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sexta-feira, 6 de março de 2020

Mulheres, qual o futuro que queremos? Texto Paula Mussumeci - Enfermeira, em Wiesbaden, Alemanha

Mulheres criam redes de apoio, se ajudam, criam laços, sonham e crescem juntas. São elas que através de palavras, atitudes e gestos impactam a vida de outras mulheres. E, como seria belo conectá-las através das palavras que escrevo, como seria singelo tocá-las e trazer à tona os mais nobres sentimentos do prazer da existência, da beleza de ser mulher.
Paula participando em Congresso defendendo a valorização da profissão de Enfermagem, na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos
Estamos nos aproximando do dia internacional da mulher, e fiquei pensando em como poderia homenagear as mulheres da minha vida. Lembrei de todas aquelas que me auxiliaram no processo para me tornar quem eu sou hoje. Imaginei ainda aquelas que estarão ao meu lado  na construção da mulher que serei no futuro. Mulheres que vivem no mesmo período histórico em que vivo e que não importa o lugar do mundo, acordam todos os dias, e assumem os seus papéis sociais.

Conscientes ou não, elas escolhem diariamente os papéis  que desejam desempenhar nas sociedades. Dotadas de uma sensibilidade natural, amam profundamente e se doam aos desejos de suas próprias vidas. Seres especiais que tornam esse mundo mais colorido e sensível. Ao mesmo tempo, criam, inventam, transformam, fazem realmente acontecer. Mostram ao longo dos séculos que podem unir a sua sensibilidade a força que traz resultados. Nos variados ambientes sociais são capazes de associar as peculiaridades femininas às suas habilidades e competências, trazendo a  cada dia  mais transformações nos ambientes que se apropriam.

Ao passar das gerações as mulheres vêm se diferenciando, e o meu desejo é que esse progresso continue afim de promover a  liberdade da mulher, considerando também que esta vale muito mais do que mil padrões já estabelecidos. Através das minhas experiências ao redor do mundo conheci mulheres incríveis, e o convívio com elas me fez  alcançar  um novo olhar sobre ser mulher.  Aprendi que a educação e a cultura podem tentar padronizar os comportamentos femininos, mas por meio do conhecimento e das vozes de outras mulheres é possível criar um ambiente de respeito à identidade, história, singularidade, desejos e escolhas.
Paula é Enfermeira em Wiesbaden, cidade alemã próxima a Frankfurt
Sempre tentei aprender ao máximo com todas as situações, e é assim que descubro a cada dia a mulher que quero ser, e o mais interessante, é saber que minha percepção irá mudar a medida que envelheço, a medida que o meu conhecimento se expande, a medida que as experiências de vida se acumulam. Esse caminho me instiga, me atrai e me fascina ao mesmo tempo.  

Poderia descrever muitas histórias que vivenciei morando nos EUA e na Alemanha, pois convivi não somente com  mulheres  americanas, bem como colombianas, brasileiras, alemãs, croatas, marroquinas, japonesas, sauditas, húngaras, espanholas, dentre outras. Conhecer a história e a perspectiva dessas mulheres me incitaram a um mergulho em suas realidades, e assim, pude compreender melhor seus sentimentos,  perspectivas, comportamentos, ideias e escolhas de vida.

As americanas me ensinaram sobre a ideia do  “faça você mesma” e me incentivaram a apostar em minhas próprias ideias. Sempre fui acostumada a ir ao salão  de beleza aos finais de semana no Brasil. Porém, na cidade onde morava nos Estados Unidos,  não encontrava profissionais que realmente gostasse.  As americanas me mostraram que eu podia ser a minha própria cabeleireira, e assim, eu aprendi a cuidar, cortar e fazer penteados americanos que nunca imaginaria que poderia fazer sozinha. Após postar fotos nas mídias sociais, amigas brasileiras me perguntavam qual era a cabeleireira que estava cuidando do meu cabelo, e ousei a dizer: Eu mesma! Este fato foi realmente muito engraçado e interessante ao mesmo, pois tentei algo novo e tive ótimos resultados.
Com a amiga Evelyn, que a incentivou ir para os EUA
Além do conceito de fazer por conta própria, as americanas me ensinaram que poderia ter minhas próprias ideias e colocá-las em prática. Não havia nenhum problema em tentar algo novo, afinal eu só poderia ter dois resultados: ou daria certo ou daria errado, e com certeza aprenderia algo com minhas ações. O mais importante então, seria ter minhas ideias em movimento e aprender com os resultados.

Por outro lado, aprendi também o valor e a importância da troca de conhecimentos.  A medida que ensinava espanhol para as americanas, elas me ajudavam a praticar o inglês. Assim, juntas, construíamos nosso próprio saber, agregávamos mais conhecimento e nos fortalecíamos para o nosso futuro profissional.
Paula com a amiga Roberta Magalhães, que a ajudou na adaptação na cidade de Boise, em Idaho, nos Estados Unidos da América
Refletindo sobre outro grupo de mulheres que convivi, as colombianas, me mostraram a capacidade e o espírito de  cooperação feminino. Nos Estados Unidos, certa vez, conheci  uma engenheira colombiana que estudava inglês para ampliar suas possibilidades de atuação no mercado de trabalho. Nós frequentávamos a mesma turma do curso de inglês, estreitamos nossos laços por afinidade pois tínhamos objetivos semelhantes, e assim,  nos ajudávamos, estudávamos juntas e praticávamos o inglês no intervalos das aulas.

Não posso esquecer de outra  estudante colombiana que tinha o sonho de cursar o mestrado nos Estados Unidos e estava a procura de um trabalho na Universidade para custear seus estudos. Nessa procura, ela encontrou uma vaga para assistente de pesquisa na qual a candidatada tinha que ter o domínio da língua portuguesa, ela me informou da vaga e foi assim que consegui uma oportunidade para atuar na área de pesquisa na universidade.
Ao lado da professora Sandra Chaves, no seu tempo de UFF 
Interessante pensar na existência dessas mulheres que se empenham em ajudar outras mulheres, não posso esquecer este fato que marcou a minha vida e me enriqueceu profissionalmente. Sou muito grata a todas essas mulheres maravilhosas que estão espalhadas por esse mundo afora. Poderia citar também outros inúmeros exemplos de mulheres brasileiras que fizeram a diferença na minha vida, e não seria necessário ir muito longe para perceber que as mulheres podem impactar positivamente a vida de uma das outras.

Por isso, no dia internacional da mulher, valorize a mulher que existe dentro de você e também aquelas que caminham ao seu lado. Valorize  aquelas que querem ver você brilhar cada dia mais longe e com mais força, permitindo que você desfrute do seu valor e propósito. E nunca esqueça de se comprometer com sua jornada, se possível, faça dela uma linda caminhada repleta de muitos sonhos, projetos e,  principalmente, de  muita paz, amor e felicidade.

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