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quinta-feira, 1 de abril de 2021

Leia Novamente: Fabrizio Barcellos Piccinini - Uma História de Música, Rádio e Amor por Itaocara

Uma trajetória fantástica pela música. A história de Fabrízio Barcellos Piccinini, que com determinação e força de vontade, superou diversos desafios, para hoje ter em sua memória, ricas lembranças de uma vida levando alegria ao povo da nossa terra.

Fabrizio, a esposa Priscila e os filhos Thomaz e Maria Fernanda

Nova Voz ONLINE – Quais são suas primeiras lembranças, com a música?

Fabrizio Barcellos Piccinini - A música é presente em minha vida desde muito menino. Eu, acompanhado dos meus pais, via as inúmeras apresentações da Banda Patápio Silva. Meu pai muito me inspirou e me incentivou na música. Essa referência vem dele, pois ele era músico dos antigos bailes de carnaval. Eu cresci ouvindo as marchinhas os sambas e as músicas da época.

Nova Voz ONLINE - A música foi fazendo parte do seu dia a dia.

Fabrizio Barcellos Piccinini – Exatamente. Outra lembrança, já com 15 para os 16 anos, foram os festivais de música (FIMP), que eram realizados em Itaocara. Tive o prazer de participar deste evento.

Nova Voz ONLINE – Como era essa expectativa?

Fabrizio Barcellos Piccinini – O município parava. A região inteira, vinha pra Itaocara. Esse evento proporcionava muitas alegrias. Por isto, esperávamos com ansiedade a sua realização. Parece exagero, mas passávamos o ano inteiro à espera do FIMP.

Com Thomaz e o filho do primeiro casamento, Paulo Aragão

Nova Voz ONLINE – Que sensacional!

Fabrizio Barcellos Piccinini – Era um movimento cultural idealizado e apresentado com maestria, pelo saudoso Professor Willian Rimes, juntamente com toda equipe. O FIMP fazia a cultura efervescer em nossa cidade. Com isto, trazia divisas, movimentando o comercio local, como bares, hotéis, restaurantes e pousadas. Fomentava a economia local. O FIMP é das maiores lembranças e saudades que tenho na vida. Preciso ressaltar que o Klebinho e o Dr. Marciano, recentemente, buscaram reviver o FIMP, com o Itafest. Espero que na hora que a pandemia passar, possamos realizar o FIMP ou Itafest novamente.

O FIMP: Prof. William Rimes, Lutero, Klebinho e Clifford

Nova Voz ONLINE – Quando e como a música tornou-se profissional em sua vida?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Dos 17 para os 18 anos, a coisa foi ficando mais séria. Fui convidado pelo guitarrista da banda Transito Livre, que era quem comandava a parte musical e fazia o recrutamento dos músicos. Klebinho era quem montava toda estrutura do som da banda. Ele é um grande músico. Então, não pensei duas vezes: aceitei de cara o desafio. Era minha oportunidade de me tornar um profissional no meio destas feras.

A História de Grandes 

Bandas da Região

Nova Voz ONLINE – Você participou de algumas bandas históricas. Daquelas que ninguém esquece. Queria que nos contasse sua história, em algumas delas. VAMOS LÁ:

A – TRANSITO LIVRE - Foi meu primeiro trabalho como profissional da música. Depois desta escola, onde me tornei mais confiante como profissional, tive passagens por outras bandas como: América Show, Pedro Garcia, Reza Forte e Arsenal entre outras bandas. A banda Transito Livre foi um convite do meu amigo, padrinho e professor Klebinho. E também a convite do saudoso Olair Miranda, que era um apaixonado por Itaocara, também pela música e cultura da nossa querida Aldeia da Pedra.

B – FORROMELEXO - Foi um ciclo se fechando e outro abrindo. Digo isso, pois formamos a banda e ficamos no comando. Eram 4 cabeças a frente deste trabalho. Por sinal, Thompson, você foi o primeiro a nos apresentar. Lembro-me bem (risos). No distrito de Conceição. Era uma Festa de Nossa Senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro. Não lembro o ano. Mas acho que era entre 1999 a 2000. Foi a nossa primeira apresentação da Banda Forromelexo. Isto no governo do saudoso Dr. Robério. Essas lembranças emocionam.

C – BANDA DO PEDRO GARCIA – Com o Pedro Garcia, foram longos 10 anos na estrada. Um grande aprendizado. Era engraçado, pois o publico achava estranho, já que eu tinha pinta de roqueiro, com meus cabelos longos (risos). E tocando numa Banda de Forró. A Banda do Pedro Garcia sempre foi e é um grande sucesso, na história da música na região. Atuam até hoje. São mais de 30 anos no mercado do entretenimento. Só isto já exige MUITO RESPEITO.

A Banda do Pedro Garcia: mais de 30 anos de história 

A Dura Rotina do Músico

Nova Voz ONLINE – O Klebinho Batista, certa vez, numa entrevista, contou quão dura é a vida de músico. Que as pessoas pensam que é só chegar, subir no palco e se apresentar. Não sabem que este momento é só o final. Têm ensaios, viagens, dias especiais do ano, como aniversários, carnaval, final de ano, e etc., longe da família. É isto mesmo?

Fabrizio Barcellos Piccinini – A vida do músico, o de qualquer outro profissional que ama sua profissão, exige muita dedicação. Concorda? No caso do musico, quando ele projeta um trabalho, que vai pra estrada, seja com uma grande ou pequena produção, o trabalho é árduo. Na maioria das datas especiais, o musico está ali, pra fazer a festa e alegria de todos. Certamente a família sofre, pois fica distante geograficamente e também no tempo.

Nova Voz ONLINE – É sempre assim?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Especialmente quando se está começando um trabalho de pequeno porte, o musico precisa jogar nas 11 posições. Contudo, isso passa a ser a faculdade e pós-graduação do musico. Exatamente como disse o Klebinho. Eu acompanhava à montagem do som e dos preparativos dos shows. Nós éramos os primeiros a chegar e os últimos a sair do palco. MUITO TRABALHO. E dedicação. Além do amor a profissão. Esse pacote tem que estar presente, se não as coisas não andam.

Fabrizio nos tempos da banda Arsenal

Nova Voz ONLINE – É verdade que lá no início, ledo engano, na época do Transito Livre, vocês tinham que montar o som, passar o som, só depois iam trocar de roupa e voltavam para tocar?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Sim!!! Dureza pura. Perguntem ao Klebinho. E conto mais. Por várias vezes, não conseguíamos se quer tomar um banho ou jantar, pois o tempo era corrido. Fora as adversidades, que todo trabalho tem, na rotina profissional.

Nova Voz ONLINE – Pauleira, como se dizia antigamente?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Exatamente. E isso acontecia muito, pois o número de shows e compromissos, durante a semana, era intenso. Apresentávamos em cidades diferentes e com grandes distancias. E aí a logística ficava comprometida. Mas nada atrapalhava nossa performance. Éramos jovens. Cheios de vigor. Subíamos no palco e o público vibrava. Era uma troca de energia que fazia nossa adrenalina ir a MIL. Então todo esforço, era compensado. ‘Belos tempos, belos dias’, como diz uma canção do Roberto Carlos.

Uma Divertida História

Nova Voz ONLINE – Tem alguma história, que possa contar aos leitores, seja engraçada ou mesmo assustadora, destes tempos de estrada?

Fabrizio Barcellos Piccinini – As histórias são muitas. Tanto assustadoras, quanto as engraçadas (risos). Vou contar uma que aconteceu com a Banda Transito Livre. Lembro-me bem. Em Lima Duarte, Estado das Minas Gerias.

Nova Voz ONLINE – Noutro Estado então?

Fabrizio Barcellos Piccinini – A Transito Livre era uma banda que cruzava todas as fronteiras. Só quem é daquela época, sabe o quanto sucesso fizemos.

Nova Voz ONLINE - Mas e ai?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Em nossas apresentações, tínhamos momentos em que interagíamos com a plateia. E uma moça, muito emocionada, pegou o microfone e olhando pra mim disse: “posso pegar no seu bumbum?”. Pronto! A galera no baile ficou enlouquecida!! Nesta época, da década de 80, isso não era comum. Lógico que levamos na brincadeira, na zoação. E é claro, o pessoal da banda me zoou o mês inteiro (risos). É possível escrever um livro, só contado histórias. Eu digo pra todos, especialmente aos jovens músicos: são essas histórias, o que fica de melhor, nas nossas carreiras.

Música e Cultura em Itaocara

Nova Voz ONLINE – Itaocara é terra de músicos fabulosos. Silvinho Falante, Osvaldo, Fabrizio, Klebinho, Pedro Garcia, e agora tem uma geração nova, com Herick Almeida, Laura Lima. E tantos outros. Somos terra do Patápio Silva. Passou da hora de termos uma Escola de Música?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Mais do que passou da hora. Sou um defensor da cultura e da arte. Sou grande incentivador desta nova geração. Isso é de uma importância gigantesca. Enriqueceria a todos, culturalmente.

O amor de Fabrízio: a esposa Priscila

Nova Voz ONLINE – Música faz bem ao coração, não é?

Fabrizio Barcellos Piccinini – A cultura faz bem. É saúde mental. Acho importante que as pessoas tenham acessos a todo tipo de arte. Cinemas, Museus, Teatros, Danças, Músicas, Geek, Cultura Pop ou Erudita. Itaocara tem vocação pra isso. Temos poetas, escritores. Sei que este momento não é propício, devido ao coronavírus. Mas se pudesse dar uma sugestão para o bem da cidade, seria investir pesado na cultura. Nós podemos ser a cidade da Cultura do interior do RJ. Mais do que outras são hoje, como Paraty e Conservatória. Agora é preciso acreditar. Principalmente, preciso união e trabalho, para isto acontecer.

Nova Voz ONLINE – O Brasil parece ter dificuldade de compreender o valor da cultura, não é mesmo?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Falta acesso à cultura e arte em nosso país. Isso ainda é caro, para boa parcela da população. Importante é que encontremos alguma forma de superar nossas deficiências. Saber que identificação queremos. Saber o que vai gerar valores e dar sentido a nossa vida.

No Itafest, com amigo Thompson, Editor da Nova Voz ONLINE

Nova Voz Online – E é preciso agir já, não é?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Não podemos ficar de braços cruzados, esperando alguma coisa acontecer. Seja do governo ou outras entidades, nós devemos arregaçar as mangas e fazer por nossa comunidade. Seguir em frente. Nos propor a ajudar no que for preciso. A escola de música Patápio Silva sempre existiu. Nunca deixou de existir. Simplesmente está abandonada. Não é prioridade do poder público, que melancolicamente, fechou seus olhos para escola de música. De novo: eu sei que este momento é cruel com todos. A pandemia nos limita. Todavia, pelo menos começar a articular agora, para fazer depois, nós podemos.

Nova Voz ONLINE – Você defende o ensino de música na escola?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Sem sombra de dúvidas, defendo! Sei da importância da música na vida das pessoas. As melhores redes privadas de ensino do país, ao longo dos anos, trabalham com a música, por saber o papel que essa tem, na criação de seres humanos melhores.

Nova Voz ONLINE – E isto oficialmente? Por lei?

Fabrizio Barcellos Piccinini – A música deve fazer parte da grade curricular mínima, pois seus valores são benéficos no desenvolvimento das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Se não me engano, há mais de dez anos, uma lei tornou obrigatória música na rede pública de ensino. Contudo, não aconteceu. Não passou de utopia.

Nova Voz ONLINE – Deveria ser uma política nacional?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Certamente. É lamentável que o poder público vire as costas para um tema de grande importância. Imagine, num país de mais de 200 Milhões de habitantes, e tanta desigualdade social, se as crianças pudessem ficar íntimas dos instrumentos musicais, quanto ficam dos telefones modernos, que riqueza cultural seria para todo o mundo. Seria enriquecedor para a humanidade.

A Vida Atual

Nova Voz ONLINE – Seus filhos têm algum com jeito para a música?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Sim, sim. O Thomaz e a Maria Fernanda recebem todo meu incentivo. Não só para música, mas para todas as artes. E eles têm interesse. Meu velho pai dizia: “a maçã, não cai longe da macieira”. Tem todo meu apoio.

Mega Sucesso na Rádio 89 FM

Nova Voz ONLINE – Você é apresentador da Rádio EMBALO FM. Líder de audiência.

Fabrizio Barcellos Piccinini – Como minha vida foi sempre musical, foi que nem goiabada com queijo: casamento perfeito. Profissão de radialista, que muito me orgulho, pois sei dá importância da comunicação em nossa sociedade.

Nova Voz ONLINE - Pode contar um pouco dessa história?

Fabrizio Barcellos Piccinini – Quando comecei a trabalhar na Rádio Embalo, era muito jovem. As tecnologias da época eram as cartucheiras, que na verdade são fitas K7; e também os bulachões (discos de vinil) que colocávamos na vitrola. E ai deu um salto: vieram os CDs. Revolucionou o rádio. Quem está lendo, deve estar pensando: SUJEITO VELHO ESSE (risos).

Nova Voz ONLINE – Velho nada. Só vivido (risos).

Fabrizio Barcellos Piccinini – A tecnologia no nosso campo de trabalho é tão rápida, que os CDS não duraram muito. Vieram então os MD’s. Tipo de disco ótico de armazenamento de dados. E ai outra revolução. De repente os computadores, com seus softwares e programas avançados, facilitaram ainda mais a nossas vidas. E nunca vai parar. Estamos passando por estas evoluções todos os dias. Com isto, vamos aprendendo. Tornando-nos melhores a cada transformação.

Nova Voz ONLINE – Fique à vontade para considerações finais.

Fabrizio Barcellos Piccinini – Só tenho a agradecer a Nova Voz ONLINE pela oportunidade de contar um pouco da vida do musico. Sei que muitos músicos vão se identificar com este relato. Quero deixar a minha admiração pelo trabalho do Thompson, que aos longos destes anos contribui muito com a nossa sociedade, registrando momentos muito importantes da História. Ele e a Cristiane. Lembro da sua mãe, Thompson, vendendo anúncio do jornal. Família fantástica vocês.

Nova Voz ONLINE – Obrigado amigo!

Fabrizio Barcellos Piccinini – Dizer que também sou um apaixonado por Itaocara, a nossa Princesinha do Paraíba. Estudei, edifiquei meu trabalho, minha família e tenho muito orgulho de ser Itaocarense. Convivo com tantos amigos. Morar em Itaocara é um presente de Deus. Obrigado a todos.


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