valor que elas têm. Pois um dia a morte chega, como é natural, e então não dá para voltar o tempo.

Uma Revolução no Nacional

 Esporte Clube

Nova Voz ONLINE - É bem provável que você tenha sido Presidente do Nacional, no pior momento do clube. Quando parecia que essa instituição itaocarense, iria fechar as portas. Pode nos contar sobre esse tempo?

Dilsinho - Me lembro que quando assumi a Presidência do NEC, os Conselheiros falavam e eu rebatia. Eles ordenavam e eu desobedecia. Então o Seu Getter Lannes, que nos conhecia bem, falou para o pessoal: Na próxima eleição acabo com isso. Acharam que ele ia me tirar da Presidência.

Nova Voz ONLINE - Essa história de bastidor eu não sabia (risos).

Dilsinho - Pois é ... Sabe o que ele fez? Botou o meu Irmão no Conselho, bateu no meu ombro e me disse: “quero ver o que você vai arrumar agora caboclo”. Ele confiou em mim, colocando toda responsabilidade sobre meu ombro.

Nova Voz ONLINE - E ai?

Dilsinho - O resultado foi que fizemos a história que você conhece. Fomos matando um leão por dia. Dia de sorrisos e dia de cara séria, cheia de preocupação. Graças a uma equipe fantástica, comprometida, fomos sanando os problemas e o Nacional se tornou referência de gestão.

Nova Voz ONLINE - Foi uma grande vitória.

Dilsinho - Não falo como soberba. Até porque não fiz nada sozinho. Os vitoriosos foram todos os que se abraçaram e transformaram nosso clube. Fizemos grandes bailes, trouxemos nomes grandiosos, realizamos carnavais históricos e memoráveis, pagamos as contas. A diretoria trabalhava junta, sem poupar hora da noite, sábado, domingo ou feriado. O Conselho foi reconhecendo nosso trabalho e nós trabalhamos com mais vontade ainda.

Mais nomes de Itaocarenses históricos

Nova Voz ONLINE - Um dos objetivos do nosso Blog é deixar registrado para posteridade os nomes das pessoas da nossa Itaocara. Pode nos falar de mais pessoas que conheceu e destacaria?

Dilsinho - Vão anotando então: lembro-me bem do seu Antenor Machado de Oliveira e da Dona Maria; do seu Otílio Pontes e dona Zulmira; dos meus Tios Avôs Gabriel (esse um Gentleman) e o José Vieira, Juiz de Paz, galista, negociante de Bois e nosso protetor. Convivi pouco, mas me lembro bem do meu Tio Osvaldo e meu avô Benedicto Vieira.

O assovio do Sr. Altevo Dias de Almeida

Nova Voz ONLINE - Mais alguém?

Dilsinho - De propósito, deixei por último o Seu Alvevo Dias de Almeida e Dona Elza, nossos vizinhos de muro, como disse antes. Eu jogava bola no meio da Rua São José e também num campinho que tinha atrás de nossa casa, com os filhos dele, onde hoje é a parte nova da Igreja Batista.

Nova Voz ONLINE - Tem uma história de um assovio, não é isso? (Risos)

Dilsinho - Quando ficava tarde e era chegada a hora de parar, o seu Altevo chamava a sua tropa com um inconfundível assobio. Saia todo mundo correndo pra casa, os filhos dele e nós, os outros, também. Era muito engraçado aquela cena: a molecada toda correndo pra casa. O assovio do Seu Altevo é uma saudosa memória da nossa infância e adolescência.

Nosso povo, nossa gente

Nova Voz ONLINE - E os artistas?

Dilsinho - Itaocara é berço de artistas. Ainda criança já era apaixonado por música. Dos ensaios da Banda Os Tímidos, composta originalmente por: Osvaldo Soares, Sinval Falante, Abelardinho Rimes e outros que me falharam a memória. GENIAIS.

Dilsinho e a esposa Adriana

Nova Voz ONLINE - Tinha algum evento especial?

Dilsinho - As festas da Casa Resende com Show de Calouros, no qual cheguei a concorrer, confesso que sem sucesso. E os clubes abriam todo dia, com música, ping-pong, baralho, os shows da meninada da Casa Nazareth e a nossa querida Sociedade Musical Patápio Silva, com outro personagem GIGANTESCO da nossa história, o incansável Dócio Rangel. Autoridades, vamos homenagear seu Ítalo e seu Dócio. Eles merecem.

Pessoas Especiais citadas por Dilsinho

Dr. Moacyr Bellot - Homem sério, seu jeito de olhar botava medo. Amigo do meu Avô e do Tio Zé Vieira. Constantemente ia em minha casa. Em respeito ao Dr. Bellot, corríamos para vestir a camisa. Não o recebíamos sem camisa.

Dona Emília Maia - Minha inesquecível primeira Professora. Me alfabetizou. Ser humano ímpar. Mulher fantástica. Foi minha amiga até o fim.

Uma participação brilhante de Dilsinho no FIMP

Nova Voz ONLINE - Mais outros nomes?

Dilsinho - Tive o prazer de ter como professora D. Josane, D. Helen Novaes, D. Maria do Carmo Lannes e depois delas, fui cursar o Ginasial, no Colégio João Brasil. Lá convivi com José Sabino Catete Silva, pessoal fantástica. Tive o enorme privilégio de ter sido aluno  de D. Noemi e Sebastião Teixeira, do Professor Willian Rimes, do professor Paulo César Rimes e das Professoras Dona Dirce Duarte, Neuzinha Dias, Moncleia. No Terceiro Ano fui para o Colégio Itaocara, lá conheci os Professores Nildo Nara, Henner Nara, Monsenhor Saraiva, Pastor Iran, Adalci Ferraz que depois trabalhamos juntos no Banerj.

Nova Voz ONLINE - Para concluir o que diria, nos 132 anos de Itaocara?

Dilsinho - MUITO OBRIGADO. É o que eu diria. Nascer, ser criado, ter amigos, viver nessa Aldeia da Pedra é um presente que Deus dá a pouquíssimos. Então, a nova geração, eu diria que mesmo se for partir para ver o Mundo, guarde no coração essa terra. Guarde o nosso rio Paraíba, as nossas praças, a nossa música e a nossa história. Não há patrimônio maior do que Itaocara, na vida da gente. FELIZ ANIVERSÁRIO.



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