Carlinhos Ferraz: A Importância da Fraternidade, do Amor e do Respeito, no momento da Pandemia

O brasileiro parece forjado para a crise. Difícil pensar em momentos históricos, durante meu tempo de vida, que não enfrentássemos alguma crise. Crises políticas. Especialmente crises econômicas.

Raros os tempos de prosperidade. E quando eles houveram, logo após, a crise veio forte e tirou, praticamente, todos os ganhos que a prosperidade havia nos legado. E agora? Nem preciso escrever, não é mesmo? Faz quanto tempo que não sobra salário no seu mês? Ou no seu rendimento?

Óbvio que desde o ano passado, as coisas pioraram, com a pandemia do coronavírus. Mas, mesmo antes, há praticamente dez anos (com muita boa vontade) andamos de lado. Desde 2020 paramos. Em 2021 engatamos a marcha ré.

E de quem é a culpa? Essa é uma pergunta que tem menor importância. Pense bem: se for do Bolsonaro, do Lula, do PSDB, dos militares, enfim … E daí? Eu não sou candidato nas eleições do próximo ano. Sou um cidadão brasileiro, cansado de ver dedos apontados, uns para os outros. O que gostaria é de notar que há algo, além da mediocridade.

A FALTA DE EDUCAÇÃO

Essa história de ideologia de direita e esquerda só serve para encobrir erros históricos. Nunca, não importa quem governasse o país, tivemos uma política educacional voltada a criar uma geração de brasileiros com sólida formação escolar e acadêmica. Pelo contrário. Ter um diploma de nível superior, continua bem distante da maioria.

A campanha da fraternidade de 2020 destacava a vida e a fraternidade, inspirada na Santa Dulce dos Pobres

Ao mesmo tempo, ter um diploma de nível superior, não garante vaga no mercado de trabalho. Vejo o esforço de muita gente em estudar. Mas, ao mesmo tempo, a política educacional ainda é discutida com base em paradigmas ultrapassados.

A educação deveria (ou deve) ser vetor de criação de cidadãos éticos. Que falem num tom de voz baixo. Se expressem com amabilidade, preocupados em ser honesto, porém, nunca ignorantes. Quantas pessoas conhece, são assim?

Neste ponto, na estupidez, parece que pouco importa o grau de escolaridade. Há muita gente com pouca escolaridade, que nos cativa pela humildade ao se expressar. Ao contrário, muita gente com título acadêmico, que só não devemos chamar de burros, para não ofender os pobres animais.

Fico pensando: do que adianta ter um alto grau de escolaridade, ou ser alguém que gosta de se afirmar, como religioso; e no entanto, achar que tem sempre razão, tratando quem divergir, com estupidez e grosseria?

Num pronunciamento do ano de 2020, o Papa Francisco ensinou:

- hoje, é necessário unir esforços para alcançar uma aliança educacional ampla a fim de formar pessoas maduras, capazes de reconstruir o tecido relacional e criar uma humanidade mais fraterna.

Eu sou católico. Mas quantos de nós, católicos, buscamos tratar aos nossos semelhantes com humanidade fraterna?

Eu sei que somos humanos. Falíveis. E eu mesmo, posso ser estúpido e ignorante. Mas dou aos leitores minha palavra de honra, que todos os dias, busco ser o mais gentil e generoso que posso.

Me esforço, inclusive, para compreender meus semelhantes que estão infelizes e por isto são um poço de estupidez. Mas, ao mesmo tempo, me policio para não me tornar o hipócrita que só nota o erro do outro, esquecendo dos próprios.

Agora, estamos todos juntos, enfrentando o oceano de sofrimentos, das pessoas que adoecem, dos irmãos e irmãs que morrem ou que estão enfrentando tempos difíceis, de uma forma ou outra. Vamos, pelo menos, fazer o que pudermos, para ajudar aos semelhantes. Não seja derrotado pelo sentimento de ódio. O ódio não é divino. Sabemos disto, não é mesmo?

Concluindo, quero novamente citar o Papa Francisco. Mostrar o quanto ele acredita em nós:

- A realidade pode mudar, se  o homem mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem com o mal e sim vencê-lo.

Vamos ser o melhor que pudermos ser. Nos amar uns aos outros. Cuidar com nosso abraço, dos irmãos e irmãs, que tanto precisam de amor e compreensão.