Há duas semanas
a Alemanha estava com poucos casos de Coronavírus limitados a apenas algumas
regiões (Frankfurt, Köln…). Berlim tinha apenas 23. O número dobrou em Berlim a
partir de um evento público num Clube, com pessoas que tiveram contato com
turistas que voltaram da Itália, do Carnaval de Köln e da região de Tirol.
Quase dez mil casos de coronavírus na Alemanha |
Em uma semana, o número de infectados
cresceu mais ainda. Ao meu ver, o
governo até demorou um pouco para tomar medidas, em comparação, por exemplo, ao governo Tcheco, que fechou todas as fronteiras, quando contabilizou seis casos
em todo o país.
Mesmo assim já faltava álcool em gel e
produtos de limpeza. Algumas pessoas já começaram a estocar alimentos básicos e
outros produtos de limpeza. Culturalmente, o alemão tem medo de gripe. Gripou,
nem querem ver você num escritório. Dizem: "fique em casa e mande o atestado via e-mail". Isto, caso os sintomas ultrapassem três dias, conforme reza a legislação trabalhista
por aqui. Até então, somente propagandas informando sobre medidas de prevenção, além da Hotline com informações de Hospitais capacitados, que foram disponibilizados.
No início da semana os casos
aumentaram, chegando a quase 1.600. Os eventos públicos então foram cancelados,
inclusive o Carnaval das Culturas,
que aconteceria em maio.
Nesta sexta-feira, dia 13/03 (quando
escrevo este artigo), a medida oficial mais severa foi tomada pelo Governo Federal:
a partir do dia 16/03 serão fechadas as escolas, universidades e creches
(Kitas) até o fim das férias de Páscoa (Osterfest). Ou seja, até o dia 19 de
Abril. Nesta medida, também foi proibido o funcionamento, museus, cinemas,
teatros, feiras, bares, clubes, igrejas, academias e demais atividades abertas
ao público, já disponibilizadas no site do governo ao acesso de todos os
cidadãos (https://www.bundesregierung.de/breg-de/aktuelles/vereinbarung-zwischen-der-bundesregierung-und-den-regierungschefinnen-und-regierungschefs-der-bundeslaender-angesichts-der-corona-epidemie-in-deutschland-1730934).
As lojas e shoppings estão
praticamente fechados. Os escritórios deram preferência ao trabalho
Home-Office. Restaurantes só podem funcionar das 6 horas até as 18 horas.
Desde tal medida, houve uma corrida
aos supermercados e drogarias berlinenses (funcionando normalmente), que
atualmente estão de prateleiras vazias. Os comerciantes, por sua vez,
admiravelmente, não tiveram o mau-caratismo de aumentar os preços dos produtos.
Pelo contrário, mantiveram os preços e estão fazendo promoções, inclusive com
os produtos em reposição. Além disso, muitos mercados disponibilizaram o
serviço de entregas sem cobrança de taxas e com os mesmos preços das lojas
físicas. A procura é tão grande, que o agendamento das entregas está esgotado.
O medo fez itens sumirem das prateleiras dos mercados |
Na mesma sexta-feira, Merkel
(Chanceler alemã) e Frank-Walter
Steinmeier (presidente da Alemanha) fizeram a Pressekonferenz (conferência de
imprensa) em rede nacional, pedindo ao povo: “Fiquem em casa!”. Além de reforçarem
a facilidade do contágio, a letalidade do vírus em alguns grupos e a
importância de cada um de nós (alemães e estrangeiros) fazermos a nossa
parte. Ontem, o prefeito de Berlim, Michael Müller, fez o mesmo. Assim como as
demais autoridades no país.
Vemos poucas pessoas nas ruas e nos
transportes públicos. As fronteiras foram fechadas e outras com controle
rigoroso (quem entra quem sai e com medição de febre). Algumas pessoas moram na
Alemanha e trabalham em outro país. O povo realmente está consciente sobre a
gravidade da situação.
Preocupação com o Brasil
Infelizmente não é o que está
acontecendo no Brasil (pelo menos é a minha percepção). O pessoal não tem ideia
do que está acontecendo e do que pode acontecer. Irresponsabilidade de quem
devia dar o exemplo e do povo que não está levando o decreto de do Governador
do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a sério.
Ana e o marido Vanderson aderiram a campanha FICA EM CASA |
Importante os cariocas observarem que
não se trata de férias, mas de algo que coloca a vida das pessoas em jogo. Ouvi
críticas sobre sua medida (do Governador Witzel), mas, infelizmente, o Governo
do Estado do Rio de Janeiro, nem mesmo o Governo Federal, tem estrutura para
encarar o que, por exemplo, aconteceu na China e na Itália (principalmente). Se
o Coronavírus sair do controle, iremos viver um drama, com milhares de mortes.
Não estou exagerando. Na Itália, noticias dão conta que os enterros e cremações
acontecem dia e noite, sem parar. Precisamos ter responsabilidade. Fazer a
nossa parte para algo assim não acontecer conosco, com nossos familiares e
amigos, no Brasil.
O povo brasileiro tem tudo para fazer
a diferença. Muito importante nesta hora, pensarmos no coletivo. Agirmos com
responsabilidade e deixarmos o egoísmo de lado. Agora, não é questão de
posicionamento político, de esquerda ou direita. É de consciência, é de
solidariedade, de saúde e prevenção.
Ana Luiza li teu artigo excelente!!!
ResponderExcluirEstamos aqui no Brasil em Florianópolis em quarentena! Bj da Mariângela Cavallazzi
Muito obrigada Dr. Mariangela! Também estamos de quarentena. A Região da Bavaria começou o lockdown hoje... não demora muito o país inteiro entra também. Os números estão crescendo bastante. É preocupante!
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