O Dia
Internacional da Mulher comemorado no mês de março vem ganhando cada vez mais
ênfase com várias celebrações, debates acerca do tema e destaque para a grande
evolução e conquista do lugar da mulher na sociedade.
A psicóloga, Drª Manuela Goulart Duarte |
Muito se discute acerca do
empoderamento feminino, bem como da dívida social ainda existente, tanto na
área trabalhista em relação a cargos e salários, como também nas relações
afetivas no que diz respeito à violência velada ou explícita e o crescimento do
feminicídio.
A produção de estigmas relativos à
figura da mulher ainda são preponderantes na sociedade trazendo marcas pesadas
e dolorosas que muitas vezes são carregadas por toda a vida.
É inegável que a cada geração vem
ocorrendo mudanças que diferenciam significativamente o comportamento da mulher
de gerações passadas. A luta por seus direitos e pela igualdade de diversas
condições sociais vem ganhando voz e espaço cada vez maiores nos debates,
entretanto, a sua liberdade enquanto ser único, sujeito; sua opinião, seus
pensamentos, seus sonhos e projetos, seu desejo, a maioria das vezes, não
aparece nesses debates. Colocando-se, assim, em plano secundário o que é
essencial para plena realização da mulher enquanto ser humano.
Drª. Manuela é Graduada pela UFF |
A cultura de uma sociedade impõe
padrões de comportamentos, o que não é diferente com a mulher. Tais conquistas
vêm trazendo crescente possibilidade de papeis antes considerados improváveis,
agora de serem desempenhados. Com isso, a mulher vem acumulando uma carga
enorme decorrente de imposições sociais com exigência de perfeição: uma mãe
exemplar, uma excelente dona de casa, uma esposa dedicada, uma profissional
competente, dentre inúmeros outros no contexto familiar, social e profissional.
Obrigações infindáveis que
transformaram-se em uma pressão sem tamanho, com cobranças de diversas
naturezas e acúmulo de responsabilidades que inconscientemente a mulher vai
assumindo na busca desse lugar de independência e de visibilidade.
A capacidade inata da mulher de ser
sensível, criativa e versátil impulsiona para que esse acúmulo se transforme em
um mecanismo repetitivo e crescente. A sobrecarga significa não respeitar seu
limite pessoal e produz adoecimento físico e psíquico. A cobrança social
torna-se maior do que sua vontade enquanto sujeito. Anula-se enquanto pessoa
assumindo papeis sociais que lhe são impostos. Doam seu tempo e suas
habilidades no cumprimento de tais papeis e deixam de cuidar de si e de seus
reais desejos, muitas vezes, nem conhecidos.
No “mês da mulher” a reflexão proposta
é: Qual é a verdadeira liberdade da mulher? A aceitação do que traz dentro de
si como um ser único com uma história singular com marcas e propósitos,
habilidades e limitações, força e fragilidade que devem ser respeitadas antes e
acima de tudo por si mesma, sua liberdade interior. E a partir daí então, e
somente a partir daí a conquista em suas relações na sociedade para de fato ser
respeitada e valorizada com o que traz dentro de si e a diferencia de toda e qualquer
outra mulher.
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