Há muitos anos,
quando ainda era uma menina, fui convidada por um Jornalista de Itaocara a
fazer parte do corpo de articulistas de seu jornal. Ele me cobrava um texto por
semana, e mesmo que não fosse publicado eu deveria escrever, para que me
habituasse a desenvolver uma ideia. Os anos se passaram e vivi muito tempo
exclusivamente da minha escrita, lancei a Revista Cenário e ao montar o grupo
que faria parte da redação, o meu primeiro convite foi feito àquele que tanto
me incentivou e acreditou em mim, Ronald Thompson.
Antes desta Pandemia vir à tona, ele
novamente me fez um convite, que eu escrevesse um artigo sobre o Mês da Mulher,
para o Jornal Nova Voz (agora online). Não vou negar que na correria que vivo,
pensei logo que não daria tempo. Mas como recusar algo a alguém tão querido
assim? Disse que faria, porém que ele me cobrasse, pois meu horário, desde que
comecei na fotografia, se tornou realmente muito apertado, me dividindo entre
Itaocara, Pirapetinga e Campos.
Pois bem, não poderíamos imaginar que
dias depois nossa vida mudaria drasticamente e o que nos sobraria seria justamente
tempo.
No meio desta loucura de incertezas
que estamos vivendo mudarei um pouquinho o foco do assunto, mas não será para
falar sobre o Coronavírus, ou o numero de mortes. Vou contar para vocês algo
que vivi hoje.
Como acredito que a maioria saiba, já
tem um tempinho que trabalho com fotografia, em especial fotografia de família.
Registro os encontros, o carinho, o amor. Tento ao máximo captar o toque, o
olhar, o sorriso, a verdade de cada um que está diante da minha câmera. Sou
apaixonada pelo que faço, me traz um prazer que nunca havia sentido antes.
Mas, como tudo na vida tem um custo...
O meu, é a minha presença.
Hoje, enquanto as crianças brincavam eu
peguei a minha câmera e fui fotografa-los, como um documental para termos
registrado.
Quando passei as fotos para o
computador, eu chorei.
Talvez até esse momento, devido à
correria, o trabalho, as responsabilidades, eu não tivesse me dado conta do
quanto o tempo está passando rápido. Quando olhei as fotos dos meus meninos na
tela do computador, eu vi vestígios de uma infância indo embora... Mesmo ainda tendo
alguns brinquedos espalhados. Pensei que isso, daqui a pouco, não existirá
mais. Daqui a muito pouco tempo não irei mais ouvir o “Mãe, mãe, mãe” do Paulo
César a toda hora, não terei o Miguel me falando sobre assuntos que não entendo
e nem o Guga me chamando para ver as construções que ele faz.
Passamos a vida correndo, trabalhando
duro para oferecermos o melhor. Nos deslocamos de um lugar ao outro e infelizmente
procrastinamos o que realmente deveríamos dar as pessoas que amamos: o nosso
tempo. Estar presente hoje, não é uma questão de escolha. A situação que nos
está sendo imposta é muito triste e afeta todo o planeta, mas, por um momento,
aceitei isso como uma oportunidade. Uma oportunidade de reflexão sobre a minha
vida, atitudes e prioridades.
Hoje, meus amigos, não pedirei a vocês
que fiquem em casa, apenas por segurança, mas que de fato QUEIRAM FICAR EM CASA.
Façam do seu lar o melhor lugar que poderiam estar. Brinque com seus filhos, abandone
o celular. Cobre menos, seja mais. Isso, muitas vezes é tudo o que eles querem
e precisam de vocês... e de mim.
Nossos filhos são como passarinhos:
uma hora suas asas baterão para longe, seguirão seus próprios voos e não mais
caberá a nós a sua proteção ou escolhas. Mas, os ensinamentos e o amor que
deixamos em seus corações, fará com que nunca esqueçam o caminho para onde
voltar.
Pensem em minhas palavras.
Nas fotos os filhos de Paula Erthal, Guga, Miguel e Paulo Cesar.
Nas fotos os filhos de Paula Erthal, Guga, Miguel e Paulo Cesar.
0 comentários:
Postar um comentário