A Nova Voz ONLINE envia condolências ao itaocarense André Nassif, pela perda de sua Mãe em virtude do Covid -19 (abaixo texto do Dr. André Nassif)

Perdi minha mãe para a Covid-19. Sentimos os primeiros sintomas no mesmo dia (madrugada do dia 13 de maio), com tosse seca intermitente e febre. O alerta acendeu para mim três dias depois: perdi o paladar. Dali em diante, não me aproximei mais de minha mãe (que, curiosamente, em nenhum momento perdeu o paladar), mas era tarde.

Na segunda(18), nosso médico me instou a sair e fazer uma tomografia do pulmão, para dar início ao tratamento. Mas instou que minha irmã levasse minha mãe a um hospital, por conta de sua idade avançada (89 anos). Infelizmente, minha mãe não aguentou, porque o vírus causou uma miocardite (inflamação no coração), e desencarnou hoje. Meus queridos não morrem: vão para outra dimensão onde Deus lhes reserve merecimento.

Dr. William A. Ribeiro, nosso médico particular há décadas, advertiu-me de que o maior risco de agravamento é entre o quinto e o décimo dia desde os primeiros sintomas. Desde o início, a doença ainda não me deu trégua: continuo esperando. Não tenho força para sair da cama. E, hoje, completaram-se os fatídicos 10 dias. Hora de comer é como se fosse o momento de ir pra forca. 

O Laboratório Richet veio colher meu material para o teste PCR (mais confiável) no dia 19. Recebi o resultado positivo ontem. O médico diz que, de agora para frente, as coisas vão começar a melhorar. Só acredito vendo e sentindo. Não desejo essa doença para ninguém, mesmo aqueles que acreditam que podem se curar e ficar imunizados. Ficar nocauteado por mais de 10 dias é o preço que ninguém merece pagar para ver.

Que me restem forças para chorar a perda da minha mãe. Que será cremada amanhã (como sempre quis para ela e para mim) no Crematório do Caju, cuja cremação será precedida de uma breve oração religiosa.