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sábado, 3 de abril de 2021

Valéria Faria Leão: UM POUCO DE MUITOS DE NÓS

Olá Caros Conterrâneos, Amigos e Leitores

DOMINGO DE PÁSCOA. Momento de renascimento e reflexão. Que as promessas do Cristo Salvador que viveu, morreu e ressuscitou por nós, renovem em nossos corações a Fé em tempos melhores.

Com minha Mãe Nely e irmãos Ataíde Jr. e Viviane

Compartilho hoje, com vocês, um texto que reflete um pouco da história de muitos que, como eu,  saíram de sua terra natal. Mas que... Quando a saudade aperta, a rodovia  traz de volta às origens.

INSTAGRAM: valeria.adv.leao

UM POUCO DE MUITOS DE NÓS

(Os Afetos Que nos Afetam, p.31)

A estrada era poeirenta.

O chão de terra batida

O ar era seco e o sol forte.

Calor dos trópicos.

O som do silêncio.

Logo ali, correndo em paralelo, a rodovia.

O asfalto escuro da pista tornando o ar ainda mais quente.

O barulho dos automóveis cortando, vez por outra, o silêncio.

A estrada vicinal levava à sede da propriedade e nela terminava.

Leve com você só o que for bom

A antiga amendoeira, no centro do pátio, oferecia a sombra para aliviar um pouco a quentura dos dias de verão.

O estábulo,  os animais, o açude,  o valão com seus peixinhos, o embarcadouro e a balança para pesar o gado. O canto do galo. O sutil balé das folhas das árvores, ao sabor do vento.

O suor escorrendo pelo rosto dos trabalhadores rurais.

O chapéu de palha. O cheiro da fruta da época misturado à poeira. As noites de um céu cheio de estrelas.

Lembranças. Imagens guardadas na memória do coração. Família. Infância.

Domingos com sabor de manga, goiaba, pinha, abacate, laranja, mamão, jamelão, caldo de cana. Galinha caipira na panela de ferro. Fogão à lenha.

Pé de moleque, doce de abóbora, de mamão verde, de figo; banana em calda, café adoçado com rapadura, broa de fubá. Comida de vó. Assim eram aqueles dias.

A rodovia, ao contrário, levava para lugares distantes, estradas sem fim.

Cidades. Luzes. Ar poluído. Buzinas.

Barulho de gente, de máquinas, de carros e caminhões no ir e vir incessante.

Cheiro de borracha queimada. Aromas, nem sempre agradáveis. Infinitas eram as possibilidades. Um mundo desconhecido. Diversidade em toda a plenitude da palavra.

Em algum momento da vida, por curiosidade ou necessidade, muitos de nós deixamos para trás a segurança da velha estrada da infância e seguimos pela rodovia em direção ao futuro.

Traçamos novos planos ou somos levados, por força das circunstâncias, a seguir um novo roteiro.

Emoções: emoção de chegar e emoção de voltar para casa. Venho, cheia de expectativas. Volto ao lar, cheia de saudades

Deixar o aconchego dos afetos garantidos e recomeçar em uma nova realidade não é tarefa indolor. Há que se ter espírito forte.

A cidade grande, apesar das suas mazelas, tem seus encantos. São inúmeras as oportunidades. Se não há a calmaria e o encanto da vida no campo, o frenesi que ocupa as horas dos dias, podem trazer gratificações de outras naturezas. Estradas. Caminhos. Jornadas.

Sem o canto dos pássaros. Sem a fruta no pé. Sem o cheiro de mato. Longe do colo de mãe. Distante da segurança da presença paterna.

A cada novo dia a renovação do compromisso de fazer o melhor, de ser melhor, de fazer ter valido a pena. Quando a saudade aperta, a rodovia,  o asfalto e a velha estrada de terra.

Fiquem bem. Cuidem-se. Cuidem dos seus Afetos.

Até a próxima.

Presenteando meu amigo Ronald Thompson, Editor da Nova Voz ONLINE, com minha nova obra, OS AFETOS QUE NOS AFETAM, que você também já pode adquirir

NOTA DA AUTORA: Passei os últimos dias em Itaocara. Infelizmente, não estive com familiares e amigos muito queridos. Com a Graça de Deus, todos os abraços e encontros que foram adiados no último ano, acontecerão em breve.

#vacinasim  #vacinassalvamvidas #vacinaparatodos


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