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quarta-feira, 18 de março de 2020

Ana Luíza Policani Freitas fala do Coronavírus em Berlim no dia em que se confirma 9.942 casos na Alemanha

Há duas semanas a Alemanha estava com poucos casos de Coronavírus limitados a apenas algumas regiões (Frankfurt, Köln…). Berlim tinha apenas 23. O número dobrou em Berlim a partir de um evento público num Clube, com pessoas que tiveram contato com turistas que voltaram da Itália, do Carnaval de Köln e da região de Tirol.
Quase dez mil casos de coronavírus na Alemanha
Em uma semana, o número de infectados cresceu mais ainda. Ao meu ver, o governo até demorou um pouco para tomar medidas, em comparação, por exemplo, ao governo Tcheco, que fechou todas as fronteiras, quando contabilizou seis casos em todo o país.

Mesmo assim já faltava álcool em gel e produtos de limpeza. Algumas pessoas já começaram a estocar alimentos básicos e outros produtos de limpeza. Culturalmente, o alemão tem medo de gripe. Gripou, nem querem ver você num escritório. Dizem: "fique em casa e mande o atestado via e-mail". Isto, caso os sintomas ultrapassem três dias, conforme reza a legislação trabalhista por aqui. Até então, somente propagandas informando sobre medidas de prevenção, além da Hotline com informações de Hospitais capacitados, que foram disponibilizados.

No início da semana os casos aumentaram, chegando a quase 1.600. Os eventos públicos então foram cancelados, inclusive o Carnaval das Culturas, que aconteceria em maio.

Nesta sexta-feira, dia 13/03 (quando escrevo este artigo), a medida oficial mais severa foi tomada pelo Governo Federal: a partir do dia 16/03 serão fechadas as escolas, universidades e creches (Kitas) até o fim das férias de Páscoa (Osterfest). Ou seja, até o dia 19 de Abril. Nesta medida, também foi proibido o funcionamento, museus, cinemas, teatros, feiras, bares, clubes, igrejas, academias e demais atividades abertas ao público, já disponibilizadas no site do governo ao acesso de todos os cidadãos (https://www.bundesregierung.de/breg-de/aktuelles/vereinbarung-zwischen-der-bundesregierung-und-den-regierungschefinnen-und-regierungschefs-der-bundeslaender-angesichts-der-corona-epidemie-in-deutschland-1730934).

As lojas e shoppings estão praticamente fechados. Os escritórios deram preferência ao trabalho Home-Office. Restaurantes só podem funcionar das 6 horas até as 18 horas.

Desde tal medida, houve uma corrida aos supermercados e drogarias berlinenses (funcionando normalmente), que atualmente estão de prateleiras vazias. Os comerciantes, por sua vez, admiravelmente, não tiveram o mau-caratismo de aumentar os preços dos produtos. Pelo contrário, mantiveram os preços e estão fazendo promoções, inclusive com os produtos em reposição. Além disso, muitos mercados disponibilizaram o serviço de entregas sem cobrança de taxas e com os mesmos preços das lojas físicas. A procura é tão grande, que o agendamento das entregas está esgotado.
O medo fez itens sumirem das prateleiras dos mercados
Na mesma sexta-feira, Merkel (Chanceler alemã) e Frank-Walter Steinmeier (presidente da Alemanha) fizeram a Pressekonferenz (conferência de imprensa) em rede nacional, pedindo ao povo: “Fiquem em casa!”. Além de reforçarem a facilidade do contágio, a letalidade do vírus em alguns grupos e a importância de cada um de nós (alemães e estrangeiros) fazermos a nossa parte. Ontem, o prefeito de Berlim, Michael Müller, fez o mesmo. Assim como as demais autoridades no país.

Vemos poucas pessoas nas ruas e nos transportes públicos. As fronteiras foram fechadas e outras com controle rigoroso (quem entra quem sai e com medição de febre). Algumas pessoas moram na Alemanha e trabalham em outro país. O povo realmente está consciente sobre a gravidade da situação.

Preocupação com o Brasil

Infelizmente não é o que está acontecendo no Brasil (pelo menos é a minha percepção). O pessoal não tem ideia do que está acontecendo e do que pode acontecer. Irresponsabilidade de quem devia dar o exemplo e do povo que não está levando o decreto de do Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a sério.
Ana e o marido Vanderson aderiram a campanha FICA EM CASA
Importante os cariocas observarem que não se trata de férias, mas de algo que coloca a vida das pessoas em jogo. Ouvi críticas sobre sua medida (do Governador Witzel), mas, infelizmente, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, nem mesmo o Governo Federal, tem estrutura para encarar o que, por exemplo, aconteceu na China e na Itália (principalmente). Se o Coronavírus sair do controle, iremos viver um drama, com milhares de mortes. Não estou exagerando. Na Itália, noticias dão conta que os enterros e cremações acontecem dia e noite, sem parar. Precisamos ter responsabilidade. Fazer a nossa parte para algo assim não acontecer conosco, com nossos familiares e amigos, no Brasil.

O povo brasileiro tem tudo para fazer a diferença. Muito importante nesta hora, pensarmos no coletivo. Agirmos com responsabilidade e deixarmos o egoísmo de lado. Agora, não é questão de posicionamento político, de esquerda ou direita. É de consciência, é de solidariedade, de saúde e prevenção.

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2 comentários:

  1. Ana Luiza li teu artigo excelente!!!
    Estamos aqui no Brasil em Florianópolis em quarentena! Bj da Mariângela Cavallazzi

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada Dr. Mariangela! Também estamos de quarentena. A Região da Bavaria começou o lockdown hoje... não demora muito o país inteiro entra também. Os números estão crescendo bastante. É preocupante!

      Excluir

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